Sem sequestro ou cativeiro: Polícia revela últimos passos de paulistas mortos no PR
Os corpos dos paulistas que ficaram desaparecidos durante 45 dias foram encontrados em setembro. Eles cobravam uma dívida em Icaraíma
Publicado: 11/12/2025, 08:58

A Polícia Civil esclareceu a dinâmica do crime envolvendo os paulistas mortos após ficarem 45 dias desaparecidos no Paraná. Eles morreram em agosto deste ano depois de terem sido contratados para cobrar uma dívida naquele estado e, segundo as investigações, não sofreram tortura ou foram mantidos em cativeiro, sendo enterrados logo após o assassinato.
Os amigos Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza sumiram depois de saírem de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, no dia 5 de agosto. Os quatro corpos só foram encontrados no dia 19 de setembro em uma área de mata em Icaraíma, no interior paranaense.
Segundo as autoridades, a autoria do crime ainda segue em investigação. Os principais suspeitos são Antônio Buscariollo e Paulo Buscariollo – pai e filho –, que seriam os supostos devedores dos R$ 255 mil que o grupo tinha ido cobrar.
Cobrança de dívida
A investigação apurou que Alencar, paraense, contratou o serviço de cobrança com Diego. Em conversas recuperadas entre os dois, Alencar destacou que os Buscariollo eram envolvidos com ilícitos em Icaraíma e manifestou seu temor quanto à cobrança da dívida e uma possível retaliação. O serviço de cobrança teria o custo de 50% do valor da dívida, segundo informações repassadas por Diego.
As conversas entre Alencar e as outras vítimas aconteceram no dia 4 de agosto, possivelmente antes da chegada dos paulistas em Icaraíma. Ao chegarem à cidade, os quatro foram até Vila Rica, onde realizaram o primeiro contato com Antônio e Paulo, mas não chegaram a um acordo sobre a dívida.
Na manhã do dia 5, Diego enviou áudios para sua esposa, explicando o que teria ocorrido no dia anterior e chegou a afirmar que “o cara estava até com o revólver no bolso. O velho anda armado aqui. Mas hoje nós vamos voltar de novo”. Segundo a Polícia Civil, os cobradores retornaram a Vila Rica pela manhã e voltaram para Icaraíma por volta das 12h. Às 11h47, Diego enviou novos áudios para a esposa, dizendo que os devedores estavam se escondendo deles.
Após o envio desses áudios, os amigos foram novamente no sentido de Vila Rica utilizando a Fiat Toro que foi achada enterrada dentro de um bunker, a cerca de nove quilômetros da propriedade onde o grupo cobraria a dívida. Os corpos foram encontrados a aproximadamente 500 metros do bunker.
A investigação aponta que Robishley, Rafael, Diego e Alencar foram mortos assim que chegaram na propriedade rural que era o objeto da dívida, por volta das 12h30. A apuração aponta que eles foram alvo de uma emboscada, sendo fuzilados por ao menos cinco armas de fogo, de calibres diversos, deflagrados de três pontos distintos.
.De acordo com a Polícia Civil do Paraná, não houve sequestro, as vítimas não foram mantidas em cativeiro e não houve tortura, pois as mortes foram instantâneas. Após a execução, as vítimas foram levadas até o local de enterro dentro da própria Fiat Toro, colocadas na cova onde os corpos foram encontrados e, em seguida, o automóvel foi encaminhado até o bunker e enterrado.
Polícia apura envolvimento do crime organizado
Uma das linhas de investigação da polícia é a de que tanto os suspeitos, quanto as vítimas, poderiam ter envolvimento com o crime organizado. Segundo as apurações, a teoria ganhou força quando chegou ao conhecimento das autoridades que a dívida da cobrança, além do desacerto relacionado a uma propriedade rural em Vila Rica, também envolvia “negócios ilícitos entre as partes”.
Apesar de estar trabalhando com essa linha, a polícia paranaense reitera que ainda não é possível afirmar que exista a relação ilícita entre os amigos Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi e Diego Henrique Afonso – as vítimas; e Antonio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo – os suspeitos.
Ainda de acordo com as autoridades, foi necessário, para o rumo das investigações, levantar o histórico criminal dos suspeitos e das vítimas. Antonio responde por posse ilegal de arma e nada consta na ficha criminal de Paulo. Já no caso dos amigos, crimes como ameaça, estelionato, tráfico e tentativa de homicídio aparecem nas fichas (veja a lista completa abaixo).
Rafael e Robishley, inclusive, já foram presos. Diego não chegou a ficar detido, mas tinha registros no seu histórico. Nada consta na ficha de Alencar.
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