Ponta Grossa deve enfrentar desafio da qualificação profissional com educação técnica

A conselheira, bacharel em Turismo e consultora do Sebrae e do Senar Paraná avalia que Ponta Grossa vive um momento decisivo em relação à mão de obra, especialmente diante do crescimento industrial e da ampliação de investimentos no município. Na opinião da especialista, enfrentar esse cenário exige ações coordenadas entre poder público, setor produtivo e instituições de ensino, com foco na qualificação técnica, na requalificação de trabalhadores e na valorização das carreiras operacionais.

O debate é referente a reportagem especial do Portal aRede

Confira abaixo a opinião na íntegra de Karen, que é bacharel em Turismo, consultora do Sebrae e Senar PR, além de gestora executiva do Adetur Campos Gerais:

"O risco de um apagão de mão de obra na indústria de Ponta Grossa chama atenção para um problema estrutural crescente no Brasil: mesmo com o desemprego em patamares historicamente baixos, empresas têm enorme dificuldade para encontrar profissionais qualificados para suas vagas — especialmente técnicos e operacionais com habilidades alinhadas às demandas atuais do mercado. Isso se deve à falta de formação profissional adequada e à escassez de candidatos com habilidades técnicas, cenário que especialistas alertam como um possível “apagão” de mão de obra se nada for feito para reverter essa tendência.

Para enfrentar esse desafio, será fundamental adotar soluções amplas e eficazes envolvendo formação, atração e retenção de talentos. Boas práticas internacionais mostram caminhos que podem inspirar ações no Brasil:

✅ Educação técnica e parcerias com o setor produtivo: países como Alemanha, Suíça e Áustria utilizam sistemas de educação dual, nos quais os jovens dividem tempo entre escola e empresa, garantindo formação prática e conexão direta com o mercado — modelo que reduz lacunas de qualificação e facilita a inserção profissional.

✅ Programas de requalificação e upskilling: empresas inovadoras no mundo investem em formação contínua interna e em tecnologias como realidade virtual para treinamento seguro e eficiente, capacitando colaboradores para funções mais complexas e tecnológicas.

✅ Atração e retenção com foco em cultura e benefícios: além de salários competitivos, práticas como flexibilidade de jornada, planos de carreira claros, ambientes de trabalho saudáveis e políticas de bem-estar aumentam a satisfação e fidelidade dos trabalhadores, reduzindo a rotatividade.

É igualmente crucial que cidades e regiões ofereçam vagas de emprego atrativas — com condições de trabalho modernas, salários e benefícios que reflitam a complexidade das funções. Remuneração justa e oportunidades de desenvolvimento são fatores decisivos para atrair profissionais qualificados, inclusive de outras localidades.

Por fim, não se pode ignorar as mudanças impostas pelas novas gerações no mercado de trabalho. Jovens e profissionais mais jovens valorizam flexibilidade, propósito no trabalho, oportunidades de crescimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Empresas que entendem e incorporam essas expectativas em suas propostas de valor têm vantagem competitiva na atração de talentos.

Enfrentar o risco de apagão de mão de obra requer, assim, uma abordagem integrada: educação alinhada às demandas da indústria, investimento em formação contínua, condições de trabalho competitivas e adaptação às novas preferências dos trabalhadores. Essas ações combinadas podem transformar um risco iminente em uma oportunidade de fortalecimento econômico e social".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.

LEIA ABAIXO UM RESUMO DA NOTÍCIA

- Desafio estrutural: Mesmo com baixo desemprego, a indústria de Ponta Grossa enfrenta dificuldade para encontrar profissionais qualificados, especialmente técnicos e operacionais, evidenciando o risco de um apagão de mão de obra.

- Necessidade de articulação: A especialista defende ações integradas entre poder público, setor produtivo e instituições de ensino, com foco na qualificação, requalificação e valorização das carreiras.

- Caminhos para solução: Investir em educação técnica, programas de capacitação contínua e políticas de atração e retenção de talentos é essencial para garantir competitividade e crescimento econômico.