'Ingresso Para o Paraíso' é leve e divertido
O filme tem uma abordagem clara, de colocar astros gigantes de Hollywood e um elenco coadjuvante de jovens deslumbrantes em uma localidade paradisíaca
Publicado: 12/09/2022, 16:43
A trama segue uma linha clara: David (George Clooney) e Georgia (Julia Roberts) são ex-cônjuges que não se suportam, a ponto de “evitarem estar no mesmo fuso horário”. Os dois se juntam, no entanto, quando a sua filha se apaixona por um rapaz durante uma viagem pós-formatura universitária para Bali e anuncia que vai se casar com o dito cujo e estabelecer residência na ilha. Sempre em discordância, David e Georgia não poderiam estar mais alinhados sobre a necessidade de sabotar o casório.
Ol Parker assina o roteiro ao lado do estreante Daniel Pipski, e o texto encontra aquele equilíbrio doce entre cinema-cartão-postal descompromissado e uma relação central crível o bastante para que o espectador se veja investido no desfecho… por mais previsível que ele seja. O diretor, enquanto isso, emprega em 'Ingresso Para o Paraíso' a lógica visual convencional e “chapada” que é típica da comédia romântica, elevando o longa do território coberto por um telefilme da Lifetime ou do Hallmark Channel apenas pelo valor de produção empregado no registro das locações grandiosas.
O restante do show, no fim das contas, é por conta de Clooney e Roberts. Sempre saudado por seu charme e seu estilo suave e relaxado de comédia, o ator mostra aqui uma habilidade insuspeita de operar as viradas mais sombrias da trama com autenticidade, mas sem deixar cair o tom alegre que domina o filme. Já Roberts retorna para as comédias românticas como quem nunca as deixou, ainda excepcionalmente afinada à mistura de senso de humor pastelão e pura sinceridade emocional que é necessária para que o gênero funcione.
Clooney e Roberts são brilhantes juntos, e ainda bem, porque 'Ingresso Para o Paraíso' não é brilhante em mais nada. O roteiro levanta emoções primárias, ainda que eficientes em tocar aquela corda sempre retesada do nosso coração que diz respeito às relações familiares. A exploração desses dilemas, no entanto, é tímida, incompleta no sentido que o filme parece não querer se complicar demais e acabar perdendo a magia dos momentos em que Clooney e Roberts estão trocando farpas em ritmo perfeito, completando sentenças atrapalhadas um do outro, ou se olhando profundamente nos olhos e abrindo sorrisos deliciosamente cúmplices.
Eles funcionam, e 'Ingresso Para o Paraíso' sabe muito bem disso e o resto do filme é só uma desculpa para que possamos assisti-los.