Crônica dos Campos Gerais: Eras do Sorriso | aRede
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Crônica dos Campos Gerais: Eras do Sorriso

Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Crônica da semana é de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes
Crônica da semana é de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes -

Da Redação

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Meu sorriso aguentou pelo menos umas três Eras Odontológicas, antes que eu chegasse ao ponto de decidir extrair um dente em vez de outro por causa de uma dor com localização imprecisa. Ocorre que alguns de meus dentes já superaram: 1) a Era do lampião, que também foi a Era do tratamento “tortura”, sem anestesia e a conta-gotas para o cliente não fugir e voltar somente quando a única solução fosse a da Era anterior – extrair todos os dentes e encomendar uma dentadura; 2) a Era do amálgama e da coroa, já com anestésicos em profusão, ufa!; 3) a Era da resina e dos implantes, procedimentos para o sorriso retornar às redes sociais com menos idas ao dentista, com o baque na conta bancária sendo parcelado a perder de vista.

Quando fui ao dentista pela primeira vez eu já era adolescente e quase fui apanhada pela Era da dentadura. Ao menos um dos molares foi direto para a bandejinha, pois já estava sem condições de qualquer recuperação. Sem contar os inúmeros dentes com pequenas cáries, necessitando das assim conhecidas “obturações”, e um incisivo que eu já tinha posto a perder também, quebrado à custa de um choque com a testa de meu irmão numa brincadeira de correr. Para esse dente, a “obturação” mais comum da Era do lampião não se fixaria, e eu teria uma “obturação” de ouro no dente da frente, mas minha gritaria rendeu uma coroa. Essa Era aconteceu para mim quando o alfaiate Anselmo Rebelo, em sua alfaiataria na Mauá, produzia os melhores ternos, e a Curva do Diabo, por onde eu passava para ir ao dentista, ainda era o terror do trânsito em Oficinas. O dentista tinha seu gabinete na Rua Leocádio Correia, logo acima da loja de calçados do Jacob Sanson. Naquela época, logo adiante do cruzamento férreo, que adentrava as Oficinas da Rede Ferroviária, havia a ruína de um casarão antigo antes do posto de gasolina, e na travessa atrás do posto, a casa da prima rica que tinha televisão – escala de nosso grupinho (minhas irmãs e eu) ao qual se juntaria a prima, mas não antes de todas nos empoleirarmos nos sofás da sala para ver a novela das sete, em preto e branco, com a jovem Suzana Vieira como protagonista. Abençoada tia Aurora, que Deus a tenha!

Hoje, a Era das delicadas restaurações com resina e dos implantes se recusa a encarar as crateras que resultaram da Era do amálgama, que resultaram da Era do lampião, que escaparam da Era da dentadura. Por isso sou obrigada a escolher extrair e implantar em vez de encarar o tratamento de canal para fixar coroas.

Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, Professora de Português e Inglês, Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).

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