Saúde de Ponta Grossa precisa descentralizar para fortalecer rede de atenção primária | aRede
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Saúde de Ponta Grossa precisa descentralizar para fortalecer rede de atenção primária

Henrique Zulian, conselheiro de Urbanismo, sugere estratégia focada na atenção básica e medicina da família para tornar o sistema de saúde mais eficiente

Henrique Wosiack Zulian é conselheiro da área de Urbanismo
Henrique Wosiack Zulian é conselheiro da área de Urbanismo -

Lilian Magalhães

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O conselheiro da área do Urbanismo do Grupo aRede, Henrique Wosiack Zulian, afirma que, embora Ponta Grossa tenha avançado na ampliação da estrutura de saúde, há outros desafios a serem superados, como a descentralização dos serviços de atenção primária e medicina da família. 

O debate é referente a reportagem especial do Portal aRede. Para Zulian, o deslocamento não é um problema somente para quem precisa sair da cidade para receber atendimento, mas para moradores de regiões mais distantes das áreas centrais da cidade, por exemplo.

Confira abaixo a opinião na íntegra de Henrique, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduado pela Escola da Cidade e mestre na área de Projeto Arquitetônico pela Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ele também tem dezesseis premiações em concursos de arquitetura pelo Brasil, inclusive em Ponta Grossa:

"Os dados apresentados pela reportagem revelam avanços importantes na estrutura da saúde pública em Ponta Grossa, mas também expõem um desafio que vai além da ampliação de hospitais, policlínicas e equipamentos de alta complexidade. O deslocamento de mais de 30 mil pacientes para outras cidades não é apenas um problema de oferta de exames: é um sintoma de um modelo de atenção ainda excessivamente centrado no atendimento especializado e hospitalar.

Quando o sistema de saúde se organiza a partir de grandes equipamentos, geralmente localizados em regiões centrais, ele tende a beneficiar quem já possui maior capacidade de deslocamento, informação e tempo de espera. Para a população em maior situação de vulnerabilidade — moradores de áreas periféricas, idosos, pessoas com doenças crônicas e trabalhadores informais — a distância física e burocrática se transforma em mais uma barreira de acesso. Nesse sentido, investir apenas na expansão da alta complexidade pode reduzir filas, mas não necessariamente reduzir desigualdades.

A estratégia mais eficiente para enfrentar esse desequilíbrio está no fortalecimento da atenção básica, da medicina da família e da prevenção. Unidades de Saúde bem estruturadas, com equipes completas, presença territorial e vínculo contínuo com a comunidade são capazes de resolver a maior parte das demandas de saúde antes que elas se tornem casos de média ou alta complexidade. Diagnósticos precoces, acompanhamento de doenças crônicas, ações educativas e vigilância em saúde reduzem a pressão sobre hospitais e exames especializados, além de diminuírem custos ao sistema público.

VÍDEO
Confira a opinião de Henrique Wosiack Zulian, conselheiro de Urbanismo do Portal aRede. | Autor: aRede.
  

Além disso, a posição estratégica dos atendimentos precisa considerar o território. Levar serviços de saúde para mais perto de onde as pessoas vivem e precisam é, antes de tudo, uma questão também de logística. A descentralização qualificada do atendimento reduz a dependência de grandes estruturas centrais e torna o sistema mais resiliente, eficiente, justo e humano.

Os investimentos anunciados pela Prefeitura são relevantes e necessários, sobretudo para suprir déficits históricos. Mas, seu real impacto dependerá da capacidade de integrar essas novas estruturas a uma rede forte de atenção primária. Sem essa base, corre-se o risco de criar polos de excelência sobrecarregados, enquanto problemas evitáveis continuam surgindo nas periferias da cidade.

Portanto, transformar Ponta Grossa em referência regional em saúde não deve significar apenas atrair mais pacientes e equipamentos, mas construir um modelo que priorize quem mais precisa, aposte na prevenção e reduza, no médio e longo prazo, a dependência de atendimentos especializados concentrados. A saúde pública mais eficiente não é aquela que apenas trata bem a doença, mas a que evita que ela aconteça — e isso começa no território, na atenção básica e na medicina da família".

CONSELHO DA COMUNIDADE

Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

Conheça mais detalhes dos membros do 'Conselho da Comunidade' acessando outras notícias sobre o projeto.

LEIA ABAIXO UM RESUMO DA NOTÍCIA

- Avanços e desafios: Apesar dos investimentos em hospitais e alta complexidade, o deslocamento de mais de 30 mil pacientes revela um modelo ainda concentrado no atendimento especializado, que não reduz desigualdades de acesso;

- Importância da atenção básica: O fortalecimento da atenção primária, da medicina da família e da prevenção é essencial para resolver a maioria das demandas, reduzir custos e aliviar a sobrecarga de hospitais;

- Descentralização do cuidado: Levar os serviços de saúde para mais perto da população, integrando novas estruturas a uma rede forte de atenção básica, é fundamental para um sistema mais eficiente, justo e humano.

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