Teste de saliva pode revolucionar diagnóstico precoce de câncer de próstata
O teste caseiro não exigiria uma consulta médica e demonstra ter desempenho melhor do que métodos de teste atuais, de acordo com estudo
Publicado: 14/04/2025, 14:19

Um teste de saliva pode ajudar a "virar o jogo" do câncer de próstata, afirmam cientistas britânicos.
O exame analisa o DNA dos homens para descobrir quem nasceu com maior risco de desenvolver a doença.
E, ao encaminhá-los para realizar exames de biópsia da próstata e de ressonância magnética, foram descobertos alguns tumores agressivos que, de outra forma, teriam passado despercebidos.
No entanto, ainda não foi comprovado que o teste salva vidas, e especialistas dizem que vai levar "anos" até que esses testes possam ser usados rotineiramente.
Cerca de 12 mil homens no Reino Unido morrem de câncer de próstata todos os anos. Os pedidos para a realização de exames preventivos de rotina em homens saudáveis no país aumentaram desde que o ciclista olímpico Chris Hoy anunciou que tinha câncer de próstata terminal.
A orientação de realizar esses exames de rastreamento, no entanto, passou a ser mais questionada, debatida e relativizada nos últimos anos no mundo todo.
No Brasil, algumas instituições — como o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) — contraindicam a realização do rastreamento do câncer de próstata.
Em contrapartida, entidades como a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) defendem a importância desses exames periódicos para alguns grupos.
Este exame de saliva não procura sinais de câncer de próstata dentro do corpo.
Em vez disso, ele procura por 130 mutações no DNA dos homens, cada uma das quais pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de próstata.
No estudo, os cientistas testaram homens com idades entre 55 e 69 anos, e calcularam seus respectivos riscos. Os homens entre os 10% com pontuação mais alta foram convidados a realizar exames adicionais — incluindo uma biópsia e uma ressonância magnética.
O estudo, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, mostrou que:
- Dos 745 homens com pontuação alta, 468 estavam preparados para fazer os exames adicionais;
- 187 foram diagnosticados com câncer de próstata;
- 103 eram tumores de alto risco que precisavam de tratamento; 74 deles não teriam sido descobertos neste estágio com os exames atuais.
"Com este teste, pode ser possível virar o jogo do câncer de próstata", afirmou Ros Eeles, do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres.
"Podemos identificar homens com risco de tumores agressivos que precisam de mais exames, e poupar os homens com menor risco de tratamentos desnecessários", ela acrescentou.
Contudo, o teste não está pronto para ser implementado.
Dusko Ilic, professor da Universidade King's College London, disse que o teste era "promissor", mas melhorou a detecção do câncer "apenas modestamente" quando usado junto aos fatores de risco atuais — como idade, exames PSA e ressonância magnética.
Ele também afirmou que ainda não havia "nenhuma evidência direta" de que melhorasse a sobrevida ou a qualidade de vida, o que significa que mais estudos são necessários.
Além disso, a pesquisa se concentrou em pessoas de ascendência europeia, e um trabalho ainda está em andamento para adaptá-la a pessoas de outras origens. Acredita-se que os homens negros tenham o dobro do risco de câncer de próstata.
A equipe de pesquisa também afirma que há dúvidas sobre a relação custo-benefício, os possíveis danos e o melhor momento para analisar o risco.
O teste de saliva vai fazer parte do estudo Transform, que está tentando descobrir a melhor maneira de introduzir o rastreamento do câncer de próstata no Reino Unido.
As informações são da BBC