Seca e calor derrubam safra de cana no Brasil: Conab prevê 666,4 milhões de toneladas
Clima adverso no Centro-Sul reduz produtividade da cana e limita avanço da safra 2025/26, em contrapartida, região Sul prevê crescimento de + 7,7%
Publicado: 04/11/2025, 14:14

A combinação de restrição hídrica, chuvas irregulares e excesso de calor durante o desenvolvimento das lavouras, especialmente no Centro-Sul, comprometeu o potencial produtivo da safra 2025/26 de cana-de-açúcar.
Segundo o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (4), a produção deve totalizar 666,4 milhões de toneladas, queda de 1,6% em relação ao ciclo anterior.
A área cultivada, estimada em 8,97 milhões de hectares, é 2,4% maior que a de 2024/25.
O avanço, contudo, não compensou a perda de 3,8% na produtividade média nacional, projetada em 74.259 quilos por hectare, resultado direto das condições climáticas desfavoráveis.
Principal região produtora do país, o Sudeste deve colher 420,2 milhões de toneladas, retração de 4,4% ante 2024/25. O maior recuo ocorre em São Paulo, com 18,2 milhões de toneladas a menos.
Seca, altas temperaturas e incêndios em parte dos canaviais prejudicaram a rebrota e o desenvolvimento das lavouras, reduzindo o rendimento agrícola.
No Norte, mesmo com aumento de área, o clima mais restritivo deve levar a uma leve redução, para 4 milhões de toneladas.

Centro-Oeste e Sul compensam parcialmente
No Centro-Oeste, a produtividade média deve cair 1,9%, para 77.024 quilos por hectare. A expansão de 6% na área colhida — de 1,85 milhão para 1,96 milhão de hectares — sustenta alta de 3,9% na produção, estimada em 151 milhões de toneladas.
No Nordeste, a colheita deve alcançar 55,1 milhões de toneladas (+1,3%), com produtividade estável (60.630 quilos por hectare) e área 1,2% maior (de 897,5 mil para 908,2 mil hectares).
No Sul, precipitações superiores às do ciclo anterior favorecem 36,2 milhões de toneladas, +7,7%.
Açúcar cresce; etanol recua
A menor disponibilidade de cana limita o avanço do açúcar, mas a Conab projeta 45 milhões de toneladas (+2% vs. 2024/25). Se confirmado, será o segundo maior volume da série, atrás de 2023/24 (45,68 milhões de toneladas).
A produção total de etanol (cana + milho) deve atingir 36,2 bilhões de litros (−2,8%).
O recuo decorre da queda de 9,5% no etanol de cana, para 26,55 bilhões de litros, parcialmente compensada pela alta de 22,6% no etanol de milho, estimado em 9,61 bilhões de litros.
Do total, 13,58 bilhões de litros serão de anidro e 22,16 bilhões de hidratado.
Exportações e preços
De abril a setembro, o Brasil exportou 17,7 milhões de toneladas de açúcar (−9% ante igual período anterior). Apesar de mix mais açucareiro, a menor qualidade da matéria-prima (ATR) limitou o rendimento por tonelada.
O aumento dos estoques de açúcar bruto elevou a relação estoque/exportação e pressionou as cotações em Nova York no início de outubro, à medida que projeções externas incorporaram produção brasileira ligeiramente maior e demanda interna mais fraca,ampliando o excedente exportável.
Ainda assim, o ajuste do USDA no consumo doméstico, revisto para cerca de 9 milhões de toneladas, pode favorecer recuperação gradual dos preços do açúcar cristal no mercado físico ao longo do quarto trimestre, pela sazonalidade do consumo.
Etanol: demanda interna firme
As vendas internas seguem em bom ritmo, sobretudo do anidro, refletindo maior mistura e recomposição de estoques pelas distribuidoras.
O hidratado permanece sensível à paridade com a gasolina e ao câmbio. Com a safra entrando na reta final, ATR mais baixo, oferta restrita e anidro firme tendem a manter o etanol estável a ligeiramente valorizado no quarto trimestre.
Com informações: Agro FyNews.





















