Ponta Grossa precisa estar pronta para os efeitos do aumento da temperatura

A conselheira da área de Turismo do Grupo aRede, Karen Kobilarz, explica que Ponta Grossa também deve estar pronta para eventos climáticos de aumento de temperatura - o debate faz parte de uma reportagem especial, onde se questiona se Ponta Grossa está preparada para enfrentar eventos climáticos. Para ela, esse planejamento evita perdas, salva vidas e protege a economia local.

Confira abaixo a opinião na íntegra da Karen, bacharel em Turismo, especialista em políticas públicas e gestão empresarial, consultora do Sebrae e Senar PR, além de gestora executiva da Adetur Campos Gerais:

"Ponta Grossa já conhece os tornados e temporais - estudos indicam aumento de registro desses fenômenos na Região Sul e apontam ocorrências também na cidade. 

Mas o desafio vai além: ondas de calor mais intensas e temperaturas extremas estão ficando mais frequentes - especialmente com a chegada do verão - e exigem ações específicas, porque calor extremo afeta saúde, consumo de energia, produtividade e aumenta o risco de incêndios e de falhas em infraestruturas críticas. Estudos também mostram que a disponibilidade hídrica do solo pode mudar com as alterações do clima, impactando agricultura, abastecimento e drenagem urbana. 

Se nada for feito, os riscos são claros: mais mortes e doenças relacionadas ao calor (principalmente entre idosos e trabalhadores expostos), colapso de redes elétricas em picos de consumo, enchentes urbanas por chuvas intensas que a drenagem não aguenta, destruição de bens e aumento de custos públicos com reparos e emergência.

Existem soluções práticas e já testadas mundo afora que Ponta Grossa pode adaptar:

- Planos de ação para ondas de calor: sistemas de alerta, pontos de refrigeração, comunicação à população de risco e treinamento de unidades de saúde. Combinar avisos, medidas de proteção e intervenções de baixo custo (tintas refletivas em telhados, pontos de água) e podem reduzir mortes por calor;

- Infraestrutura 'blue–green' para chuva intensa: parques, reservatórios subterrâneos e praças reconfiguradas para absorver e armazenar água (em vez de apenas canalizar), reduzindo alagamentos e recuperando o ciclo hidrológico urbano;

- Planejamento urbano resiliente: telhados verdes, fachadas vegetadas, pavimentos permeáveis e arborização estratégica que reduz a ilha de calor, retém água e melhora bem-estar;

- Medidas operacionais: revisão de códigos de obras (material e elevação mínima), mapeamento de áreas de risco, corredores de evacuação, redundância em redes elétricas e sistemas de abastecimento, treinamento de equipes de emergência e campanhas de educação comunitária.

É primordial fazer um inventário de riscos municipais (temperatura, chuva extrema, ventos), implementar um sistema de alerta vinculado à saúde pública, priorizar intervenções de baixo custo em bairros mais vulneráveis (pontos de sombra, fontes de água, telhados refletivos) e buscar parcerias técnico-financeiras com universidades, iniciativa privada e governos estaduais/federais.

Planejar não é gastar à toa - é evitar perdas, salvar vidas e proteger a economia local. Ponta Grossa tem capacidade técnica e exemplos práticos para seguir: combinar medidas imediatas de proteção com investimentos em infraestrutura verde e códigos urbanos mais inteligentes garante uma cidade mais segura e preparada para os verões que vêm por aí".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.