Mulher trans é espancada e arrastada para valeta após festa no Paraná: ‘Mata, é homem’
Tainá precisou fingir um desmaio para conseguir evitar as agressões; três homens participaram do crime e são procurados
Publicado: 18/07/2025, 15:26

Uma mulher trans foi brutalmente espancada por três homens após sair de uma festa em Jacarezinho, no norte do Paraná, na madrugada da última segunda-feira (14). O ataque teve motivação transfóbica, segundo a própria vítima e as autoridades que apuram o caso.
Tainá contou ao repórter Moisés Salema, da RICtv, que foi abordada pelo motorista de uma van, que ofereceu uma carona em troca de R$ 10. Ela aceitou, mas percebeu haver algo errado ao notar a presença de outros dois homens no veículo. Durante o trajeto, um deles começou a puxar sua saia, enquanto outro a segurava por trás.
“Eles me abordaram de novo e falaram que cobrariam R$ 10 para me deixar no meu endereço. Vi que tinha mais dois passageiros atrás e pensei: deve ser gente boa, normal. Dei uma nota de R$ 50 para ele, inclusive, e ele me voltou R$ 40. No trajeto para a casa da minha mãe, eu já percebi a malícia deles. Um veio por trás me puxando, e o outro já puxou minha saia”, descreveu Tainá.
A jovem tentou fugir, mas foi perseguida, atingida por uma pedrada na cabeça, enforcada, espancada com pedaços de madeira e pedras, e arrastada até uma valeta às margens de uma estrada. Durante a agressão, um dos homens teria gritado: “Mata, mata que é homem. Pode matar”.

Tainá fingiu um desmaio para conseguir evitar as agressões. Ela registrou vídeos logo após o crime, que mostram sangue no chão, pertences espalhados e as roupas deixadas pelos agressores no local. Nas imagens, ela desabafa: “Covardia”.
“Ó, meu cabelo, o brinco, as coisas de dentro da bolsa… Jogou tudo. Olha as pedras que atacaram. Olha isso!”, diz ela enquanto mostra marcas de sangue no chão.
A vítima denunciou o caso à polícia e relatou ainda que outras mulheres trans já teriam sido ameaçadas ou agredidas pelos mesmos homens, mas não registraram boletim de ocorrência por medo.
Segundo o delegado Tristão Borborema, a investigação está em estágio avançado: “Eles a cercaram e a agrediram fisicamente. Um deles tentou praticar uma atitude com conotação sexual ao levantar sua saia. Quando descobriram que se tratava de uma pessoa do sexo masculino e do gênero feminino, eles passaram a agredi-la covardemente até que ela simulou um desmaio e a deixaram no local.”
Para Diego Babinski, presidente da ONG Nubia Rafaela Nogueira, o caso é mais um episódio de violência motivada por transfobia. “A Tainá não é um homossexual, ela é uma mulher trans. É mais um caso para a estatística, mas a gente agradece por ela estar viva, podendo repercutir esse caso”, declarou.
“Eu não vou ficar calada, não vou esconder meu rosto. Quero que outras pessoas que passaram por isso vejam que vale falar. Eu poderia ter morrido”, concluiu a vítima.
Os suspeitos ainda não foram identificados.
Com informações de Banda B, parceira do Portal aRede.