Manifestantes vão à Câmara e sessão fica tumultuada
O plenário da Câmara Municipal foi palco de manifestações após uma moção de aplauso ao ministro Alexandre de Moraes ter sido protocolada pelo vereador Dr. Erick
Publicado: 09/11/2022, 18:24
Manifestantes estiveram na tarde desta quarta-feira (9), na Câmara Municipal de Ponta Grossa, para protestar contra uma Moção de Aplauso que seria destinada ao Ministro do STF, Alexandre de Moraes. Por conta da pressão dos manifestantes, a moção - de autoria do vereador Dr. Erick (PSDB) - foi retirada de pauta pelo próprio parlamentar antes do início da sessão. Mesmo assim, a reunião acabou sendo tumultuada e marcada pelos ânimos acalorados na Casa de Leis Pontagrossense.
Os protestos aconteceram, principalmente, durante a comunicação parlamentar, antes do início da votação dos projetos. Alguns cartazes diziam “esquerdismo em Ponta Grossa não” e “SOS Forças Armadas”. Durante a fala do vereador Léo Farmacêutico (PV), os manifestantes comemoraram o apoio recebido pelo parlamentar. “Vemos aqui hoje a casa cheia. A democracia é maravilhosa, é linda. Essa manifestação é pacífica e isso é muito importante. Precisamos tomar uma posição diante dos vários problemas que estamos enfrentando. Toda manifestação pacífica é bem-vinda”, disse o vereador.
A fala de Léo Farmacêutico foi reforçada por Missionária Adriana (SD) e Paulo Balansin (PSD) logo na sequência. “Tenho acompanhado as manifestações e acompanhei um vídeo onde essas pessoas que se manifestam também se reúnem para rezar e orar pelo nosso país, para pedir um direcionamento. A nossa praça nunca esteve tão varrida, tão limpa, tão organizada. Eu acredito que esses ânimos acalorados é porque expressões como ‘doentes mentais’ foram ditas contra eles”, afirmou a vereadora, que foi aplaudida e ovacionada pelos manifestantes. “Nós, da direita, também temos o direito de nos manifestar. Faz seis anos que estou aqui e só vi a esquerda no plenário criticando. Hoje veio uma manifestação séria, querendo fazer aquilo que é o melhor para o país, só com gente trabalhadora”, completou Balansin. O vereador Leandro Bianco (SD) também se manifestou favorável ao protesto,
Durante as falas, o vereador Dr. Erick afirmou ser vítima de ameaças por parte dos manifestantes. “Quero que fique registrado as ameaças à minha integridade física Ameaças essas que estão partindo dos cidadãos de bem que estão nessa casa. Cidadãos de bem estão me ameaçando com violência”, relatou. Na sequência, os manifestantes começaram a gritar, em coro: “Chorão, chorão, chorão” contra o vereador.
O presidente da Câmara Municipal, Daniel Milla (PSD), teve que intervir e pedir respeito pelas falas dos vereadores. “É a última vez que vou pedir a todos para que mantenham a calma. A manifestação é livre, mas a partir do momento que um vereador está fazendo uma fala ou um vereador está fazendo um pronunciamento, peço que os senhores aguardem e depois vocês podem fazer a manifestação. Eu visto essa camisa (da Seleção Brasileira), não só por causa do voto, mas pela nossa liberdade. Se não respeitarmos as opiniões, não teremos liberdade nunca”, disse.
REQUERIMENTO
A situação ficou ainda mais tumultuada quando Josi do Coletivo (Psol) utilizou a tribuna para avisar que enviou um requerimento à Prefeitura solicitando explicações sobre os protestos que acontecem na Praça Marechal Floriano Peixoto. Enquanto a parlamentar tentava falar, os manifestantes gritavam e vaiavam a vereadora.
“Queremos saber a quantidade de autuações de trânsito realizadas pelo departamento competente na praça e no seu entorno desde o dia 2 de novembro e quais as providências a prefeitura está tomando para a conservação e preservação das características da praça. Hoje, a praça encontra-se descaracterizada por um acampamento de um movimento antidemocrático que ali se encontra. Queremos saber se a prefeita tomou ou vai tomar alguma atitude ou se é conivente com essa situação vergonhosa”, disse Josi, que também protocolou uma representação ao Ministério Público Estadual para que os protestos sejam investigados.
Durante a fala de Josi, os manifestantes gritaram palavras de ordem como: “O povo unido jamais será vencido”.
Após a comunicação parlamentar e o início das votações previstas na Ordem do Dia, a situação se estabilizou e, aos poucos, os vereadores foram deixando o plenário da Câmara. O vereador Dr. Erick, por sua vez, divulgou um vídeo alegando ser vítima de ameaças, enquanto Daniel Milla se posicionou nas redes sociais dizendo ser contra as ações do ministro Alexandre de Moraes, que seria inicialmente homenageado por Erick.