Grandes indústrias de PG temem apagão da mão de obra | aRede
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Grandes indústrias de PG temem apagão da mão de obra

Atualmente, 21 mil pessoas trabalham nas indústrias, em Ponta Grossa, sendo que a previsão é que esse número ultrapasse os 25 mil nos próximos anos. Desafio da Fiep é ajudar as empresas a enfrentarem esse gargalo e ampliar sua produtividade

Cerca de 21 mil pessoas trabalham nas indústrias, em Ponta Grossa
Cerca de 21 mil pessoas trabalham nas indústrias, em Ponta Grossa -

Milena Batista

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A industrialização é o principal motor econômico de Ponta Grossa, consolidando-a como o maior polo industrial do interior do Paraná, com destaque para os setores metal mecânico, agroindustrial e madeireiro, impulsionada por grandes empresas (Tetra Pak, Ambev, Continental, Mars) e uma logística estratégica, gerando forte valor adicionado e investimentos bilionários, impactando positivamente a infraestrutura e serviços públicos locais. 

Em entrevista para a equipe de Jornalismo do Portal aRede e Jornal da Manhã, André Costa, coordenador do NDI 30+ (núcleo ligado à Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa), a preocupação de todos os representantes destas indústrias é a demanda por mão de obra, que deve crescer ainda mais no município devido à chegada de novas empresas. “Uma preocupação grande é como vamos preparar, reter os profissionais e qualificar a mão de obra. Esse é o ponto principal, pois sem as pessoas qualificadas, nós não conseguimos produzir ou avançar”.  

André Costa, coordenador do NDI 30+
André Costa, coordenador do NDI 30+ |  Foto: Divulgação
  

Segundo dados apresentados pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, atualmente, 21 mil pessoas trabalham nas indústrias, em Ponta Grossa, sendo que a previsão é que esse número ultrapasse os 25 mil nos próximos anos. “Então, a nossa preocupação é como vamos manter as indústrias que já temos, além de olhar para as empresas que estão chegando no município. O desafio é muito grande”, destaca.

De acordo com Rafael Issa Rickli, diretor de indústrias da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg), e coordenador Regional Centro Oriental da Fiep, relatou que a mão de obra e empregabilidade são elencadas entre as maiores preocupações de todas as empresas. “Fomentar o treinamento e a manutenção dos funcionários é a prioridade. Temos que preparar a cidade para essa nova fase industrial e antecipar os problemas que virão. Há previsão de apagão de mão de obra e esse é o foco do trabalho”.

Rafael Issa Rickli, diretor de indústrias da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg)
Rafael Issa Rickli, diretor de indústrias da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa (Acipg) |  Foto: Divulgação
  

Conforme divulgado pelo Fiep, mesmo com saldo positivo de 1.210 novas vagas em outubro, a indústria do Paraná registrou queda expressiva de mais de 70% em relação ao mesmo mês de 2024, segundo dados do Novo Caged, evidenciando a desaceleração do mercado de trabalho industrial. No acumulado de 2025, os 38 mil postos abertos representam retração de 37% frente ao ano anterior.

Conforme o IBGE, a disponibilidade de trabalhadores está em um dos menores níveis da série histórica. No terceiro trimestre, a taxa de desemprego ficou em apenas 3,5%. Com dificuldade crescente para contratar, repor equipes e atender às demandas nas linhas de produção, as indústrias têm sido obrigadas a rever estratégias de operação e crescimento.

Diante desse cenário, a Fiep anunciou o lançamento da Expo+Indústria, feira que será realizada entre 25 e 27 de agosto de 2026, em Curitiba. O evento se propõe a reunir soluções capazes de ajudar as empresas a enfrentarem esse gargalo e ampliar sua produtividade. A feira vai concentrar expositores especializados em tecnologia aplicada, automação, digitalização, integração industrial e sistemas avançados de gestão — ferramentas que reduzem a dependência de trabalho operacional e mitigam o impacto da escassez de mão de obra. “A feira será uma resposta prática para um problema que afeta a competitividade do setor”, explica Jackson Bisi, sponsor da Expo+Indústria.

