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BR-277 sofre com interdições e atrasa escoamento de grãos

Desde outubro, produção agrícola dava passos rumo ao sucesso na safra deste ano, mas falta de infraestrutura decepciona

A BR-277 é muito importante para o escoamento de grãos e para a exportação pelos portos
A BR-277 é muito importante para o escoamento de grãos e para a exportação pelos portos -

Da Redação

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O Brasil é destaque mundial na produção agrícola e teve crescimento exponencial no último ano, mas imprevistos e lentidão na manutenção da infraestrutura rodoviária atrasaram o processo de escoamento da safra. Apesar de o mês de janeiro ter alcançado um recorde na exportação de produtos, quando o agro movimentou 10,23 bilhões de dólares, as intensas chuvas na região causaram dificuldades para suprir as demandas do segmento. 

O setor agropecuário segue em expansão e é crucial no crescimento econômico brasileiro, além de ser dependente do modal rodoviário. Luiz Gustavo Nery, diretor de contêineres e portos do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado do Paraná (SETCEPAR), analisa: “A estimativa é que, no futuro, o Brasil seja o maior fornecedor de alimentos do mundo, e para que isso se torne realidade a logística precisará ser muito eficiente, o que requer algumas exigências relacionadas aos cuidados na expedição, no transporte e no armazenamento destas cargas”.

Vale destacar a complexidade necessária para transportar alimentos perecíveis, condição que define a especialidade do veículo e do carregamento do produto, além de considerar as necessidades específicas determinadas. Essas carências geram desafios para as transportadoras realizarem as entregas de forma eficaz e garantir a rapidez e o bom estado até o destino.

“Um dos principais desafios encontrados na logística de produtos alimentares está nos altos custos operacionais e na perecibilidade. É natural que os produtos alimentícios tenham prazo de validade, por isso, para garantir o sucesso da operação logística, é de suma importância fazer um planejamento adequado a cada tipo de produto, reduzindo custos operacionais e mitigando os riscos de perda”, diz Luiz Gustavo.

Apesar das dificuldades que caracterizam as demandas relacionadas à colheita pela fragilidade dos alimentos, as empresas interligadas ao setor aguardam e se preparam para esse período com altas expectativas, sobretudo aquelas que têm o agro como volume principal. Com mais de 70% de toda a produção agrícola do país utilizando a malha rodoviária para distribuição, esse período é decisivo para o desenvolvimento de diversos segmentos, inclusive o de transporte de cargas.

Importância

A BR-277 é muito importante para o escoamento de grãos e para a exportação pelos portos, mas desde outubro vem sofrendo bloqueios – além disso, com a temporada de chuvas, aumentaram as barreiras logísticas. As interdições afetaram o transporte de cargas pela crítica situação da rodovia, já que esse é o único trecho que permite que caminhões cheguem até o Porto de Paranaguá, principal porto de exportação de grãos da América Latina. 

“Com apenas duas pistas liberadas no trecho da Serra do Mar – quando não estão todas interditadas para manutenção –, a BR conta com filas e lentidão frequentes, tanto que um caminhão que levava duas horas no trajeto de Curitiba à Paranaguá ou vice-versa chegou a gastar oito horas no final do ano”, completa Luiz Gustavo.

Visto que o transporte e a infraestrutura rodoviária são necessários para distribuição da produção, problemas nas vias dificultam a fluidez de diversos setores, inclusive pela visão econômica nacional. 

Para Luiz, “com a mensuração inicial dos prejuízos, podemos ver o descaso do poder público do Paraná. Há dois anos, tínhamos uma concessionária para administrar a rodovia, ou seja, era cobrado pedágio, mas a rodovia era sempre impecável. Acredito veemente que a situação não estaria se prolongando tanto se ainda estivesse pedagiada”.

O desenvolvimento gerado pelo setor agrícola é essencial para o desenvolvimento do modal rodoviário, mas é preciso haver uma manutenção contínua para que essa funcionalidade seja eficiente.

“O descaso governamental na lentidão para resolver a situação permite que as empresas de transportes, embarcadores e transportadores do setor privado sofram. O caos e a ineficiência dessa safra me levam a pensar nos imensuráveis impactos nas perdas de produtos e nas escalas de navios. A única forma de avançarmos é recebendo investimentos e pensando em formas alternativas, como o cooperativismo nos espaços de armazenagem, a manutenção das rodovias principais e a melhoria da malha rodoviária nas regiões mais afastadas”, finaliza o diretor.

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