Tetra Pak completa 25 anos em PG e é modelo em gestão sustentável
Parte dos resíduos gerados nas fábricas da Tetra Pak vai para reciclagem e outra, a orgânica, é transformada em adubo ou em energia; empresa também direciona esforços no Paraná para aumentar a reciclagem de suas caixinhas
Publicado: 03/06/2024, 10:26
Instalada e produzindo em Ponta Grossa há 25 anos, a Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, tem suas fábricas como modelos em gestão de resíduos. A empresa investe em sustentabilidade ano a ano e vem dando bons exemplos para o mundo. O tema está sendo explorado no ‘Painel Digital: Meio Ambiente e Sustentabilidade’, lançado pelo Portal aRede e Jornal da Manhã (JM) nesta semana, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho).
A diretora de Sustentabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul, Valéria Michel, explica as ações que a empresa vem adotando no cenário nacional e mundial quando o assunto é sustentabilidade. Confira a entrevista.
aRede/JM – Para começarmos, conte um pouco como a sustentabilidade é tratada pela Tetra Pak?
VALÉRIA - Gostamos de dizer e até o nosso presidente sempre fala que a sustentabilidade para a Tetra Pak não é um pilar da estratégia, ela é a estratégia. Já faz anos que nós trabalhamos com este tema, e ele é um reflexo da promessa da nossa marca que é proteger o que é bom, proteger as pessoas, proteger os alimentos e proteger o planeta. E nós, na Tetra Pak, acreditamos que todo mundo tem um papel e uma responsabilidade em relação à sustentabilidade. Aqui na empresa, temos cinco áreas principais onde nós atuamos com a sustentabilidade, que são: circularidade, natureza, clima, sistemas alimentares e sustentabilidade social.
Vale a pena explicar um pouquinho de cada uma delas para o pessoal poder entender do que nós estamos falando. Isto tem a ver com o nosso compromisso de futuro de liderar uma transformação da sustentabilidade. Então, começando um pouco dentro de casa, nós temos duas fábricas, uma aqui em Ponta Grossa, no Paraná, e uma outra no interior de São Paulo, em Monte Mor. E estas fábricas, dentro dessa perspectiva de clima, já trabalham para uma redução das suas emissões. Um exemplo bem prático disto é que as nossas fábricas já utilizam apenas energia renovável em suas operações. Além disto, são modelos em gestão de resíduo, em que grande parte dos resíduos gerados nas unidades já vai para reciclagem e a parte orgânica, ou é transformada em adubo ou em energia. Inclusive, aqui em Ponta Grossa, parte vai para a geração de energia da cidade.
Mas nós também temos um compromisso muito além dos nossos portões. Trabalhamos toda a nossa cadeia de valor com essas cinco áreas de atuação. Por exemplo, vou citar que a maioria das pessoas conhece a Tetra Pak pelas caixinhas de leite ou suco, encontradas facilmente nos mercados. Mas a Tetra Pak também produz equipamentos que vão processar esse leite, por exemplo. E o nosso compromisso de sustentabilidade com os clientes que têm esses equipamentos da Tetra Pak é de que, até 2030, vamos reduzir em 50% o consumo de água desses equipamentos, em 50% também o desperdício de alimentos gerados nesses equipamentos e a pegada de carbono deles. Então, é um trabalho em conjunto com essas empresas.
Já na área da reciclagem, trabalhamos na estruturação da cadeia de reciclagem das embalagens pós-consumo no Brasil. Isso também é o coração da nossa estratégia de circularidade, é dar essa nova vida para as embalagens pós-consumo. E por último, mas não menos importante, é a questão da natureza. Temos um projeto global gigante que é executado aqui no Brasil, na região Sul, inclusive no Estado do Paraná, que é o ‘Conservador das Araucárias’.
aRede/JM - A senhora falou duas coisas bem legais: reciclagem e florestas. Primeiro, vamos para a reciclagem. A caixinha, ela é reciclável?
VALÉRIA – Com certeza. Tem gente que ainda tem dúvidas sobre isto, mas a nossa embalagem é totalmente reciclável. Para quem não conhece o detalhe da composição da caixinha, 75% dela é papel, 5% é alumínio e 20% é plástico. Parte desse plástico é proveniente de polímeros à base de cana-de-açúcar, ou seja, de origem renovável.
Por conta dessa composição, sim, a caixinha é reciclável. E no decorrer desses anos, como comentei, estruturamos essa cadeia de reciclagem. Reforço este aspecto porque, 20 anos atrás, nossa grande prioridade foi encontrar a melhor tecnologia para reciclar as nossas embalagens. Esse é um dos compromissos de uma empresa que fabrica produtos: garantir que exista uma tecnologia para reciclar e em escala. Hoje, o desafio não é mais relacionado à tecnologia.
