O papel transformador das doulas na assistência ao parto
Juliane Carrico, foi a única paranaense selecionada para participar do II Encontro Nacional de Doulas, realizado pela Fiocruz
Publicado: 15/01/2025, 13:54
No episódio mais recente do Viver Bem, Juliane Carrico, doula e cofundadora do Coletivo de Doulas de Ponta Grossa, foi entrevistada para uma conversa esclarecedora sobre o papel essencial dessas profissionais na assistência ao parto e à gestação. Ela foi a única paranaense selecionada, através de um edital, para participar do II Encontro Nacional de Doulas, realizado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Juliane explicou que o trabalho da doula está centrado em três pilares fundamentais: o suporte informativo, emocional e físico. No aspecto informativo, as doulas oferecem orientações baseadas em evidências científicas sobre temas como vias de nascimento, riscos e benefícios da cesárea e do parto normal, violência obstétrica, racismo obstétrico, plano de parto e outros temas que auxiliam as gestantes a tomarem decisões conscientes.
No suporte emocional, as doulas são a presença tranquilizadora que encoraja e apoia a mulher durante o processo de gestação e parto, enquanto o suporte físico envolve técnicas não farmacológicas para alívio das contrações, como massagens e posições que ajudam no trabalho de parto.
Juliane destacou a importância da constante atualização das doulas, que participam de grupos de estudo e revisões científicas para garantir um atendimento de qualidade às gestantes. Ela enfatizou que, o trabalho das doulas não substitui o dos profissionais de saúde, mas complementa, com o objetivo de garantir uma experiência de parto mais positiva e humanizada.
O Coletivo de Doulas de Ponta Grossa
Fundado oficialmente em 2022, o Coletivo de Doulas de Ponta Grossa surgiu da união de profissionais engajadas em oferecer apoio e informação às gestantes da região. O grupo promove rodas de conversa gratuitas, encontros de educação perinatal e colabora com projetos de instituições como o Sesc e o Hospital Regional. Essas iniciativas têm como objetivo democratizar o acesso às informações sobre gestação e parto, beneficiando mulheres que não podem contratar doulas individualmente.
Juliane também relatou sua recente participação no II Encontro Nacional de Doulas, realizado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Representando o Paraná, ela compartilhou as experiências do coletivo em um evento que reuniu doulas de todo o Brasil para discutir a importância da regulamentação da profissão e a ampliação do acesso ao trabalho das doulas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Ela conta que o momento permitiu trocas de experiências entre as doulas, o que ajudou a ter uma análise nacional dos problemas e desafios da profissão. “Foi um momento de juntar as dores, de ouvir essas experiências e entender o que a gente pode trazer para nossa realidade. Tem uma frase que soou muito lá dentro do encontro que é ‘dou-lhe cuidado de qualidade para reduzir mortalidade’, porque mais em 90% das mortes maternas que acontecem por decorrência de algum agravamento da gestação ou do pós-parto, poderiam ser evitadas”, conta Juliane.
A profissional afirma que o trabalho que vem realizando, junto com as outras doulas da cidade, é um trabalho de formiguinha, mas que vale a pena. “Esse II Encontro Nacional de Doulas mostrou que nós somos um grupo forte, que eu não estou sozinha aqui em Ponta Grossa, a coletiva de doulas não está sozinha aqui em Ponta Grossa, não é uma coisa local. É uma coisa não só nacional, é mundial, porque os dados mostram o quanto o papel da doula beneficia essas mulheres e esses bebês no mundo todo”, afirma.
O Caminho para a Humanização do Parto
A humanização do parto, conforme explicou Juliane, vai além do conforto físico e emocional; ela se baseia em três pilares: a medicina baseada em evidências, o protagonismo da gestante e o trabalho de uma equipe multidisciplinar. Apesar dos avanços no Paraná, onde as doulas têm sua presença garantida por lei em hospitais públicos, ainda há desafios para ampliar o acesso universal a esse serviço essencial.
Por fim, Juliane deixa um recado para os seguidores e seguidoras do Portal aRede: “Sempre falo que toda mulher merece ter ao lado uma profissional que vai apoiá-la e incentivá-la, mostrando como ela pode reconhecer o seu corpo e quais métodos existem para poder trazer um benefício melhor para a maternidade e para o bebê. A doula não é a favor do parto normal a qualquer custo, nem cesárea sem necessidade. Então a gente sempre vai pontuar os benefícios e riscos de cada uma, a gente vai ser o suporte que essa família precisa”, completa.
A entrevista foi um convite a refletir sobre a importância do trabalho das doulas e a necessidade de políticas públicas que garantam a todas as gestantes o direito a uma assistência humanizada e qualificada. Para conhecer e saber mais, acesse o Instagram @coletivadedoulaspontagrossa.