APP-Sindicato inicia segunda etapa da “Escola de Formação”

O Núcleo de Ponta Grossa da APP-Sindicato deu início à segunda etapa da “Escola de Formação”, reunindo professores e agentes educacionais para reflexões profundas sobre o panorama educacional no Paraná. O evento ocorreu na sede do sindicato em Ponta Grossa no último sábado (07) e faz parte de um ciclo de encontros que visa abordar as complexidades que permeiam a educação, em especial, sob o contexto do neoliberalismo.

De acordo com a Iara Luzia Tizot, coordenadora da Escola de Formação em Ponta Grossa, a primeira etapa do curso, realizada no primeiro semestre, concentrou-se na discussão da interseccionalidade, abordando questões como gênero, etnia, raça e classe social, à luz da obra "Neocolonialismo à Espreita", de Marcio Pochmann.

Já nesta segunda etapa, as reflexões passaram para a análise da realidade brasileira no contexto neoliberal. Aprofundando-se na temática, os participantes exploram um panorama em que o país transita de uma sociedade industrial para uma sociedade de serviços, trazendo consigo transformações e desafios para a organização sindical e as relações de trabalho.

O assessor da APP-Sindicato de Curitiba, Antonio Carlos Frutuoso, salientou a importância de compreender como a ascensão do conservadorismo neoliberal com traços fascistas a partir de 2016 marcou profundamente a vida dos servidores, em especial os da educação. “Esse cenário implica na configuração de um novo sujeito social, que se adapta a essa nova realidade, resultando na flexibilização e informalização das relações de trabalho. Isso, por sua vez, cria desafios para a organização sindical, bem como uma dificuldade de identificação dos indivíduos como parte da classe trabalhadora”, disse.

Para exemplificar a reflexão, o assessor cita Paulo Freire em sua obra "Pedagogia da Autonomia", que oferece uma perspectiva valiosa ao afirmar que compreender as determinações não é aceitar o determinismo, mas sim reconhecer as possibilidades. “A capacidade de discernir e contextualizar as relações do mundo ao nosso redor, por mais desconfortável que possa ser, é o que nos permite agir de maneira eficaz e pertinente”.

Segundo Antonio, a partir das reflexões conduzidas na Escola de Formação, cada professor e funcionário de escola se depara com o desafio de encontrar soluções e oportunidades. Embora a transição para uma sociedade de serviços seja uma realidade complexa, é possível direcionar esforços para criar condições de trabalho mais favoráveis aos servidores, promovendo um ambiente propício para o desenvolvimento educacional.

No início dos trabalhos, o presidente do Núcleo de Ponta Grossa da APP-Sindicato, Tércio Alves do Nascimento, enfatizou a importância da interação entre professores e alunos, reforçando que "educar é humano". Além disso, criticou a crescente plataformização do ensino no Paraná, alertando para os efeitos nocivos que a excessiva dependência de tecnologias digitais pode ter sobre os educadores e o aprendizado dos alunos.

O deputado estadual Professor José Lemos também marcou presença no evento, colocando seu mandato à disposição dos professores e agradecendo o apoio recebido. Em sua fala, ele abordou os desafios impostos pelo neoliberalismo à educação pública, evidenciando como políticas de isenções fiscais retiram recursos vitais desse setor.

A Escola de Formação da APP-Sindicato demonstra-se como um espaço vital para o aprimoramento do entendimento sobre os desafios enfrentados pela educação no Paraná. A próxima etapa do curso está agendada para o dia 21, onde será discutida a plataformização da educação no Paraná e seus impactos.

Informações: Assessoria