Além de enfrentar a dificuldade imediata de contratações, a Expo+Indústria tem foco em ampliar a produtividade. Para isso, busca estimular uma mudança estrutural: ampliar o acesso a tecnologias que aumentem eficiência, modernizem processos e reduzam a dependência de mão de obra em funções operacionais — tendência crescente no ambiente industrial.

Com a proposta de reunir de 30 a 40 empresas âncoras e mais de 100 expositores especializados, o evento deve se consolidar como ponto de encontro estratégico entre as necessidades reais do setor e as soluções disponíveis no mercado, reforçando a busca por eficiência em um contexto de escassez de trabalhadores.

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  • Acesso às indústrias é uma das prioridades do NDI 30+
    Acesso às indústrias é uma das prioridades do NDI 30+
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GIORGIA DESTACA LEVANTAMENTO

A presidente da Acipg, Giorgia Bin Bochenek, destacou a importância da iniciativa. "Fico muito feliz com essa iniciativa do Núcleo das Indústrias, que também é um braço da Acipg. Precisamos de fato ter encontros como esse para discutir as dores das grandes indústrias. Este é mais um braço do NDI para que vocês possam conversar e trazer as suas dores. Sintam-se à vontade, porque juntos nós somos mais. Precisamos pensar no desenvolvimento da nossa cidade, porque quando a gente desenvolve o meio, a gente desenvolve internamente também", afirmou.

Ao Portal aRede, a presidente da Acipg, Giorgia, declarou que a formação deste grupo, reunindo as trinta maiores indústrias da cidade, demonstra a capacidade da Acipg de promover uma governança privada sofisticada, onde líderes empresariais alinham prioridades e constroem uma agenda comum para impulsionar a competitividade de toda a região.

“Essa capilaridade – que vai do microempreendedor ao grande industrial – é a base de uma representatividade genuína e abrangente. Em 2026 as prioridades levantadas pelo NDI 30+ – com foco em mão de obra qualificada, energia, aeroporto e transporte – serão transformadas em planos de ação concretos, em parceria com o poder público e instituições de ensino”, disse Giorgia.

Presidente da Acipg, Giorgia Bin Bochenek
Presidente da Acipg, Giorgia Bin Bochenek |  Foto: Divulgação
  

SETOR PONTUA SEIS PRIORIDADES PARA 2026 EM PG

O Núcleo das Maiores Indústrias (NDI 30+), da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), realizou recentemente uma reunião e estabeleceu as principais diretrizes de atuação para o próximo ano e identificou seis prioridades críticas para o setor, sendo a mão de obra qualificada apontada como a demanda mais urgente.

André Costa, coordenador do recém-criado NDI 30+ e gerente de manutenção e projetos na Tetra Pak, caracterizou o encontro como um divisor de águas. "Um marco histórico para a indústria ponta-grossense. Essa união das 30 maiores indústrias da cidade só resultará em benefícios a todas as indústrias e também para a população da cidade. Estamos unidos a partir de agora para discutirmos problemas e oportunidades, além de podermos compartilhar ideias que temos por termos culturas diferentes entre as indústrias", afirmou.

Rafael Rickli, diretor de indústria da Acipg e coordenador Regional Centro Oriental da Fiep, ressaltou o impacto coletivo da iniciativa. "Reunir as maiores indústrias de Ponta Grossa é essencial para fortalecer nossa capacidade de competir, inovar e crescer. Quando líderes empresariais se conectam, surgem soluções conjuntas, parcerias estratégicas e uma visão comum para desenvolver toda a região. Unidos, somos mais fortes — e fazemos Ponta Grossa avançar muito mais rápido", declarou.

