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Ciclo de palestras sobre a cultura quilombola atinge mais de 900 alunos nos Campos Gerais

O projeto A Glória do Meu Quilombo passou por dez escolas em Ivaí, Sapiranga, Porto Amazonas e São João do Triunfo

A idealizadora do projeto Ligiane Ferreira traçou um paralelo com a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus
A idealizadora do projeto Ligiane Ferreira traçou um paralelo com a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus -

Iolanda Lima

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Compartilhar conhecimento, cultura afro-brasileira, quilombola e popular para além dos livros. Sob este propósito, mais de 900 estudantes da rede pública de educação foram impactadas pelo projeto A Glória do Meu Quilombo – a importância da Carolina Maria de Jesus. Depois de passar por dez escolas nos últimos 30 dias, seis urbanas e quatro do campo, o projeto foi concluído superando as projeções desta ação educativa e antirracista.

Agora, o projeto segue reverberando pelas comunidades escolares aos quais passou. Os municípios contemplados foram Ivaí, Ipiranga, São João do Triunfo e Porto Amazonas, nos Campos Gerais do Paraná.

Durante os encontros, sob a ótica afrocentrada, a idealizadora do projeto e multiartista Ligiane Ferreira contou histórias e destacou tradições da negritude, em especial aquelas pertencentes ao Quilombo da Colônia Sutil (Ponta Grossa), onde seu pai, Wilson Ferreira dos Santos, viveu a infância. A artista também traçou um paralelo com a trajetória da escritora, compositora, cantora e poeta, Carolina Maria de Jesus, que assim como o povo quilombola teve a vida atravessada pelo racismo e outras violências sociais.

Ligiane ressalta a importância da força da memória, da identidade e da cultura como ferramentas de transformação social. Para ela, cada encontro realizado nas escolas do Paraná reforçou ainda mais o sentido e a importância deste projeto. “A gente viu a necessidade de abordar o tema nas escolas, de ter um papo reto mesmo com os alunos e a comunidade escolar, falando sobre racismo, falando sobre escritores negros, falando a cultura quilombola. Todos nós da equipe saímos com o coração quentinho, porque a gente se emocionou, a gente falou sério também; porque o tema pede isso”, complementa a artista que ainda avisa: “deu tudo certo e logo a gente está nas escolas novamente, com esse tema aqui em Ponta Grossa”.

Para potencializar o aprendizado dos estudantes secundaristas foram distribuídas 2500 cartilhas com narrativas sobre a origem da Colônia Sutil – Ponta Grossa. A preocupação com a acessibilidade do material, que agora serve como consulta e fonte de pesquisa, fez com que uma versão em braille fosse criada e distribuída nas escolas visitadas. 

Saiba quais foram às escolas visitadas pelo projeto:

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A Glória Do Meu Quilombo – A Importância De Carolina Maria De Jesus é um projeto de produção de Ligiane Ferreira e Inspire Projetos Criativos; aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura - Governo Federal.

Depoimentos da comunidade escolar

     Após as palestras, a equipe de A Glória do Meu Quilombo recebeu comentários positivos da ação educativa e formativa. Os comentários chegaram pelas redes sociais, e-mail e até durante conversas e registros fotográficos. Em Ivaí, uma estudante secundarista disse o seguinte: “adorei sua palestra sobre seu povo e a história do seu pai. Continuem levando a história de vocês para mais pessoas, foi muito interessante saber mais de história, não sendo contada somente pelos livros”.

            Já para a pedagoga do Colégio Estadual do Campo de Lustosa, a palestra foi importante para a aprendizagem de toda a comunidade escolar, porque são temáticas que estão relacionadas com o cotidiano de todos. “A gente se sente muito grato em conhecer a história do povo quilombola, apesar de estar dentro do nosso planejamento anual, trabalhar com essa cultura, a presença física no colégio nos aproxima muito mais, tanto no entendimento como no reconhecimento dessa cultura”, comenta Dayane Conte.

    O inspetor do Colégio, Lucas Ienke Rodrigues, formado em História, acredita que este contato com a cultura e a história de intelectuais negros e negras, é importante para todos e ajudará a minimizar o racismo na região. “Eu, particularmente, passei pela universidade e não tive contato com a história de Carolina Maria de Jesus. Então é ‘algo novo’ que está sendo trazido aqui para dentro do colégio. O pessoal precisa ter essa consciência de que a nossa história não é só o que eles pensam que é, vai além”, disse Lucas

    O professor de História também deu seu depoimento: “Meu nome é Aquiles Trindade, sou professor aqui no colégio do interior de São João do Triunfo - Argemino. Talvez a coisa mais importante que nós tivemos depois da palestra é que os alunos perceberam que há um apagamento da história negra no nosso país. E a gente precisa lutar contra isso, nós precisamos resistir, a gente precisa ter mais autores negros no Brasil e nos colégios”.

Sobre a Glória do Meu Quilombo

“A Glória do Meu Quilombo” é um projeto que surge da necessidade de conexão e comunicação com as pessoas negras, com a periferia e as escolas públicas. Também de falar que existe um quilombo com grande importância histórica em Ponta Grossa e no Estado. “A Colônia Sutil é um local de resistência, existência e sabedoria ancestral e é muito necessário saber a história por trás dela”, comenta a filha do seu Wilson Ferreira.  Neste ano de 2025, o diferencial do projeto foi distribuir de 2.500 cartilhas direcionadas aos estudantes da rede pública com idade a partir dos 14 anos, e o acesso ao áudio livro com a sinopse das palestras.

Equipe 100% feminina     

            Uma equipe formada por mulheres de múltiplas etnias e representando várias comunidades sociais e profissionais agregou mais diversidade ao Projeto A Glória do Meu Quilombo – a importância de Carolina Maria de Jesus. Oito mulheres trabalharam juntas para levar a palestra de educação antirracista para dez escolas urbanas e de campo, em quatro municípios dos Campos Gerais (PR).

Para Indianara dos Santos, escritora e assistente de produção, “participar do projeto foi algo muito profundo enquanto pessoa e profissional; a cada página escrita, senti que estávamos construindo algo muito maior do que um material informativo: estávamos registrando parte da história de um povo, de uma família e de uma luta por reconhecimento”.

Com informações de assessoria de imprensa 

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