Paradoxo: hiperconectividade e solidão na Era Digital

No episódio mais recente do canal Viver Bem, a entrevista foi com Yuri Sócrates, professor de filosofia e historiador, sobre um tema relevante no contexto atual: o paradoxo entre a hiperconectividade promovida pela internet e o crescente sentimento de solidão. O filósofo também aborda sobre a sociedade do cansaço e a necessidade de um equilíbrio para se ter lucidez.

Yuri iniciou a entrevista refletindo sobre como a internet trouxe inegáveis benefícios, como o amplo acesso à cultura e à informação. No entanto, ele alertou para os impactos negativos dessa conexão virtual nas relações humanas. Segundo ele, a sociedade atual tem uma "ilusão de conexão", onde valorizamos números – seguidores, curtidas e comentários – em vez de relações genuínas. "A internet mascara a realidade", afirma, sugerindo que as redes sociais, ao focarem apenas nos melhores momentos, criam uma visão distorcida da vida e das relações humanas.

Outro ponto levantado por Yuri foi a ideia de que vivemos na chamada "modernidade líquida", conceito do sociólogo Zygmunt Bauman. Nesse contexto, as relações são voláteis e descartáveis, o que intensifica o sentimento de solidão. Embora estejamos cercados de pessoas virtualmente, as conexões são superficiais e, quando enfrentamos a realidade do outro, muitas vezes nos sentimos decepcionados. "As relações humanas são mais complexas", destaca o filósofo, sugerindo que a verdadeira conexão implica em reconhecer e aceitar as imperfeições dos outros.

Yuri também abordou a questão da "sociedade do cansaço", termo cunhado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Segundo o professor, vivemos em um contexto onde o descanso é visto como algo condenável. "Somos viciados em produtividade", explica, e esse vício se reflete tanto em ambientes de trabalho quanto nas redes sociais, onde as pessoas exibem suas rotinas intensas como troféus. Essa pressão constante gera doenças neuronais, como depressão e burnout, que estão cada vez mais presentes em nossa sociedade.

Em suas considerações finais, Yuri enfatizou a importância de momentos de contemplação e descanso para a saúde mental e o desenvolvimento pessoal. Filosofar, refletir sobre a vida e descansar são atividades que, segundo ele, estão em agonia na sociedade contemporânea, mas são essenciais para uma existência mais equilibrada e lúcida.

A conversa com Yuri Sócrates deixou a reflexão de que, apesar de vivermos em um mundo hiperconectado, é preciso reavaliar nossas relações e nossa própria forma de viver, buscando uma conexão mais autêntica tanto com o outro quanto com nós mesmos.