Leonardo Puppi Bernardi, vice-presidente da Acipg, conectou as ações do núcleo ao planejamento de longo prazo da cidade. "Essa reunião técnica e periódica das maiores indústrias de Ponta Grossa é parte da governança necessária para alcançarmos os objetivos traçados no 'MasterPlan Ponta Grossa 2043'. Com a convergência de esforços e apontamento das prioridades para o setor público, podemos antecipar algumas melhorias necessárias para continuar avançando e melhorando nosso ambiente de negócios. E isso impacta não somente Ponta Grossa, mas toda a região dos Campos Gerais", analisou.

Depois da mão de obra, a energia elétrica é o segundo tema mais relevante, com foco em estabilidade, custo e disponibilidade. O aeroporto foi reconhecido como fator estratégico para logística e atração de investimentos, ocupando a terceira posição. Transporte de funcionários, acesso à indústria e utilidades como gás, vapor e água completam a lista de demandas prioritárias. Para 2026, ficou definido que o foco inicial será nas quatro primeiras prioridades, consideradas as mais críticas.

De acordo com André, o grupo vai trabalhar nas soluções para os quatro temas priorizados em reuniões bimestrais. “Queremos fomentar também a criação ou trazer câmaras técnicas, que já existem na cidade, para que tudo seja discutido junto, além de podermos contemplar a nossa percepção”.  O Núcleo das Indústrias, por meio do NDI 30+, reforça assim seu compromisso com o desenvolvimento do setor industrial regional, atuando de forma estratégica e colaborativa para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado.

Ele ainda destacou a representatividade das 37 maiores empresas convidadas para fazer parte do grupo. “A arrecadação que essas empresas fazem, representam em torno de 60% de arrecadação de indústria na cidade. É algo muito expressivo, sendo que a arrecadação somada dessas 30+ é maior do que a arrecadação de cerca de 5,3 mil municípios”.

PRINCIPAIS DEMANDAS DE 2026ENERGIA ELÉTRICA

Ao Portal aRede, o Coordenador do grupo das 30+, comentou que a segunda prioridade escolhida pelas indústrias foi a energia elétrica. “O que afeta principalmente as indústrias são as pequenas falhas e oscilações, e com esses eventos, temos perda de material e produtividade até o restabelecimento por completo da produção.”  Para Rafael Rickli, há muita queda de energia e problemas causados por variação. “Uma única multinacional tem um dos piores desempenhos do grupo em número de quedas e tempo de parada”, contou. No entanto, ele destaca que o grupo está trabalhando em conjunto com a Fiep para buscar uma solução que solucione o problema.

TRANSPORTE DE FUNCIONÁRIOS

O coordenador do NDI 30+, André, expressa que a opinião dos representantes das indústrias, é que hoje existem poucas empresas em Ponta Grossa que fazem o transporte particular, assim como o transporte público, que tem somente uma empresa.  Conforme André, atualmente, o funcionário fica em torno de uma hora ou mais, para ir até a indústria, assim como para voltar para a casa. “Então, temos que pensar em otimizar rotas”, finalizou.  Ao Portal aRede, Rafael declarou que o grupo irá trabalhar em alternativas para a redução de custos operacionais. “Há muitas linhas de ônibus sobrepostas pelas empresas que podem reduzir custos se trabalharmos em conjunto”.

ACESSOS AO SETOR INDUSTRIAL

Segundo André, o acesso à indústria ficou entre as prioridades a serem melhoradas, por muitas indústrias serem próximas das BRs. “São muitos caminhões concorrendo com pequenos veículos e ônibus, sendo que o acesso para veículos pesados acaba sendo o mesmo dos veículos leves, onde temos alguns gargalos”.  Já Rafael, comentou que o acesso à indústria se refere à infraestrutura logística da cidade. “O foco aqui é trabalhar em conjunto com a prefeitura e com o governo estadual, para propor alternativas que facilitem o acesso às empresas pelos funcionários”.

