Unidade de Progressão de PG recebe visita de representante da ONU
Integrante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime esteve na unidade de Ponta Grossa para conhecer o projeto de ressocialização que se transformou em referência nacional
Publicado: 01/02/2024, 14:25
Reconhecida nacionalmente por seu projeto diferenciado de ressocialização, a Unidade de Progressão de Ponta Grossa recebeu, na manhã dessa terça-feira (30), uma visita ilustre: a representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), esteve no local para conhecer o projeto. Devido ao trabalho desenvolvido desde que foi inaugurada oficialmente, em 2022, o reconhecimento de lideranças, com representantes de outras cidades e outros estados brasileiros que visitaram a Unidade para observar a metodologia empregada no local, despertou o interesse da comissão da ONU, para ver, na prática, todos os diferenciais que fazem dessa unidade ser referência no Brasil.
A comissão foi representada por Mariana Carrera, que esteve na unidade junto com outros representantes da Polícia Penal do Estado. Além de Ponta Grossa, Mariana e outra representante da ONU, Carolina Pekny, visitaram o Centro de Integração Social (CIS), localizado em Piraquara. A visita delas faz parte do projeto PRIS-COOP, que visa promover a adoção de práticas inovadoras e interinstitucionais para fortalecer a gestão penitenciária e o enfrentamento às facções criminosas no Paraguai e Brasil. O principal objetivo foi conhecer de perto as boas práticas adotadas no Estado, visando identificar estratégias replicáveis e parcerias com o sistema prisional paraguaio.
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Na Unidade de Progressão de Ponta Grossa, ela pode conferir de perto que mais de 230 presos que trabalham e estudam, onde é empregado um modelo diferenciado de ressocialização para aqueles que, em breve, retornarão à sociedade. O local conta com quatro empresas instaladas, onde os apenados trabalham e recebem por isso, acumulando recursos financeiros para quando a pena acabar, de onde também sairão com estudo e com qualificação profissional. A estrutura está montada em um terreno com 90 mil m², que sediou um seminário e posteriormente uma faculdade, em Uvaranas, onde os presos ficam livres, sem algemas e sem os trajes característicos. Além disso, outras empresas, órgãos e entidades recebem os serviços de apenados que estão alocados na Unidade.
José Augusto Pelegrini Junior, diretor da Unidade de Progressão, recebeu os visitantes e apresentou toda a estrutura da Unidade. Para ele, a visita da representante da ONU mostra que o trabalho sério e diferenciado realizado com o projeto está apresentando resultados positivos. “É o reconhecimento do trabalho, da fixação da Unidade de Progressão como uma unidade inovadora. É o reconhecimento de um novo modelo de gestão dentro do sistema penitenciário”, resume.
Entre essas fábricas presentes dentro da Unidade de Progressão está a Tecnobloco, onde Mariana e os outros membros estiveram nessa terça. “Nós mostramos a fábrica e eles conheceram a Tecnobloco, viram como que é o trabalho dentro da fábrica, como que é o processo que fazemos com eles quanto ao treinamento e à capacitação das pessoas”, explicou Leandro Nunes de Souza, diretor da Tecnobloco.
A Tecnobloco hoje tem mais de 40 apenados que trabalham no local, juntamente com outros 32 trabalhadores em regime CLT – a meta é que esse número de apenados chegue a 50 em fevereiro. Além da Tecnobloco, no local também estão as empresas LCM Construtora, WallClick e a filial de uma indústria que trabalha com fundição, a Hubner. Nelas, os trabalhadores recebem uma ‘bolsa’ com um valor em dinheiro que é pago mensalmente, em uma conta pertencente ao trabalhador ou a algum familiar. Além de renda, o apenado recebe qualificação, para que possa voltar a ser inserido na sociedade no pós-cumprimento da pena.
Os visitantes também puderam conhecer um ex-detento, que fez parte do projeto, trabalhou na Tecnobloco, ganhou a liberdade e posteriormente foi contratado pela empresa como um trabalhador ‘CLT’. “Ele pertenceu ao projeto, recentemente o recontratamos, e ele está super feliz aqui. Então é uma prova de que o projeto realmente ressocializa as pessoas, porque uma boa parcela dos apenados que participam do projeto acabam ressocializados”, completa Leandro Nunes.
A reportagem do Portal aRede fez uma visita na Unidade em outubro de 2023, para conhecer o projeto. Confira a reportagem completa, com mais detalhes, clicando aqui.
O UNODC
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime está presente em 130 países através de seus programas globais e escritórios locais. No Brasil, essa agência da ONU facilita diálogos com países vizinhos na busca por soluções integradas a fim de contribuir para a redução de crimes, corrupção e terrorismo. A atuação se dá por meio de parcerias com órgãos federais, estaduais e municipais, além de organizações da sociedade civil, organizações não governamentais, centros de pesquisas e universidades.
Com informações da AEN