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'A Queda' é simples, mas entrega o que promete

Com ótimas atuações, thriller de sobrevivência é um bom entretenimento

'A Queda' faz muito bem em focar absolutamente toda sua duração nas duas escaladoras na torre. Não há interrupção, tramas paralelas nem flashbacks, o que faz do suspense permanentemente angustiante
'A Queda' faz muito bem em focar absolutamente toda sua duração nas duas escaladoras na torre. Não há interrupção, tramas paralelas nem flashbacks, o que faz do suspense permanentemente angustiante -

Da Redação

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Não é preciso muito para fazer um bom thriller de sobrevivência: uma premissa interessante e um elenco competente já ajudam a suprir o que é, por definição, um filme contido. 'A Queda', mais novo exemplo do gênero, tem tudo o que precisa. Aqui, Becky e Hunter buscam retomar uma amizade abalada escalando uma torre abandonada de 600 metros de altura. E sustentado pela performance ótima das jovens Grace Caroline Currey e Virginia Gardner, o novo filme de Scott Mann funciona em tudo que se propõe - mesmo que tropece em suas reviravoltas ao longo do caminho. 

Claro que a decisão de uma escalada não é gratuita: Becky e Hunter já fizeram isso antes, inclusive lá na cena de introdução de 'A Queda', 51 semanas antes dos acontecimentos principais do filme. Acontece que esta primeira aventura resultou na morte de Dan, marido de Becky, e deixou a jovem traumatizada, se recusando a seguir em frente. Até que sua antiga amiga bate em sua porta sugerindo um novo desafio. 

São duas iniciativas absolutamente opostas: enquanto Becky carrega um luto e é arrastada para a torre, Hunter - que agora atende pelo nome Danger D, sabe-se lá por quê - é uma influencer conhecida por suas aventuras, em busca de sua próxima publicação. O choque de personalidades é um dos primeiros recursos carismáticos do filme, mas a relação entre as duas também indica um segredo mantido - e não há thriller de sobrevivência sem uma relação que precise ser remendada na base da superação física. 

E então, Becky encara seus medos, supera seu trauma de escalada e, junto com Danger D, chega ao topo da torre. É um momento de felicidade que dura pouco, no entanto - a escada de ferro que sustentou a subida das duas se despedaça 600 metros abaixo do topo. É aí que 'A Queda' começa de verdade. Uma vez que as protagonistas estão presas, Mann não dá respiro. 

Isso porque 'A Queda' faz muito bem em focar absolutamente toda sua duração nas duas escaladoras na torre. Não há interrupção, tramas paralelas nem flashbacks, o que faz do suspense permanentemente angustiante. Aliado a uma fotografia esperta - 'A Queda' foi filmado em uma torre de verdade, construída no topo de uma montanha para traduzir a sensação de altura - Mann consegue capturar a atenção de modo admirável, oscilando entre diferentes ameaças, seja a escassez de água, a impossibilidade de comunicação, ou os urubus que rondam as amigas, esperando uma fatalidade.

Existe um deslize na reta final de 'A Queda' que torna a aventura de Becky mais traiçoeira do que deveria, principalmente porque existe um desejo (sempre válido) de desembocar o thriller em uma história de superação. Mesmo assim, o filme funciona porque entrega o que o público poderia esperar de duas amigas presas no topo de uma torre - é difícil não se contorcer, e não passar as 1 hora e 40 minutos torcendo pela sobrevivência das duas. 

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