ÁGUA E GÁS NATURAL

André menciona que a preocupação dos representantes é principalmente com relação a fornecimento de gás natural e água: “Precisamos garantir a disponibilidade para as indústrias existentes e para as novas que estão chegando também tenham acesso fácil a gás e água”. Para o diretor de indústrias da Acipg, Rafael, é preciso buscar junto das empresas responsáveis a solução para problemas estruturais da área industrial, como o aumento na disponibilidade de água e gás natural.

AEROPORTO FUNCIONAL

O coordenador do grupo NDI 30+ traz o relato dos representantes: “O aeroporto é um tema muito crítico. Uma cidade com mais de 400 mil habitantes perde para municípios menos populosos, que já possuem um aeroporto”.  Segundo o grupo, para as indústrias, o aeroporto é sinônimo de ganhar tempo. “Queremos ter a chance de ir e voltar de uma forma rápida e, hoje, para nos deslocarmos para outros locais do Brasil, assim como procurar voos internacionais, precisamos ir até Curitiba”. Já Rafael, declarou que a falta de voos locais, aliado aos problemas encontrados para acessar o aeroporto de Curitiba, tem causado transtornos para as empresas.

NDI FAZ VISITA TÉCNICA À TETRA PAK

A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (Acipg), por meio de seu Núcleo das Indústrias (NDI), realizou uma visita técnica à fábrica da Tetra Pak em Ponta Grossa. A comitiva, composta por membros do NDI 30+ e convidados, foi recebida pelo diretor industrial da unidade, Salvador Marino, e por todo o corpo gerencial para um encontro focado em diálogo, intercâmbio de conhecimento técnico e troca de experiências.

Durante a visita, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer em detalhes os modernos processos produtivos da planta, sua infraestrutura e suas operações globais. Um dos momentos destacados foi a apresentação do programa "Elas na Indústria", uma iniciativa pioneira desenvolvida na unidade de Ponta Grossa com o objetivo de estimular e ampliar a participação feminina no setor industrial, refletindo o compromisso da empresa com a diversidade e o desenvolvimento humano.

Rafael Issa Rickli, diretor de indústria da Acipg e coordenador regional da Fiep, ressaltou o valor do encontro. "Fomos recebidos de forma muito acolhedora em um encontro marcado por diálogo, conhecimento técnico e troca de experiências. Conhecer iniciativas como o 'Elas na Indústria' nos inspira e mostra caminhos para o desenvolvimento do setor em nossa região", afirmou.

A secretária municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional, Faynara Merege, enfatizou a importância estratégica da aproximação. "A visita à Tetra Pak reforça exatamente o que defendemos na Secretaria: aproximação constante com as grandes indústrias, troca de experiências e construção conjunta de soluções para elevar a competitividade de Ponta Grossa. Quando o poder público se conecta com quem produz, abre caminho para inovação, geração de empregos e desenvolvimento econômico sustentável. Esse diálogo não é simbólico, ele é estratégico", declarou.

Leonardo Puppi Bernardi, vice-presidente da Acipg, detalhou a experiência. "Conhecendo as pessoas que trabalham na Tetra Pak se compreende o nível de excelência global alcançado pela companhia. Tivemos o privilégio de fazer uma visita guiada por todo o processo industrial das embalagens e constatar o altíssimo nível de qualidade e organização", comentou. Ele também mencionou desafios compartilhados pela empresa, como a sensibilidade dos processos industriais a interrupções no fornecimento de energia elétrica testemunhados durante a visita e um tema de interesse comum ao setor.

A visita reforça a atuação do NDI 30+ como um fórum estratégico para identificar desafios coletivos das grandes indústrias e articular soluções junto ao poder público e concessionárias de serviços. A iniciativa demonstra o compromisso da Acipg em promover a integração, a troca de conhecimento e o fortalecimento do ecossistema industrial regional.

Representantes do grupo NDI 30+
Representantes do grupo NDI 30+ |  Foto: Divulgação
  
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