Cooperativas da região faturam quase R$ 15 bi e fomentam a economia local
As cinco principais cooperativas agroindustriais dos Campos Gerais cresceram, em média, 39,8% em 2021. Juntas, elas contabilizam mais de 6,2 mil vagas de emprego diretas e reúnem 6,9 mil associados, gerando desenvolvimento
Publicado: 15/12/2022, 15:54
É simplesmente impossível desassociar todo o protagonismo dos Campos Gerais do Paraná, nas mais diversas áreas do agronegócio, ao cooperativismo. A começar pelo fato de que a primeira cooperativa do Estado e a segunda do Brasil foi justamente criada na região, a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Laticínios, fundada em 1925, que se tornou Batavo e hoje é a Frísia, sediada em Carambeí. Além desta, a região sedia outros exemplos das principais e maiores cooperativas agroindustriais do Paraná e do país, que auxiliam no desenvolvimento do setor e todo o seu entorno, gerando crescimento econômico e melhorias na qualidade de vida em todas as cidades onde atuam.
O resultado da forte organização cooperativista é que, somadas as cinco principais cooperativas agroindustriais da região (Castrolanda, Frísia, Capal, Coopagricola e Witmarsum), o faturamento se aproximou de R$ 15 bilhões em 2021, com o crescimento constante de receitas que dobraram nos últimos cinco anos. Os números comprovam: em 2017, o faturamento bruto dessas cooperativas sequer chegou aos R$ 7 bilhões, valor que saltou para R$ 14,95 bilhões em 2021. Nestes últimos anos, o crescimento mais expressivo foi justamente de 2020 para 2021, quando a soma de R$ 10,69 bilhões teve um incremento de R$ 4,25 bilhões, resultando em um crescimento de médio 39,81%. Juntas, elas possuem 6,9 mil cooperados e geram 6,2 mil vagas de emprego.
O maior faturamento entre as cooperativas da região é da Castrolanda, sediada em Castro. Em 2021, foram movimentados R$ 5,80 bilhões pela cooperativa, valor que cresceu R$ 1,33 bilhão em comparação com 2020. Em valores, a maior alta foi da Frísia, que registrou um incremento de R$ 1,48 bilhão, ao passar de R$ 3,71 bilhões (2020) para R$ 5,20 bilhões em 2021. Já em termos percentuais, a maior evolução foi da Coopagricola, sediada em Ponta Grossa, de 64,06%. A Capal, de Arapoti, teve um incremento de R$ 1,2 bilhão em 2021, após crescer 58,32%; ao passo que a Witmarsum, de Palmeira, teve uma evolução de 39,5% nos valores movimentados.
FATORES
A valorização generalizada das commodities e de produtos da pecuária (como do leite, por exemplo), decorrente da pandemia do coronavírus, foi um dos pontos que contribuiu para o crescimento expressivo do setor. Mas alguns fatores essenciais do cooperativismo, especialmente a organização, foram cruciais para essa evolução em momentos de incertezas, como ocorreu no decorrer do ano, como explica o presidente da cooperativa Castrolanda, Willem Berend Bouwman. “O crescimento é reflexo de uma atuação fundamentada em valores, que permite que colaboradores, cooperados e todos os envolvidos na cadeia produtiva tenham suas demandas levadas à sério, garantido o direito de pautar decisões coletivas. O resultado deste processo é o crescimento econômico andando de mãos dadas com o desenvolvimento da comunidade, em uma relação em que todos ganham”, disse.
Cooperativismo contribui para o desenvolvimento humano
Mais do que garantir toda assistência e o fomento junto aos cooperados, as cooperativas trazem benefícios para a comunidade. Como mostram dados da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), as cooperativas são as maiores empresas em 130 cidades do Estado, gerando emprego e renda. Atualmente, em todo o estado, quase 140 mil pessoas trabalham diretamente no setor. “O crescimento das cooperativas e do cooperativismo como um todo traz um efeito positivo ao seu entorno. Pois, nos municípios onde as cooperativas são fortes, o IDH é maior e há uma renda melhor, o produtor tem mais rentabilidade. Esse é o papel do cooperativismo real, correto, transparente, que trabalha como cooperativa real e não apenas fachada para ter benefícios fiscais é um modelo de negócio importante para o desenvolvimento do país inteiro”, diz Artur Sawatzky, presidente da Cooperativa Agroindustrial Witmarsum, com sua experiência da presidência desde 1998 - o período foi interrompido apenas entre 2008 e 2016, quando integrou o conselho de administração.
Intercooperação fomenta a industrialização
As cooperativas da região atuam em diversas áreas do agronegócio, como grãos (principalmente, trigo, soja e milho), leite, suínos, batata, rações, sementes, ovinos e até mesmo café (caso da Capal), e realizam a industrialização de produtos. Frísia, Castrolanda e Capal, atuam numa aliança estratégica em forma de intercooperação, através da Unium, que realiza a industrialização em investimentos realizados na Unidade Industrial de Carnes (que produz a marca Alegra), nas Unidades de Beneficiamento de Leite (que produzem, por exemplo, a marca Colônia Holandesa) e no Moinho de Trigo (que produz a farinha de trigo Herança Holandesa). Mais recentemente, elas se uniram à Coopagricola, Agrária e Bom Jesus para a construção da maior maltaria da América Latina, em Ponta Grossa, com investimentos que devem chegar a R$ 3 bilhões. “Sabemos que, juntos, conseguimos superar os desafios do dia a dia e buscar novas soluções para aumentar a produtividade, sempre pensando no crescimento do produtor, na qualidade de vida animal e na sustentabilidade”, afirma o presidente da Frísia, Renato Greidanus.
Balanço parcial de 2022 mostra crescimento nas movimentações
Em balanços preliminares do acumulado do ano de 2022, as cooperativas já revelam crescimentos expressivos nos faturamentos, na comparação com os mesmos períodos no ano anterior. A Frísia, por exemplo, confirmou que no primeiro semestre de 2022, o faturamento líquido acumulado foi de R$ 3,02 bilhões, com uma alta de 22% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A Capal, por sua vez, que faturou R$ 3,2 bilhões em 2021, somente nos seis primeiros meses de 2022 acumulou receitas que atingiram R$ 2,19 bilhões.
Em uma contagem mais avançada, a Castrolanda revelou que até o final de outubro já havia superado o faturamento de todo o ano de 2021, alcançando uma movimentação de R$ 5,9 bilhões, com evolução de 16%, na comparação com os mesmos 10 meses do ano anterior. Já a Witmarsum, nos mesmos 10 meses de 2022, totalizou um faturamento de R$ 246,28 milhões, valor que também se aproxima do faturamento total de 2021, de R$ 261,6 milhões.
“A maioria das cooperativas são agroindustriais, isto é, que agregam valor à produção de seus cooperados. Além disso, há também o investimento em tecnologia, inovação e recursos humanos, o que significa na prática dar todo o suporte necessário ao cooperado para que ele produza melhor, com um menor custo, trazendo mais resultado e agregando valor à sua produção”, avalia Artur Sawatzky, presidente da Witmarsum.