Museu Campos Gerais, símbolo cultural do Interior do Paraná, completa 75 anos
O museu completou 75 anos nesta semana em meio a recordes de visitação, novas instalações que incluem o prédio histórico restaurado, exposições em constante renovação e parcerias com diversas instituições
Publicado: 16/09/2025, 08:42

O segundo museu mais antigo do Paraná está de aniversário. O Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (MCG-UEPG) completou 75 anos nesta semana em meio a recordes de visitação, novas instalações que incluem o prédio histórico restaurado, exposições em constante renovação, parcerias com diversas instituições, um relacionamento intenso com a pesquisa e pós-graduação e um protagonismo nacional no uso da tecnologia, inovação e de inteligência artificial na digitalização e gestão de acervos.
“O Museu Campos Gerais é o mais antigo do Interior do Estado e o museu universitário mais antigo do Paraná. Nós chegamos aos 75 anos como um museu dinâmico, que integra ensino, pesquisa, extensão, inovação tecnológica e atividades culturais”, comemora o diretor do MCG, professor Niltonci Batista Chaves.
O historiador destaca como fatores essenciais para o sucesso atual da instituição, que a credenciam como o principal museu do interior do Paraná: a estrutura, a integração com o Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), a criação do Laboratório Multiusuário de Humanidades Digitais e Inovação (Lamuhdi) e a articulação com outros museus e centros de documentação, por meio de redes.

O reitor Miguel Sanches Neto reforça que o MCG está alinhado à vocação da UEPG de valorizar e integrar diferentes áreas do conhecimento. “Dentro de sua missão de agregar as principais iniciativas da área de ensino, cultura, comunicação e esporte, a UEPG incorporou o Museu Campos Gerais à sua estrutura e hoje, totalmente ressignificado, ele se tornou um centro cultural e de pós-graduação e pesquisa, ampliando sua abrangência. Assim, de forma agregadora, estamos construindo a mais sólida instituição pública dos Campos Gerais”, diz.
“Vivemos um dos melhores momentos do MCG, sob uma gestão dinâmica e com muitas atividades. O Museu está vivo, cheio de gente, estudantes e jovens. Esse dinamismo nos enche de orgulho em um espaço que preserva a história”, celebra o professor Ivo Mottin Demiate, vice-reitor.
Para comemorar a data, uma programação especial será realizada durante o V Colóquio de História do PPGH, 42ª Semana de História da UEPG e Primavera dos Museus, de 22 a 28 de setembro. Além disso, está previsto o lançamento de roteiros históricos especiais, nos mesmos moldes do projeto “Rota Preta”, agora voltados à memória esportiva local e à religiosidade. Os roteiros irão passar por pontos da cidade de Ponta Grossa que têm relevância histórico-cultural, com uma mediação especial em grupo, com início em outubro.

HISTÓRIA – Era 1948 e um grupo de homens da elite ponta-grossense se organizava no Centro Cultural Euclides da Cunha (CCEC) para discutir a necessidade de preservar a cultura e a identidade regional, bem como debater conceitos em voga na época, como o nacionalismo, indianismo e liberalismo. Eram professores, juristas, artistas, músicos, comerciantes, jornalistas, etnógrafos, engenheiros, médicos, radialistas, historiadores, escritores, geógrafos, políticos, padres e militares.
O objetivo era criar uma faculdade, que foi autorizada alguns anos depois, mas eles iniciaram com a criação de um museu, espaço que era visto como local de disseminação da ciência, conhecimento histórico, cultura e erudição. Os acervos começaram a ser organizados em 1948 e o Museu Campos Gerais iniciou oficialmente as atividades em 15 de setembro de 1950 – data simbólica escolhida por ser aniversário da cidade de Ponta Grossa.
O MCG nasce como um espaço científico: já no anúncio de sua inauguração no jornal literário Tapejara, do CCEC, em 3 de setembro de 1950, há uma descrição de seus primeiros departamentos. “O Centro Cultural ‘Euclides da Cunha’, como é do conhecimento de todos, inaugurará, dentro de poucos dias, o Museu dos Campos Gerais, que é uma das dependências da preciosa entidade. Constará o mesmo de três departamentos, antropológicos, geológico e entomológico, respectivamente dirigidos pelos senhores Faris Antonio Michaele, Frederico Lange e Felippe Justus”.
A primeira concepção do museu é justamente essa, voltada à história natural e à pesquisa científica. “Foi o primeiro museu privado, o primeiro museu público, o primeiro museu municipal, o primeiro museu estadual e o primeiro museu universitário da cidade”, conta o historiador Giuvane de Souza Klüppel, que pesquisou a trajetória do Museu Campos Gerais.
Entre 1957 e 1965, a instituição esteve sob administração do governo municipal. Em 1965, o museu passa a ser administrado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Fafi), uma das faculdades precursoras da UEPG. Quando um decreto estadual cria a Universidade Estadual de Ponta Grossa, em 1969, o Museu Campos Gerais chega à gestão em que permaneceu pelas mais de cinco décadas restantes.
Até a década de 1980, o acervo do MCG era exposto em espaços improvisados e emprestados: no Centro Cultural Euclides da Cunha, Edifício Gabriel Bacila, que também era a casa de Faris Michaele; no segundo andar do Edifício Ópera, acima do Cine-Teatro; em uma sala na Concha Acústica; no porão da Prefeitura Municipal; em uma sala junto à Biblioteca Pública Municipal no “Castelinho Lange”; e espalhado por salas de aula, corredores e laboratórios de Geografia da Universidade.
Em 1983, o Museu ganha uma sede oficial: o antigo prédio do Fórum de Ponta Grossa, onde funcionou até 2003. O prédio é, por si só, parte do acervo histórico do Museu. Construído há quase 100 anos para ser a imponente sede do Judiciário no Interior do Estado, o prédio do Fórum ocupa seu espaço no imaginário ponta-grossense e na história da cidade.

Em 2024, volta à sua sede, depois da maior obra de restauro da história de Ponta Grossa. Ela também contemplou adequações de acessibilidade e a construção de um novo e moderno prédio aos fundos do Fórum, onde estão a reserva técnica, áreas administrativas e laboratório de conservação. Além disso, o MCG segue ocupando a sede do Banestado, com os acervos documentais disponíveis para consulta dos pesquisadores, o Laboratório Multiusuário de Humanidades Digitais e Inovação (Lamuhdi) e o PPGH.
SERVIÇO – Desde a reabertura do prédio histórico do MCG ao público, em junho de 2024, as exposições vêm batendo recordes de visitação. Hoje, são mais de mil visitantes por mês. Estão em exposição “Cotidiano e vida militar em Roma”, “Mostra Insetário Felipe Justus”, “Africanidades em Máscaras”, “2ª Micro mostra da Reserva Técnica” e “Era uma vez… Brinquedos” e “Desnuda”, uma exposição inédita com obras de Adalice Araújo, com curadoria de Orlando de Azevedo.
As visitações individuais dispensam agendamento. Para visitas de grupos e com mediação, a atividade deve ser combinada pelo e-mail museucamposgerais@uepg.br. O horário de atendimento é de terça-feira a sábado, das 9h às 11h45 e das 13h30 às 17h. Para mais informações sobre a história do museu, visite aqui.
Com informações de: Agência Estadual de Notícias.