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Migrantes tiveram aula de Conversação Brasileira em PG

O curso, de 45 horas/aula, é oferecido pela Caritas e tem como professores dois voluntários da entidade

Ao todo, 42 alunos iniciaram o curso
Ao todo, 42 alunos iniciaram o curso -

Publicado Por João Iansen

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Haitianos, venezuelanos e colombianos estão entre os 31 migrantes que se formaram no primeiro curso de Conversação Brasileira, oferecido pela Caritas Diocesana. Uma família turca participou como ouvinte das aulas que começaram em outubro. A formatura aconteceu no último sábado (16), no Centro Pastoral Padre Edivino Sicuro, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, com a presença do bispo Dom Sergio Arthur Braschi, padre Alexandre Antônio Nogueira, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, integrantes da diretoria da Caritas e familiares dos formandos.

O curso, de 45 horas/aula, é oferecido pela Caritas e tem como professores dois voluntários da entidade: o sírio Kais Al Helou e Jacqueline Bueno Machado. As aulas ocorriam sábados à tarde, no próprio Centro Pastoral. 42 alunos iniciaram o curso. Os que desistiram foram motivados por conflitos nos horários de trabalho e mudança de cidade, comentou a assistente social da Caritas, Erica Pilarski Clarindo. Há uma previsão de nova turma iniciando dia 27 de abril.

Jacqueline Machado, tem 31 anos de Magistério, é formada em História e Pedagogia. “A Caritas nos possibilitou uma sequência de encontros de formação, ainda em maio, específica para atuar como professor de Língua Portuguesa. O ingresso na Comissão de Migração também se deu em maio. A formação tratou dos princípios gerais da atuação da Caritas em âmbito nacional. Deu um alicerce muito bom para entender os princípios de atuação que regem o voluntariado. Foi bastante significativo”, contou a professora, citando que se inscreveu para a vaga através de Edital aberto para os voluntários.  

Esse foi o primeiro curso neste estilo aberto em Ponta Grossa para migrantes. “Os alunos foram interativos, muito interessados em aprender a língua, em falar de forma que possam ser compreendidos pelos brasileiros, em compreender o significado das palavras. Têm um conhecimento linguístico da língua materna muito bom, sobretudo os venezuelanos. Dominam Gramática, tem um conhecimento muito bom, ainda que a proposta não tenha sido trabalhar Gramática. A intenção foi dar embasamento, suporte para a conversação. Percebi que eles compreendem que há diferenças em nossa língua, por exemplo, o som do ‘z’ e o ‘ão’, que não se encontra em outros países, em outras culturas. Notaram que o ‘ão’ está muito presente na fala dos brasileiros. E o som do ‘z’ que eles falam como ‘c’. Fui adaptando as aulas as necessidades deles”, ressaltou Jacqueline.   

Dom Sergio lembrou que o Jubileu 2025 da Igreja, convocado pelo Papa Francisco como um tempo especial para ser vivido por todos os cristãos católicos, tem como lema ‘peregrinos da esperança’. “Que quer dizer 'caminhantes', que não estão parados. Poderíamos até traduzir como ‘migrantes’. Migrantes na esperança. Com coragem, como o coração vibrando de esperança de tempos melhores, de emprego, de trabalho, de acolhida e para isso também a Conversação Brasileira porque a Língua Portuguesa está presente em países lusófonos, os que falam a língua lusa, a portuguesa. Na América, em especial, no Brasil, mas também na África, na Índia, no litoral sul da China, no Timor Leste, na ilha da Indonésia. Nesses vários países, os sotaques são um pouco diferentes. Se vocês fizessem o curso lá, com certeza falariam de maneira diferente daqui”, brincou o bispo. “Mas, era preciso, estando aqui, ter Conversação Brasileira. Tenho a alegria de ver, depois de vários meses que vocês com perseverança, puderam aprender a se comunicar melhor na Língua Portuguesa. Acredito que aprenderam até alguma gíria, expressões típicas do país e, depois, continuando imersos no meio da sociedade, com vizinhos, amigos, ouvindo a televisão, o rádio, as redes sociais, se comunicando, vão se aprimorar ainda mais”, profetizou.

