Multinacionais em PG diversificaram a partir dos anos 2000
A partir de 2011, quando a cidade teve seu ‘boom’ industrial, até hoje foram mais de R$ 10 bilhões anunciados
Publicado: 15/09/2024, 14:15
Neste século XXI, Ponta Grossa diversificou seu Parque Industrial. Apesar dos investimentos da Makita e da Crown, no final da primeira década (elas entraram em operação em 2010 e 2011, respectivamente), foi com o 'Paraná Competitivo', a partir de 2011, que a cidade teve seu ‘boom’ industrial, com a vinda de novas multinacionais e a ampliação de outras já existentes - até 2021, foram mais de R$ 10 bilhões anunciados na cidade. São exemplos de novos investimentos a DAF (US$ 200 milhões), Ambev (R$ 848 milhões), Mars Brasil (anunciado em R$ 160 milhões, e hoje se aproxima de R$ 400 milhões), Maltaria Campos Gerais (R$ 3 bilhões), B.O. Packaging, entre outras, e grandes ampliações, como da Continental, Masisa, Tetra Pak, Heineken, entre outras, criando novas linhas de produção e multiplicando o volume produzido.
Para o secretário de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Paulo Pinto, mais do que a quantidade de indústrias, o destaque do polo industrial de Ponta Grossa é a grande variedade, um dos mais diversificados do país, que traz uma grande vantagem para a cidade. “A diversidade da economia começa a ser maior, e isso é bom para a cidade. É aquele negócio: não colocar os ovos na mesma cesta - se uma economia hoje não está indo bem, a outra pode compensar e assim a cidade pode continuar com o crescimento. Mesmo tendo uma economia, por algum fator, seja mundial ou seja nacional, que não esteja tão forte”, explica.
Os impactos de todos esses investimentos na economia de Ponta Grossa são visíveis, como observa Priscilla Garbelini Jaronski, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG) e diretora da Casa da Indústria no município. Ela recorda que em 2022, a indústria teve uma participação de 57,72% no valor adicionado fiscal total do município.
"A industrialização é um fator crucial para o desenvolvimento econômico de uma região, especialmente no que se refere à geração de emprego e renda, diversificação da economia e atração de investimentos. Este setor contribui para o desenvolvimento local porquanto amplia a distribuição da riqueza, cria novas capacidades tecnológicas e eleva a renda per capita."
São vários os motivos mencionados pelas indústrias para a escolha da cidade, como a posição privilegiada, ótima logística, infraestrutura, o plano de desenvolvimento industrial da cidade, entre inúmeros outros. “Ponta Grossa é uma cidade atrativa para a instalação de multinacionais e grandes indústrias em razão do seu potencial de formação de clusters. Estas empresas desempenham um papel crucial na economia local, porquanto geram um grande número de empregos diretos e indiretos, promovendo o desenvolvimento social e econômico da região”, acrescenta Priscilla.
EMPRESAS DINAMIZAM ECONOMIA - Doutora em economia e professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Augusta Pelinski Raiher reforça que a instalação de multinacionais traz uma grande transformação econômica para uma cidade e seu entorno. “A vinda de uma empresa multinacional para uma região se apresenta como muito importante. A sua presença em determinado espaço pode determinar uma mudança drástica e positiva para a economia. E tem diferentes vias de ação que a empresa multinacional pode trazer para a dinâmica econômica, afetado de diversas formas”, resume.
A economista detalha alguns desses impactos na economia, iniciando com a geração imediata de empregos diretos e indiretos. “E uma boa parte dos empregos demanda uma qualificação maior da mão de obra. Como uma multinacional é uma indústria chave, ela tem altos encadeamentos tanto a montante quanto a jusante, mas principalmente a montante, o que significa que outras empresas de outros setores, como de serviços, existem porque essa empresa existe. E outro ponto muito positivo é o desenvolvimento tecnológico, por ter um nível de tecnologia superior”, explica. Ela acrescenta, ainda, a geração de renda e os impactos no setor público, com a arrecadação de tributos e receitas que não se tinha antes. “Então, uma multinacional apresenta muitos pontos positivos para a dinâmica de uma economia”, conclui a economista.