Morre Jards Macalé, cantor e compositor, aos 82 anos
Artista, que transitou por música, cinema, televisão, teatro e artes plásticas, tratava uma broncopneumonia
Publicado: 17/11/2025, 17:42

O cantor e compositor Jards Macalé, de 82 anos, morreu nesta segunda-feira, 17 de novembro. A notícia foi confirmada pela família do compositor. O músico estava internado em hospital na Barra da Tijuca, zona sudoeste do Rio de Janeiro, tratando uma broncopneumonia. Ele sofreu uma parada cardíaca.
"Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando "Meu Nome é Gal", com toda a energia e bom humor que sempre teve".
"Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral", diz a mensagem nas redes sociais do músico seguida por palavras do próprio Macalé: “Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte. Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno.”
Nascido em 3 de março de 1943 no tradicional bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio, Jards Anet da Silva cresceu em uma família em que a música era uma atividade cotidiana. Quando criança, tinha na vizinhança grandes nomes do rádio de sua época, como Vicente Celestino e Gilda de Abreu. E mesmo em casa tinha as valsas e modinhas frequentemente tocadas pela mãe, Lígia, ao piano, e pelo pai, que costumava empunhar seu acordeom durante as festas. E elas não eram poucas.
Em 60 anos de carreira, fez um pouco de tudo, trafegando com desenvoltura pelas mais diversas áreas: música, cinema, televisão, teatro e artes plásticas. No cinema, por exemplo, atuou e fez trilha sonora em filme de Nelson Pereira dos Santos.
Multiartista, compôs para exibições de Helio Oiticica, Xico Chaves e Lygia Clark. Dirigiu Maria Bethânia e Gal Costa. Foi parceiro de Waly Salomão, Vinicius de Moraes e José Carlos Capinam. Produziu "Transa" (1972), obra-prima do período de Caetano Veloso no exílio, em Londres.
Amante do Rio de Janeiro com todas suas manhas e manias, Macalé era também seu crítico.
— O Leme é uma espécie de subúrbio de Copacabana, é mais tranquilo, mais calmo. Aqui estou de frente para o morro, tem uma vegetação maravilhosa — disse ao GLOBO em 2023, ao fazer 80 anos.
Na época, dizia que “o passado é tão complexo quanto o presente, mas parece que o Rio já foi menos estilhaçado do que é hoje”.
— Apesar da miséria toda, o carioca era mais amigável. Tem o Zé Keti cantando “pode me prender, pode me bater/ mas eu não mudo de opinião/ daqui do morro e não saio, não” (“Opinião”). Mas, a essa altura do campeonato, quem é que não quer sair do morro? Andar na rua hoje, desconfiando uns dos outros, é uma desgraça!
Informações: O Globo





















