Governo Lula pode mudar local da escola do Exército que seria em PG
Projeto bilionário para construção de uma escola do Exército no Grande Recife foi escolhido em detrimento da 'candidatura' ponta-grossense
Publicado: 30/05/2023, 12:00
Um projeto bilionário para construção de uma escola do Exército dentro de uma APA (Área de Proteção Ambiental), no Grande Recife, está sendo questionado por ambientalistas por causa do desmatamento previsto em área de mata atlântica. Entidades têm pressionado o governo Lula a rever o local da futura Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército, escolhida ainda na gestão Bolsonaro.
Entenda
Pernambuco concorreu com Ponta Grossa e uma cidade do Rio Grande do Sul pela escola. A pedra fundamental foi lançada em março de 2022, com a presença do então presidente Jair Bolsonaro. Pelo projeto, a escola vai ficar na área do município de Abreu e Lima (região metropolitana do Recife), mas a APA abrange outros cinco municípios: Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Igarassu e Paudalho.
Para a obra, será necessário o desmate de 188 hectares, área equivalente a 174 campos de futebol, para a construção do local -dizem entidades ligadas ao meio ambiente. A APA seria justamente a mais preservada do estado e o projeto está orçado em R$ 1,8 bilhão e tem conclusão prevista em 2034. Além disso, há mais R$ 110 milhões de contrapartida do governo de Pernambuco.
As obras no local ainda não começaram e o local escolhido pelo Exército já abriga o Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti, dentro na APA Beberibe/Aldeia e onde ficam cinco Unidades de Conservação de Proteção Integral.
“Nós estamos falando da maior destruição ambiental do bioma no século 21 em Pernambuco, estado que se destaca por ter um dos menores residuais de mata atlântica no Brasil”, diz Herbert Tejo, presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia.
Entidades produziram um dossiê e encaminharam, no último dia 19, à ministra Marina Silva (Meio Ambiente). Nele, ressaltam a troca de governo e solicitam que a pasta ajude na ideia de tentar mudar a área.
“Em 2023, mudanças ocorreram no cenário político nacional, e esse projeto criado no passado, com premissas do passado, se revela na contramão de uma nova visão de país, onde as questões relativas ao meio ambiente e à proteção ambiental se inserem no projeto político de nação, conforme foi determinado pelo presidente Lula”, diz um trecho do ofício enviado à Marina Silva.
Quem também está de olho na questão é o estado de Pernambuco. O governo Raquel Lyra (PSDB) criou um grupo de trabalho por 180 dias para avaliar os termos do acordo assinado na gestão passada. Pernambuco quer o empreendimento, mas prefere entender melhor os impactos.