Coluna Fragmentos: A Cia. Prada e a eletrificação em Ponta Grossa | aRede
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Coluna Fragmentos: A Cia. Prada e a eletrificação em Ponta Grossa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Matéria publicada no JM em 01 de junho de 1967 e que indica as mudanças no modelo de eletrificação no Brasil ocorridas a partir do regime militar
Matéria publicada no JM em 01 de junho de 1967 e que indica as mudanças no modelo de eletrificação no Brasil ocorridas a partir do regime militar -

João Gabriel Vieira

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O século XIX ficou marcado como o momento de um grande avanço científico-tecnológico que acabou por criar a sociedade industrializada e mecanizada que conhecemos hoje. Foi nesse cenário que a energia elétrica se projetou como uma força motriz indispensável para o desenvolvimento do projeto de modernização em curso.

A eletricidade pode ser compreendida como uma nova tecnologia e uma manifestação da modernidade. A capacidade de determinadas sociedades produzirem energia elétrica significou, até o início do século XX, um indicativo de desenvolvimento, crescimento industrial e urbanização.

No Brasil, a energia elétrica chegou, com atraso, no último quarto dos Oitocentos. As primeiras usinas hidrelétricas e termoelétricas foram construídas em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, sendo a Usina Hidrelétrica do Ribeirão do Inferno, em Diamantina, a primeira a entrar em funcionamento no país, em 1883.

A República brasileira, que nasceu em 1889, trouxe consigo o discurso da modernização e do desenvolvimento nacional. Contudo, esse regime estruturou-se a partir de um Estado limitado e com pouquíssimos recursos para investir em infra-estrutura. Assim, a primeira Constituição republicana (1891), estabeleceu diretrizes para que empresas privadas recebessem concessões na prestação de serviços de eletrificação nos municípios brasileiros.

Desta forma, as empresas de eletrificação espalharam-se pelo país, em alguns casos recebendo concessões de até 90 anos para explorar o serviço. Na maioria eram empresas de pequeno porte, resultado da associação entre fazendeiros, comerciantes e empresários que possuíam força econômica em uma determinada cidade ou região. Mas também existiram casos de empresas de porte, subsidiadas ou associadas ao capital estrangeiro, como o caso da Light and Power Company, que se instalou em São Paulo em 1899 e no Rio de Janeiro em 1904.

Além da iluminação pública, essas empresas forneciam energia para as fábricas, casas comerciais e domicílios, alterando significativamente o cotidiano das pessoas nos lares, no trabalho e em espaços como as praças e as ruas. Nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, o transporte público – leia-se, o bonde – também empregou o uso da energia elétrica, substituindo a tração animal e agilizando o deslocamento das pessoas no perímetro urbano.

Ponta Grossa foi uma das primeiras cidades brasileiras a contar com um sistema de iluminação pública. A partir de 1905 a população ponta-grossense passou a desfrutar da novidade, porém, desde 1902 ocorreram tentativas de implantação desse serviço na cidade. Naquele ano, Manoel Lisboa e Jaime Balão solicitaram a concessão do privilégio junto a Câmara Municipal, porém tiveram seu pedido indeferido.

Em 1903, Rodolfo Ribas e Manoel de Freitas solicitaram a concessão do serviço de eletrificação e de abastecimento de água por 50 anos. Como pediram uma subvenção anual do município durante o mesmo período, também tiveram sua solicitação negada.

No ano seguinte, o prefeito Ernesto Villela contratou, por 20 anos, a empresa formada por Conrado Ericksen Filho e Osório Guimarães para que prestasse o serviço de eletrificação na cidade, o qual se efetivou em 03 de maio de 1905. Porém, como a Guimarães & Ericksen não correspondeu as obrigações firmadas em contrato, em 1909 o serviço foi encampado pelo município e, pouco depois transferido para a Empresa Martins & Carvalho, empresa que prestou serviços até 1923, quando foi vendida para a Cia. Prada de Eletricidade, concessionária que atuou por 50 anos na cidade. Em 1973, a Prada foi encampada pelo Ministério das Minas e Energia. Ato contínuo, a COPEL, empresa criada pelo Estado do Paraná em 1954, assumiu os serviços de energia elétrica em Ponta Grossa.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 25 de janeiro de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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