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Leia o texto de hoje do projeto ‘Crônicas dos Campos Gerais’

O texto de hoje é de autoria de Fernanda Wiegand Mayer, licenciada em Ciências Biológicas, Comunidade Rural de Vieiras, Palmeira

Fernanda é graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas. A jovem escritora ama cães, livros, café e boa música
Fernanda é graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas. A jovem escritora ama cães, livros, café e boa música -

O texto de hoje é de autoria de Fernanda Wiegand Mayer, licenciada em Ciências Biológicas, Comunidade Rural de Vieiras, Palmeira


Prato do dia: Campos Gerais ao molho de Europa

Meus avós e eu sempre moramos no campo, numa daquelas casas de madeira estilo “enxaimel” a mostrar nossa descendência de raiz russa/alemã, e muitas de suas nuances características vão além da arquitetura europeia em pleno Paraná.

Na culinária, sempre foram parte do cardápio o pão de bafo (que meus avós chamavam de outra coisa, na língua alemã, e nunca consegui encontrar o significado), o cuque de uva, o pinhão assado na chapa do fogão à lenha nos dias de inverno, os pastéis cozidos de requeijão, ou também chamado de leite coalhado (também com seus nomes especiais em alemão).

Havia a salada de batatas, feita nos dias de domingo, juntamente com as costelas de chão e carnes assadas, as linguiças ou salames, que sempre estavam presentes nos cafés da manhã e da tarde, às vezes acompanhados de torresmo e banha de porco derretida para comer com pão, e o chimarrão, que era o “chá de todos os dias”, sempre antes do almoço e do café da tarde.

Estes fizeram a alegria de minha infância, e era sempre obrigatório um “– Deus que ajude, vó!” (Ou “vô!”, quando era ele o autor culinário). Após comer qualquer uma de suas delícias e agradecer pelo alimento, meus avós pegavam minhas mãos em forma de “conchinha” e respondiam um “Amém!” ou “Deus te abençoe, ’fia’!”

Hoje, a casa enxaimel já não existe mais, embora tenha perdurado por mais de 50 anos!; minha avó, com seus 83, já não consegue fazer todas estas artes culinárias como antes, meu avô também já se foi... Porém, toda a riqueza cultural, culinária, e o amor que me dedicaram em minha infância são os maiores tesouros que carrego comigo hoje.

As raízes europeias, misturadas a toda diversidade brasileira (a considerar a paisagem única dos Campos Gerais e o pinhão, que é o fruto característico da nossa região), e também com as vertentes gaúchas (como o chimarrão e as carnes assadas), proporcionam um cenário cultural único e belo demais para ser colocado em um simples texto... em outras palavras, estas recordações, e todas as sensações que me despertam, são para mim o que se costuma chamar de “felicidade”

Texto elaborado no âmbito do projeto Crônicasdos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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