Desastres naturais também exigem planos de emergência aos animais em Ponta Grossa | aRede
PUBLICIDADE

Desastres naturais também exigem planos de emergência aos animais em Ponta Grossa

Conselheira, médica veterinária explica que situações como essa precisam de planos de contingência aos animais

Érika Zanoni Fagundes Cunha é conselheira da Causa Animal
Érika Zanoni Fagundes Cunha é conselheira da Causa Animal -

Rodolpho Bowens

@Siga-me
Google Notícias facebook twitter twitter telegram whatsapp email

A conselheira da Causa Animal do Grupo aRede, Érika Zanoni Fagundes Cunha, explica que em desastres naturais, também é necessário ter atenção com os animais de Ponta Grossa - entenda o debate aqui. Para ela, é preciso avançar em planos de prevenção e mitigação. Segundo ela, isto é uma medida humanitária, sanitária e social.

Confira abaixo a opinião na íntegra da Érika, que é médica veterinária, especialista em Neurociência Clínica, mestre em Ciências Veterinárias, doutora em Zoologia e pós-doutora em Direito Animal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR):

"Quando falamos de áreas de risco, enchentes, deslizamentos e tempestades, a atenção costuma se voltar imediatamente para as vidas humanas ameaçadas e isso é legítimo. No entanto, existe um aspecto igualmente importante, mas historicamente negligenciado nos planejamentos municipais: os animais que fazem parte dessas famílias. Eles não são um detalhe, não são um 'apêndice' da casa. São indivíduos com vínculos afetivos, necessidades próprias e que, na maioria das vezes, dependem integralmente das decisões humanas para sobreviver.

Em Ponta Grossa, milhares de tutores vivem com cães, gatos e diversos outros animais em regiões onde os desastres naturais já fazem parte da rotina. E quem trabalha diariamente com a causa animal sabe: quando um desastre acontece, os animais são quase sempre os primeiros a sofrer, seja porque são deixados para trás, seja porque não há alojamentos preparados para recebê-los junto às famílias, seja ainda pela ausência de protocolos claros de resgate, acolhimento e cuidados no pós-desastre.

Essa realidade revela uma falha estrutural nos nossos modelos de prevenção. Enquanto conselheira municipal da Causa Animal, vejo diariamente como a falta de planejamento específico para os animais aumenta a vulnerabilidade das famílias como um todo. Um tutor que precisa escolher entre salvar sua própria vida ou carregar um cão idoso, um gato com medo ou um animal que não entra em abrigos tradicionais, vive um dilema emocional e ético que poderia ser evitado com políticas bem construídas.

VÍDEO
Assista à opinião da conselheira da Causa Animal | Autor: Colaboração.
 

Precisamos avançar. Incluir os animais nos planos de prevenção, mitigação e resposta a desastres não é um luxo, é uma medida humanitária, sanitária e social. Isso significa:

- Criar abrigos emergenciais multiespécie, preparados para receber famílias com seus animais de forma digna e segura;

- Treinar equipes especializadas para resgate de animais em situações de risco, equipadas e capacitadas para atuar com segurança;

- Estabelecer protocolos intersetoriais entre Defesa Civil, Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), saúde pública e grupos de proteção animal;

- Garantir políticas de adoção responsável no pós-desastre, pois muitos animais ficam perdidos, desorientados ou órfãos após eventos extremos;

- Prever ações de identificação (microchip, coleira, cadastro municipal) para facilitar reencontros entre animais e tutores.

Mas existe um ponto que sustenta e fortalece tudo isso: a educação ambiental e animalista. A educação ambiental não é teórica: ela forma cidadãos capazes de agir com responsabilidade, sensibilidade e preparo.

Afinal, os desastres não atingem apenas construções. Eles atingem laços, pertencimento, vidas que, humanas ou não humanas, merecem ser protegidas.

Planejar para incluir os animais é, acima de tudo, planejar para proteger a família como um todo".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do Conselho da Comunidade acessando aqui.

PUBLICIDADE

Conteúdo de marca

Quero divulgar right