No Brasil, poucos municípios possuem uma boa estrutura de coleta seletiva e isso dificulta muito para a população poder descartar os resíduos de uma forma adequada. E ainda, também, existe uma parcela da população que não se conectou com a questão da reciclagem, que ainda não entendeu qual que é o impacto disso tanto na questão ambiental, mas também para as pessoas que vivem da reciclagem.
"Um dado interessante da região é que 100% da cidade de Ponta Grossa é atendida pela coleta porta a porta de resíduos. É um número muito bom se comparado com outros municípios do país. Esse levantamento vem da pesquisa Ciclosoft, da ONG Cempre, em que também sou presidente. Esta pesquisa existe desde 1994 e nós avaliamos como que está cada município no país em relação à infraestrutura de coleta seletiva, porque é isso que vai poder movimentar realmente a reciclagem. Os grandes desafios que nós encontramos, não só em Ponta Grossa, mas em outros municípios do país, são contratos das prefeituras com as cooperativas de catadores e associações. Por que esse ponto é importante? Porque é isso que vai ajudar a melhorar a renda a partir da reciclagem e aumentar o retorno financeiro".
Outra frente que é interessante aqui na região, é o desenvolvimento de uma série de projetos de estruturação de cooperativas de reciclagem. No Paraná especificamente, oito cooperativas receberam, nos últimos dos anos, equipamentos, telhas ou tapumes reciclados para ajudar em sua estruturação. E o último dado também da região sobre reciclagem que é relevante, é que oito dos recicladores de embalagens longa-vida no país estão no Estado do Paraná.
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aRede/JM - Qual o volume de caixinhas recicladas anualmente aqui na região?
VALÉRIA – Então, nós não fechamos esse dado por região, porque produzimos as embalagens e é o nosso cliente que distribui após ter o produto pronto em diferentes cidades ou regiões. Mas nacionalmente, ano passado, reciclamos 104 mil toneladas de embalagem longa vida no Brasil e isso equivale a, mais ou menos, 39% de taxa de reciclagem. Esse é um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Estamos crescendo na taxa de reciclagem, temos desafios ainda, mas os números já são bem animadores em relação à reciclagem das nossas caixinhas.
aRede/JM – Na área da Educação a Tetra Pak também tem projetos?
VALÉRIA - Temos vários projetos e um deles, inclusive aqui, para a região de Ponta Grossa, uma parceria com o Portal aRede, que é o Vamos Ler. Este projeto tem o intuito de engajar crianças de oito a 10 anos. Só em Ponta Grossa são cerca de 30 escolas, 150 na região, e são videoaulas, em que cada um pode aprender um pouco mais sobre a jornada de sustentabilidade e os atributos de segurança, qualidade e praticidade das caixinhas da Tetra Pak.
aRede/JM - E sobre o projeto de restauração das florestas, o Conservador das Araucárias, como ele funciona?
VALÉRIA - Este é um projeto também bem interessante, porque ele está dentro daquela área que comentei que olhamos para a natureza. Dentro de um compromisso que a Tetra Pak tem de até 2030 neutralizar as emissões de todas as fábricas, de todas as operações da Tetra Pak, além das ações que já mencionei nas fábricas de eficiência energética e que são referência, paramos para analisar o que poderíamos fazer a mais e diferente. Então, em 2022, iniciamos esse projeto em parceria com a ONG Apremavi, para a restauração da Mata Atlântica, que é um dos biomas mais ameaçados do planeta. Para se ter uma ideia, da Mata Atlântica só restaram 12%, e das florestas de Araucárias, que é um grande patrimônio do Paraná, sobraram 3%. Esse foi um dos motivos que nos levou a trabalhar com esse projeto na região Sul. O Conservador das Araucárias tem o objetivo de, até 2030, restaurar 7 mil hectares de Mata Atlântica, não só com Araucárias, mas com árvores nativas da região. Ele já está caminhando bem, já está trazendo seus primeiros resultados, e isso, claro, também vai ajudar nesse nosso compromisso da neutralização das emissões, porque a floresta gera carbono e ela contribui também com esse aspecto climático.
aRede/JM – Valéria, pode falar sobre o futuro da Tetra Pak em termos de sustentabilidade?
VALÉRIA - A Tetra Pak é uma empresa de capital fechado e, por isso, não podemos abrir informações sobre investimentos futuros. O que eu posso garantir é que continuaremos investindo, especialmente aqui na região, onde é também a nossa casa. Há vários projetos junto da comunidade local, no Estado, para promoção da coleta seletiva e da reciclagem. E a nossa fábrica, em Ponta Grossa, é uma fábrica modelo e que está sempre buscando novas soluções sustentáveis. Acredito que vocês ainda escutarão muita notícia boa da Tetra Pak sobre os projetos que nós temos de impacto ambiental e social, que é um dos pilares fundamentais para a empresa.