Pegadas fossilizadas na Bolívia mostram como viviam os dinossauros | aRede
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Pegadas fossilizadas na Bolívia mostram como viviam os dinossauros

Maior conjunto de pegadas do mundo revela como esses animais andavam, se moviam e interagiam com o ambiente

As marcas foram encontradas no Parque Nacional Torotoro
As marcas foram encontradas no Parque Nacional Torotoro -

Publicado por Iolanda Lima

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Um enorme conjunto de pegadas fossilizadas encontrado no centro da Bolívia está ajudando cientistas a entender melhor como os dinossauros viviam e se comportavam pouco antes de serem extintos. Ao todo, os pesquisadores identificaram 16,6 mil pegadas, o maior número já registrado em um único local no mundo.

As marcas foram encontradas no Parque Nacional Torotoro, mais especificamente na região conhecida como Carreras Pampa. O estudo foi publicado na última sexta-feira (26) na revista científica PLOS One e analisou vestígios deixados há cerca de 66 milhões de anos, no final do período Cretáceo — pouco antes da extinção dos dinossauros.

Um verdadeiro “livro aberto” do passado

Diferente de ossos e fósseis tradicionais, as pegadas mostram o comportamento dos animais em tempo real: como caminhavam, corriam, mudavam de direção e até entravam na água. No local, os pesquisadores mapearam 1.321 trilhas contínuas, formadas por sequências de passos, além de centenas de pegadas isoladas.

A maioria das marcas pertence a dinossauros terópodes, grupo que inclui espécies carnívoras que andavam sobre duas pernas e tinham três dedos. As pegadas variam bastante de tamanho, o que indica a presença de animais jovens e adultos circulando pela mesma área.

Pegadas que indicam natação e arrasto de cauda

Entre os achados mais curiosos estão marcas que sugerem movimentos dentro da água. Em algumas trilhas, as pegadas aparecem incompletas ou espaçadas, indicando que o dinossauro provavelmente nadava ou caminhava em águas rasas, tocando o fundo com os pés.

Também foram identificados rastros de cauda, deixados quando esses animais passaram por solo úmido. Esses registros ajudam a mostrar que, em certos momentos, a cauda tocava o chão — algo que raramente aparece em fósseis.

Além disso, muitas trilhas apresentam curvas e mudanças de direção, sugerindo que os dinossauros não apenas cruzavam o local, mas interagiam com o ambiente, paravam, aceleravam e ajustavam seus movimentos.

A orientação das pegadas mostra que muitos dinossauros caminhavam em direções semelhantes, o que reforça a ideia de que a região era uma espécie de margem de lago ou área costeira. Os cientistas acreditam que o local funcionava como um caminho natural, usado repetidamente por diferentes animais.

Esse padrão levou os pesquisadores a compararem a área a uma espécie de “rodovia dos dinossauros”, onde várias espécies passavam ao longo do tempo para buscar água ou se deslocar pelo território.

Pegadas deixadas por dinossauros há cerca de 66 milhões de anos
Pegadas deixadas por dinossauros há cerca de 66 milhões de anos |  Foto: AP Photo/Juan Karita
 

O que foi encontrado até aqui?

16,6 mil pegadas fossilizadas foram identificadas no Parque Nacional Torotoro, na Bolívia.

Trata-se do maior conjunto de pegadas de dinossauros já registrado em um único local.

As marcas foram deixadas há cerca de 66 milhões de anos, no final do período Cretáceo.

A maioria das pegadas pertence a dinossauros terópodes, que andavam sobre duas pernas.

Há indícios de caminhada, corrida, natação e arrasto de cauda.

As trilhas sugerem um antigo ambiente costeiro, como a margem de um lago. O sítio ajuda a entender o comportamento dos dinossauros, algo raro em fósseis.

Por que quase não há ossos no local?

Apesar da enorme quantidade de pegadas, quase não foram encontrados ossos de dinossauros na região. Segundo os cientistas, isso acontece porque as condições ambientais favoreceram a preservação das marcas no solo, mas não dos restos do corpo dos animais.

O sítio de Carreras Pampa enfrenta riscos, como atividades humanas e desgaste natural das rochas. Por isso, os pesquisadores alertam para a importância da preservação do parque, já que o local guarda um dos registros mais completos do comportamento dos dinossauros já encontrados.

Cada pegada preservada ali funciona como uma fotografia do passado — juntas, elas ajudam a reconstruir um capítulo essencial da história da vida na Terra.

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