Projeto cultural transforma alunos em escritores
Nesta terça-feira (25), estudantes do Colégio Borell receberam exemplares do livro com os textos que escreveram durante as oficinas de dramaturgia promovidas pelo projeto ‘Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura’
Publicado: 25/11/2025, 17:56

O Colégio Estadual Professor João Ricardo von Borell du Vernay agora tem alunos escritores. Alguns estudantes do ensino médio participaram das oficinas de dramaturgia promovidas pelo projeto ‘Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura’ e tiveram seus textos publicados num livro, que foi entregue de forma simbólica na manhã desta terça-feira (25). Durante os encontros, os alunos leram textos, debateram ideias e escreveram cenas curtas de dramaturgia que são o espelho de uma geração inquieta, crítica e cheia de imaginação. A iniciativa é produzida pelo Grupo Dia de Arte, com apoio da ABC Projetos Culturais, e foi aprovada pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná para receber recursos através da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura (Governo Federal).
A aluna Iasmym Vitória, do terceiro ano do ensino médio, conta que sempre gostou de arte e não pensou duas vezes quando soube da oficina. “Não é comum ter uma oficina de dramaturgia aqui no colégio, então eu fui de cabeça e acabei me apegando muito nas pessoas que estavam ali comigo. Foi uma experiência muito bacana, porque a gente se aprofundava muito nos textos que a gente lia, conversava sobre eles e cada um via aquilo de um ponto de vista diferente”, conta. Ela destaca que ficou muito surpresa quando viu que um dos seus textos foi selecionado para fazer parte do livro. “Eles comentaram sobre o livro, mas eu não estava esperando. Eu estou muito feliz e muito orgulhosa de mim”, afirma.
Ingridy Melissa dos Santos, do segundo ano do ensino médio, conta que começou a participar das oficinas por influência da irmã, que é apaixonada por literatura. “Depois que eu comecei a participar dos encontros, eu vi o quanto as pessoas eram apaixonadas por leitura e comecei a gostar também. A oficina despertou essa paixão em mim e eu até incentivei amigos meus a participarem também”, lembra. Ela não esconde o orgulho que sentiu ao ver o seu texto impresso no livro. “Na verdade, eu quase nem acreditei. Eu fiz com muita dedicação, mas não pensei que seria um livro. Fiquei muito feliz e vou mostrar para minha mãe”, antecipa.
O estudante Luiz Fernando Lima dos Santos, do primeiro ano do ensino médio, comenta que decidiu fazer as oficinas apenas para se distrair. “Eu queria fazer alguma coisa durante a tarde, quando não estou na aula, e a oficina de dramaturgia me pareceu algo legal. Então, eu fui participar, gostei muito da companhia das outras pessoas e continuei até o final”, recorda. Ele frisa que ficou muito feliz e orgulhoso ao ver o trabalho que foi realizado durante os encontros transformado num livro. “É muito legal saber que você fez algo e agora outras pessoas podem ver”, comenta.
Arte como ferramenta de expressão
A diretora do Colégio Estadual Professor João Ricardo von Borell du Vernay, Taciane Szymczak Inácio, acredita que é fundamental que as escolas estejam sempre de portas abertas para receberem projetos culturais. “A arte é a expressão da vida. Quando os alunos estão atuando ou escrevendo, eles estão deixando as suas emoções virem à tona. Muitas vezes, eles estão assumindo um personagem que é o que eles gostariam de ser na vida real ou, ao contrário, que eles rejeitam, mas acabam se identificando com as emoções daquele personagem”, diz. Ela acrescenta que a arte aguça a sensibilidade, aumenta a empatia e ajuda os alunos a se colocarem no lugar dos colegas. “Eles se tornam mais sensíveis à realidade dos outros, à realidade da escola e do ambiente ao redor. Isso contribuiu para uma sociedade melhor e, consequentemente, traz benefícios para a escola porque diminui a violência e aumenta a interação. Os projetos são sempre muito bem-vindos aqui no Colégio Borell”, garante.
Transformando referências em textos autorais
O diretor do Grupo Dia de Arte, David Dias, explica que as oficinas de teatro e literatura foram inspiradas no Manifesto Antropofágico, movimento liderado por Oswald de Andrade, que propôs devorar metaforicamente as contribuições culturais estrangeiras e reelaborá-las de forma autêntica. “Esse processo de apropriação foi muito gostoso. A gente trouxe várias referências literárias e foi apresentando para os alunos, buscando o que eles mais gostavam. A cada oficina, a gente foi pensando como essas referências poderiam ser uma fala de um personagem ou uma voz que ecoa dentro dele, trazendo para dentro do texto e do universo da escrita”, explica. A partir dessas leituras, os alunos foram criando textos com a identidade deles, que se transformaram em uma cena curta de dramaturgia e reunidos no livro. “O mais bacana é que eles se inspiraram nessas referências, mas sempre trazendo para a realidade e o cotidiano deles. Então, dá uma sensação de orgulho ver o livro pronto, porque é o resultado de um trabalho muito bonito”, afirma.
Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura
O projeto cultural ‘Ciclo de Ações Formativas em Teatro e Literatura’ foi dividido em três etapas. A primeira delas foi a produção do espetáculo Anoiteceu em Mim, escrito e protagonizado por David Dias, com criação e construção de cenário, figurino, iluminação e sonoplastia. No segundo momento, a peça circulou pelos municípios de Ponta Grossa, Telêmaco Borba, Guarapuava, Londrina e Curitiba. Foram realizadas duas apresentações em cada cidade, sendo uma em escolas localizadas na região central e outra em colégios periféricos. Ponta Grossa também contou com duas exibições abertas para o público geral.
A terceira fase do projeto foi a realização da oficina de dramaturgia para estudantes do ensino médio da rede pública de ensino de Ponta Grossa, com o objetivo de aproximar os jovens da literatura e da linguagem teatral. Durante os encontros, os alunos tiveram contato com peças teatrais que fizerem parte dos textos cobrados em vestibulares e produziram textos autorais com pequenas cenas de dramaturgia. Esse material foi reunido num livro, que também está disponível nos formatos e-book ou audiobook, e será distribuído gratuitamente para as escolas participantes e para as bibliotecas públicas das cidades participantes.
Com informações de assessoria de imprensa





















