Organizações regionais buscam medidas para 'driblar' tarifaço de Trump
Acipg propõe que empresas adotem "lay off" para conter prejuízos e um possível colapso do sistema econômico local
Publicado: 16/07/2025, 18:45

A onda de tarifaços propostas por Donald Trump, presidente dos EUA, tem gerado instabilidade e dúvidas sobre o futuro do mercado brasileiro. Na última quinta-feira (10), Trump enviou uma carta ao Palácio do Planalto informando que taxaria em 50% produtos brasileiros importado pelos americanos. Conforme o presidente dos EUA, a medida é uma retaliação ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Brasil e as decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito das empresas de mídias sociais americanas.
Nos Campos Gerais, algumas empresas já começaram a adotar meios para tentar “driblar” o sistema contra futuros prejuízos. Em Guarapuava, a Millpar, empresa do setor madeireiro da Região Central do Paraná, anunciou na última sexta-feira (11) a concessão de férias coletivas para seus funcionários por um período inicial de 15 dias. A medida começou a ser contada a partir dessa segunda-feira (14). Em Jaguariaíva, a BrasPine, empresa responsável pela fabricação de molduras de Pinus, também adotou a medida de férias coletivas, que afetou cerca de 700 trabalhadores da unidade.
A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), informou que vai fazer um levantamento das empresas da região, além de Ponta Grossa, para entender quais desses segmentos possuem negócios com os EUA e que serão afetadas caso não haja uma resolução dos problemas.
A organização deverá promover suporte aos produtores afetados, inclusive, adotando o modelo "lay off", formato presente na legislação trabalhista, que suspende o contrato de trabalho, fazendo com que o empregado deixe de receber o pagamento, mas mantém o vínculo empregatício, sendo recontratado posteriormente.
Segundo Nelson Canabarro, Diretor de Captação de Recursos da Acipg, caso o governo brasileiro não tome medidas importantes, em 3 meses, o sistema econômico nacional poderá entrar em colapso. “O governo brasileiro precisa tomar uma medida urgente porque os negócios internacionais não acontecem assim do dia para a noite. São contratos de longa data, produtos que estão sendo transportados agora que já foram vendidos meses atrás e a reação brasileira vai definir o futuro do mercado”, destacou Nelson Canabarro.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) acompanha os desdobramentos e consequências dessa taxação e os reflexos no setor industrial paranaense. Em nota, a organização diz estar participando da articulação nacional para tentar reverter a taxação “A Fiep informa que tem participado ativamente da mobilização que reúne as Federações das Indústrias do país, sob liderança da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que busca articulação com o governo federal brasileiro para que sejam esgotadas todas as possibilidades de negociação com a administração norte-americana”.
Segundo a FIEP, o setor industrial propõe que seja solicitado ao governo dos EUA uma ampliação de 90 dias no prazo para o começo da vigência da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump, inicialmente prevista para 1º de agosto. “Essa medida traria maior previsibilidade para as empresas e tempo para se encontrar caminhos para uma solução definitiva, com foco na adequação da taxação aos produtos brasileiros”, continua a nota.
O G7 Paraná, grupo que reúne sete grandes entidades do setor produtivo paranaense (Fecomércio, Faciap, Faep, Fiep, Fetranspar, Ocepar e ACP), se manifestou a respeito. “A organização se posiciona junto ao governo brasileiro, solicitando agilidade diante do anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros, que deverá ser imposta pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto”.
O grupo reforça que “as autoridades federais abram canais de diálogos efetivos com o governo norte-americano, buscando a anulação dessa medida e, assim, evitando prejuízos imensuráveis para a economia nacional.”
"Esperamos sensatez, agilidade e tato neste decisivo momento de negociação com os americanos, pois o Paraná, em especial, pode vir a perder competitividade com o aumento do valor dos produtos", disse o coordenador do G7, coronel Sérgio Malucelli.