O presidente da Caritas Diocesana, diácono Gilson Camilo da Silva, citou que o curso integra uma das quatro áreas de atuação da Caritas definidas para esse triênio, a questão migratória. “Faz já há algum tempo a regularização documental e, agora, resolveu ampliar um pouco mais. Rodas de Conversa para Mulheres, ano passado, cursos...E vínhamos pensando há algum tempo em fazer essas aulas que abordam a linguagem. Tínhamos dificuldade em conseguir professor e local. De repente, surgiu. Dois professores se dispuseram em estar com eles e o padre Alexandre (Antônio Nogueira, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário) ofereceu o espaço, percebendo a nossa necessidade. Temos duas assistentes de integração voltadas para a questão migratória, que são pagas com recursos do Regional (Sul 2) para dar esse atendimento melhor para eles. Tivemos a Conferência (Municipal do Migrante) semana passada, que foi muito bonita. Passamos para eles os direitos e deveres e, com essas aulas, os incentivamos para conhecer melhor a língua, para os inserir no mercado de trabalho e na sociedade para que se sintam bem aqui”, argumentou o diácono.

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  • Esse foi o primeiro curso neste estilo aberto em Ponta Grossa para migrantes.
    Esse foi o primeiro curso neste estilo aberto em Ponta Grossa para migrantes.
  • Esse foi o primeiro curso neste estilo aberto em Ponta Grossa para migrantes.
    Esse foi o primeiro curso neste estilo aberto em Ponta Grossa para migrantes.
 

IMPRESSÕES - Grace Boada Torres, venezuelana, há dois anos no Brasil, considerou o curso muito bom, muito explícito, muito pedagógico. “O conteúdo foi tratado com muito tato para ensinar o significado de cada palavra. Gostamos muito de como nos integrou. Tenho dois anos no Brasil. Aproveitei a oportunidade porque algumas coisas já conhecia; trabalho com pessoas nativas, fica mais fácil. Mas, a professora conseguiu destravar algumas coisas que não compreendia e ninguém sabia explicar. Ajudou muito porque viemos trabalhar e progredir e precisamos nos comunicar por nós mesmos. Achamos que o brasileiro é muito hospitaleiro, nos ajuda, não sentimos críticas por não falarmos bem, sempre tentam auxiliar”, enfatizou a migrante, que veio com a mãe e dois filhos. Grace é auxiliar de saúde bucal e cursa prótese dentária no Instituto de Educação. “Todo o migrante tem que fazer o curso. Uma coisa é aprender no dia-a-dia, com o jeito de as pessoas falarem, outra coisa é ter alguém que explique o que significa cada coisa. Tentamos falar como vocês, mas há coisas que não percebemos; quando podemos estar sendo ofensivos. Precisamos de alguém que ensine, que oriente do jeito certo”, sugeriu.

Para o venezuelano Juan Carlos Morales Zapata, que está há quatro anos no país, a oportunidade foi excelente. “É uma excelente profissional, que tem uma metodologia muito boa. Muito querida, uma pessoa muito nobre, sempre tentou compreender quando falamos errado, mas sempre corrigindo. Gostei muito”, elogiou, referindo-se à professora Jacqueline. Zapata é mecânico industrial e trabalha como motorista de aplicativo. “A Caritas é uma organização muito apoiadora dos estrangeiros em geral. Está sempre disposta a ajudar, a entender, para que a gente sinta menos saudade de nossa terra, para que se sinta bem. Porque não é fácil ser migrante. Temos saudade de nossas coisas, de nossa cultura, medo de ser criticado”, acrescentou, enaltecendo a atuação da Caritas Diocesana.

Com informações da assessoria.

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