'Não sabemos o que a matou', diz mãe da atriz Millena Brandão | aRede
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'Não sabemos o que a matou', diz mãe da atriz Millena Brandão

Menina de 11 anos morreu após 9 dias com dores de cabeça, desmaio, paradas cardíacas e sintomas graves

Millena Brandão ao lado da irmã caçula e dos pais, Luiz e Thays
Millena Brandão ao lado da irmã caçula e dos pais, Luiz e Thays -

Publicado Por Milena Batista

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A atriz mirim Millena Brandão, de 11 anos, morreu na última sexta-feira (2) após passar mal e ser atendida em três unidades de saúde diferentes em São Paulo. A causa da morte ainda não foi determinada, e os pais da menina questionam a condução dos atendimentos médicos. O velório e o enterro serão neste domingo (4).

“Os médicos ainda não disseram o que realmente minha filha teve e o que a matou”, disse a mãe, Thays Brandão, em entrevista ao g1. “Ficou um ponto de interrogação”. Ela e o marido, Luiz Brandão, também são pais de uma menina de 2 anos.

Por meio de notas, as secretarias da Saúde municipal e estadual informaram que vão apurar se houve alguma irregularidade no atendimento a Millena. 

A atriz morreu nove dias depois de começar a sentir fortes dores na cabeça e na perna, ter sonolência, falta de apetite e desmaiar. Desde a última quinta-feira (24), ela passou por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal e dois hospitais estaduais.

Inicialmente, os médicos acharam se tratar de dengue, que foi descartada. Depois, identificaram infecção urinária num exame. E, por último, em outro teste, suspeitaram de um possível tumor cerebral, ainda não confirmado.

A morte dela repercutiu nas redes sociais e na imprensa. Com mais de 180 mil seguidores no Instagram, Millena tinha o desejo de se tornar uma atriz famosa e postava fotos e vídeos de suas atuações e trabalhos também como modelo, interagindo com os fãs.

Ela fazia parte da Cia Artística En’cena e participou de novelas como "A infância de Romeu e Julieta" e "A Caverna Encantada", do SBT, além da produção da Netflix, "Sintonia".

Em outubro de 2023, Millena celebrou o início da sua carreira na emissora de Silvio Santos. "E o sonho se tornou realidade... Quem acredita sempre alcança", escreveu na legenda de uma foto em frente ao logo da emissora.

Veja abaixo a cronologia de idas e vindas de Millena em unidades de saúde até a confirmação de morte encefálica, segundo relato dos pais:

No dia 24 de abril Millena estava com dor de cabeça quando foi pela primeira vez ao Hospital Geral de Pedreira, na Zona Sul, que é estadual. "Ela estava com dor de cabeça, mas andava e falava. O médico disse que era dengue, mas não fez exame. Disse para irmos com ela de volta para casa e darmos dipirona", lembrou Thays.

Em 26 de abril, Milena deixou de desfilar num evento por continuar a sentir dores. "Começou a se queixar de dor na perna, que não conseguia andar. Ela não desfilou. A gente foi embora de novo para o Hospital Pedreira", afirmou a mãe. De acordo com Thays, os exames de sangue não apresentaram alterações e Millena foi orientada pela equipe médica a retornar para a residência e repousar.

No dia 27 de abril, a família tentou levá-la à igreja, mas a menina se queixava de dores de cabeça mais fortes, sonolência e falta de apetite. Voltaram para casa.

Na noite de segunda-feira (28), Millena conseguiu se alimentar, mas desmaiou no banheiro de casa. "Corremos para a UPA Maria Antonieta [também no Grajaú e subordinada à Secretaria Municipal da Saúde]. Chegamos com ela desacordada nos braços do meu marido. Depois, abriu os olhos e recobrou a consciência", disse Thays.

Exames descartaram dengue, Covid e H1N1, segundo os pais. “Mas disseram que ela estava com infecção urinária”, disse Thays. Ela recebeu antibióticos, dipirona e, diante da dor persistente, tramal.

"Ela colocava a mão na cabeça e gritava de dor", contou Thays, emocionada. Devido à gravidade do estado de saúde da criança, a equipe médica decidiu pedir uma vaga para ela na internação de algum hospital na capital.

Ainda segundo a mãe, uma enfermeira teria zombado da filha: “Falou para ela não gritar que a dor não ia passar assim”.

Na manhã do dia seguinte, Millena teve a primeira parada cardiorrespiratória. “O lábio ficou roxo. Depois a reanimaram e entubaram. A partir desse dia, ela não acordou mais.”

Millena só conseguiu uma transferência de ambulância da UPA para o Hospital Geral do Grajaú na manhã de terça-feira (29).

"Lá não tinha neurologista. Só foi feita uma tomografia, e os médicos disseram que viram uma massa de 5 centímetros no cérebro dela", disse Thays (veja foto acima). "Só que não se sabe se essa massa era um tumor, um cisto, um edema, um coágulo... porque não conseguiram abrir a cabeça dela para ver. E agora, que veio o óbito, vão fazer uma biópsia para saber o que tinha no cérebro dela."

Thays lamenta que essa descoberta não tenha ocorrido antes, quando ela levou a filha a outras unidades de saúde, que poderiam ter transferido a menina para o Hospital das Clínicas (HC), onde há especialistas em neurologia. "Se a UPA tivesse transferido ela para o HC, teriam especialistas em neurologia lá. Tanto que o Hospital do Grajaú quis transferi-la para o HC", afirmou.

Os dias em que Millena ficou internada foram de martírio e tensão. "Ela teve piora, com duas a três paradas cardíacas por dia. Ela teve 13 paradas no total. Nunca teve isso antes. Teve um dia em que ela teve sete paradas respiratórias. Algumas vezes faziam massagens e em outras davam choque [com o aparelho chamado desfibrilador]", contou a mãe.

De acordo com Thays, quando uma vaga foi aberta no HC para transferi-la para um especialista em neurologia, os médicos do Hospital Geral do Grajaú avaliaram que seria um risco para a vida dela. "Preferiram deixar para ver se ela estabilizava, pois o simples manuseio no corpo dela a fazia ter paradas cardíacas", contou a mãe.

Ainda segundo a mãe, como Millena não acordava e seu estado não apresentava melhora, os médicos decidiram dar início ao protocolo para confirmar morte encefálica.

"Desde terça, quando ela foi entubada, não abriu mais os olhos, não teve mais reflexos e não ficou acordada", disse Thays, com a voz embargada.

"Ontem [sexta-feira] os médicos fizeram três exames nela, o encefalograma, que constatou a morte cerebral. Eles ainda disseram que iriam esperar o coração dela parar de bater para desligarem os aparelhos", falou a mãe.

Ela e o marido tomaram uma decisão difícil, mas necessária diante do quadro irreversível da filha. "Eu falei que se fosse para deixar o coraçãozinho dela parar de bater sozinho, a gente sofreria mais, e ela também. E pedimos para desligarem os aparelhos."

Informações: g1

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