Motociclista é morto pela PM em posto; família cobra explicações

Uma perseguição que iniciou no Centro de Ponta Grossa terminou com um morto no pátio de um posto de combustíveis na avenida Balduíno Taques, próximo ao acesso para o Jardim América, na madrugada desta quarta-feira (2). Equipes da Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros (com socorristas do Siate), Samu e da Polícia Científica foram ao local após o confronto entre um motociclista e equipes da PM.

De acordo com informações apuradas no local, os policiais que atuaram na ocorrência avistaram o motociclista por volta das 3 horas da manhã, em atitude suspeita na região central da cidade; ao verificar os dados da placa da moto em que ele estava, os PMs constataram que o veículo possuía alerta de furto. Diante da situação, os oficiais iniciaram aproximação para a abordagem e, ao avistá-los, o motociclista fugiu sentido Oficinas pela Balduíno Taques. 

A PM realizou perseguição ao suspeito, que, segundo os policiais, estava “fazendo menção de estar armado”; tal ação proporcionou reação dos oficiais, que atiraram no tórax do indivíduo. Ele caiu da moto e parou no pátio do posto, não resistindo aos ferimentos e morrendo no local. O motociclista não portava documentos, e sua identidade foi confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML) horas após o ocorrido. 

Acir da Silva, de 28 anos, estaria em uma motocicleta furtada, armado, e teria atirado contra os policiais durante a perseguição; posteriormente, às 11 horas, a posse de arma e o disparo foram desmentidos pelo relatório oficial da PM. 

Segundo a descrição oficial da corporação, a equipe policial “visualizou uma motocicleta cujo condutor, ao avistar a viatura, seguiu na contramão da via. Após algumas quadras, foi conseguida a aproximação da motocicleta e dada voz de abordagem ao condutor, o qual, fazendo menção de estar armado, teve a ação neutralizada”.

A família pediu esclarecimentos sobre a situação. Seu cunhado, Pedro, procurou a redação do Portal aRede para dar mais detalhes. Acir teve passagem pela polícia por uso de drogas, mas estaria recuperado há cerca de dois anos. “Ele era trabalhador, casado, estava morando com sua família no Jardim América. Há poucos dias, comprou uma moto com um dinheiro que consegui para ele. Se a moto é furtada como a polícia falou, não sabemos”, disse Pedro.

Por volta das 6 horas da manhã, no momento em que seriam buscados pelo carro da empresa onde trabalhavam, a família recebeu uma ligação para conferir a live do Portal aRede. “Tocou o telefone e falaram para entrar no Facebook e ver a notícia. O corpo dele não apareceu, mas reconhecemos a moto”, relatou Pedro.

Ele concedeu entrevista em frente a uma funerária, onde organizavam o velório, que deve acontecer em uma igreja no Jardim América; posteriormente, já em posse da documentação da Polícia Civil, a família iria ao IML fazer o reconhecimento do corpo e obter a liberação. “Vamos buscar as imagens do posto também. O próprio policial civil disse que ele não estava armado. Estamos sofrendo muito com essa morte inesperada”, finalizou Pedro.

Confira a entrevista na íntegra com o cunhado da vítima clicando aqui.

Polícia vai instaurar inquérito para apurar ação dos policiais

No início da tarde, o 1º Batalhão da Polícia Militar (1º BPM) emitiu nota sobre o ocorrido. 

“Informamos aos membros do grupo que todas as ações praticadas por policiais militares em serviço são suscetíveis de instauração de procedimentos administrativos e, para o caso em voga, fora determinado a instauração de Inquérito Policial Militar, para apuração dos fatos, sendo tal procedimento submetido a acompanhamento e apreciação do Ministério Público”, disse o comunicado.