Alucinações podem ser sinal de alerta precoce para lúpus, diz estudo

Um estudo publicado na segunda-feira (20/5) na revista científica eClinicalMedicine revelou que pesadelos e alucinações – ou “pesadelos diurnos” – podem ser sinais de alerta precoce para o início de uma doença autoimune, como o lúpus.   

O lúpus pode causar inflamação em todo o corpo e ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente tecidos saudáveis. Existem mais de 80 tipos de doenças autoimunes, incluindo artrite reumatoide, doença de Crohn e psoríase.

“Durante muitos anos, discuti pesadelos com meus pacientes com lúpus e pensei que havia uma ligação com a atividade da doença. Essa pesquisa fornece evidências disso”, explica o autor sênior do estudo, David D’Cruz, do King’s College London, no Reino Unido, em comunicado.

Pacientes com lúpus relataram alucinações

No estudo, 676 pessoas com lúpus foram entrevistadas e questionadas sobre se apresentaram 29 sintomas neuropsiquiátricos, como alucinações e perda de equilíbrio.

Foi solicitado aos pacientes que relatassem quando experimentaram pela primeira vez cada um dos sintomas neurológicos listados. As opções incluíam: mais de um ano antes do diagnóstico, mais ou menos na mesma época ou mais de um ano depois.

Três em cada cinco pacientes relataram ter sono interrompido, e um terço deles disse que o sintoma apareceu mais de um ano antes do início do lúpus. Quase um em cada quatro participantes revelou ter tido alucinações, embora para a maioria dessas pessoas as alucinações só tenham ocorrido no início dos sintomas da doença ou mais tarde.

As alucinações eram frequentemente antecedidas por pesadelos “vívidos e angustiantes” – pessoas eram atacadas, presas, esmagadas ou caíam. Um paciente descreveu seus pesadelos como “horríveis, como assassinatos, ou pele saindo das pessoas”.

Os participantes estavam relutantes em falar sobre as suas alucinações até que os cientistas começaram a referir-se a elas como “pesadelos diurnos”.

“Quando você disse a palavra ‘pesadelo’, simplesmente fez sentido. Não é necessariamente assustador, é como se você tivesse tido um sonho e ainda assim estivesse sentado acordado no jardim. Vejo coisas diferentes, é como quando você acorda e não consegue se lembrar do seu sonho e está lá, mas não está lá… É como se me sentisse realmente desorientado, a coisa mais próxima que consigo pensar é que estou em Alice no País das Maravilhas ”, relatou um paciente.

Entre os participantes que tiveram alucinações:

Um ano antes da doença: 13%

No mesmo período e dentro de um ano do diagnóstico: 33%

Um ano após o início da doença: 54%

“Os sintomas neuropsiquiátricos podem apresentar-se pela primeira vez em qualquer fase do curso do lúpus, incluindo no período anterior a um diagnóstico formal validado. Nossas descobertas fornecem um ‘sistema de alerta precoce’ do início da doença. Crises iminentes em alguns pacientes podem permitir a identificação e o tratamento mais precoce e preciso”, afirmam os autores.

Os pesquisadores sublinham a importância de os médicos reconhecerem os sintomas precocemente para evitar erros de diagnóstico. Eles alertam ainda que o lúpus não tem cura, mas os sintomas e a inflamação podem ser controlados com medicamentos e mudanças no estilo de vida.

Com informações do portal Metrópoles