Conectividade aérea deve potencializar desenvolvimento logístico de PG
Representantes da indústria, comércio e turismo afirmam que cidade precisa aproveitar potencial estratégico
Publicado: 06/09/2025, 15:39

Sem voos comerciais desde 29 de março deste ano, o Aeroporto Municipal de Ponta Grossa tem forte influência no desenvolvimento logístico da cidade. Para Giorgia Bin Bochenek, presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), a ausência de um aeroporto em operação representa uma significativa desvantagem competitiva para Ponta Grossa. “O setor produtivo já tem essa demanda que comprova a viabilidade e a necessidade de voos diários para centros estratégicos, como Congonhas, por exemplo. Além disso, é imprescindível boa vontade política e a união de esforços entre setor público, iniciativa privada e entidades representativas para captar recursos e executar os projetos necessários”, diz.
Giorgia preocupa-se com o potencial turístico da cidade, visto que Ponta Grossa foi considerada um dos 28 destinos inteligentes do País. “Temos atrativos como o Parque Estadual de Vila Velha e o Buraco do Padre recebendo milhares de visitantes anualmente. Um aeroporto ampliado e modernizado tornaria a cidade ainda mais acessível e atrativa, potencializando significativamente o fluxo de turistas, o que significa mais dinheiro circulando na economia local, mais negócios para o comércio e serviços, e consequentemente, mais geração de empregos e oportunidades”, argumenta a representante municipal, que afirma entender o aeroporto em funcionamento como um catalisador de múltiplos setores para Ponta Grossa.

Em entrevista exclusiva para o Portal aRede/Jornal da Manhã, a secretária da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional (SMICQP), Faynara Merege, demonstrou interesse nos efeitos que a ampliação do aeroporto municipal pode ter nos diferentes setores da cidade. “A infraestrutura aeroportuária é um dos principais critérios que os investidores analisam, e impacta diretamente na geração de empregos e na circulação de riquezas. Modernizar o aeroporto significa abrir novas portas para o desenvolvimento, conectando a cidade a novas oportunidades de crescimento e ficando em posição de destaque no cenário nacional e internacional”, reflete.

POTÊNCIA COMERCIAL - A logística é um fator decisivo para investimentos na cidade, como aponta Rafael Issa Rickli, coordenador do Conselho Regional da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). “A ausência de voos regulares cria barreiras para novos negócios. O turismo também é prejudicado, já que visitantes dependem de Curitiba. Além disso, empresas locais enfrentam custos e dificuldades maiores para deslocamentos de executivos, clientes e fornecedores. Em outras palavras, sem aeroporto, Ponta Grossa perde oportunidades de geração de emprego, renda e desenvolvimento”, argumenta Rickli.
Para o coordenador da Fiep, a ampliação do atual aeroporto traria impacto direto na atração de indústrias. “Isto melhoraria a integração logística da região, reduzindo custos e tempo de deslocamento. Para o turismo, significaria maior fluxo de visitantes, fortalecendo a rede hoteleira, gastronômica e de eventos. Também teria reflexos na educação e na saúde, facilitando congressos, intercâmbios e até transferências médicas”, diz.

João Arthur Mohr, superintendente da Fiep, avalia ser necessária a existência de um aeroporto que corresponda ao nível de investimentos que a cidade tem recebido no setor industrial. “A região de Ponta Grossa é, atualmente, a que mais cresce economicamente no Paraná. Grandes complexos industriais estão se instalando em Ponta Grossa e municípios vizinhos, sendo que boa parte dessas novas indústrias são multinacionais ou companhias que possuem sedes em outras regiões do Brasil. O deslocamento de seus executivos, gestores, fornecedores e outros profissionais envolvidos em suas operações, é um fator fundamental", opina.

O gestor acredita que a cidade é estratégica em termos logísticos e turísticos, o que pode ser ainda mais potencializado com os investimentos aplicados no aeroporto. “A cidade, que possui diversos atrativos naturais em seus arredores, poderia ampliar a atração de turistas de outras regiões, além de poder investir também em turismo de negócios, com a promoção de eventos que aproveitassem essa grande concentração de empresas que vêm sendo registrada na região. Sem dúvida alguma, é extremamente necessário para a cidade de Ponta Grossa ter um aeroporto em condições para receber aeronaves de grande porte, como os 737 ou os A-320”, avalia João.
TURISMO - O setor hoteleiro também terá reflexos positivos a partir deste possível investimento. Daniel Wagner, presidente do Sindicato Empresarial de Hotelaria (SEHG), demonstra interesse no planejamento para o município. “Frequentemente, turistas que estão em nossa cidade por alguns dias utilizam voos de Curitiba para retornar às suas cidades de origem. Nesse cenário, o passageiro muitas vezes opta por pernoitar em Curitiba na noite anterior ao voo. Se o voo partisse de Ponta Grossa, o turista poderia usufruir de uma noite adicional em nossa cidade, utilizando o aeroporto local e evitando os transtornos da viagem por estrada", diz.

Com a correlação dos setores em desenvolvimento na cidade, o Turismo de Negócios e Eventos também é um dos pontos a serem beneficiados pelo investimento no aeroporto. “Temos aqui um grande número de empresas, além das universidades, que recebem visitantes com bastante frequência e poderão ser beneficiados com mais voos. Também seria possível desenvolver a criação de pacotes turísticos e promoções com companhias aéreas e operadoras especializadas em roteiros aéreos. Atualmente, estamos excluídos dessas oportunidades, o que se reflete na menor utilização de diárias hoteleiras na cidade", conta.

Para Karen Kobilarz, gerente executiva da Adetur Campos Gerais, para que o turismo do município possa atingir todo o seu potencial, é preciso investir em conectividade. “É fundamental ampliar as opções de voos e um número maior de companhias aéreas, oferecendo rotas diversificadas e atraentes. A mobilidade aérea deve ser compreendida como um vetor estratégico para o crescimento sustentável do turismo local”, opina a gestora.
Apesar dos apontamentos sobre os desafios que o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) poderá indicar com relação à possível ampliação do aeroporto de Ponta Grossa, os investimentos que virão a partir dele devem potencializar o desenvolvimento do município em diversos setores, sendo possível colher os frutos deste projeto a longo prazo.