Comerciantes dormem em bancas para evitar vandalismo
Um dos comerciantes disse ter passado o final de semana na banca; 'Estou morando aqui', diz outro
Publicado: 11/09/2023, 10:22
“Passei o final de semana morando aqui”. A fala – em tom de desabafo – é do comerciante Franrossi Mendonça, que se vê dormindo em uma banca situada na Praça Rui Barbosa, na região central de Curitiba, para evitar que o local seja arrombado e roubado. À Banda B, Franrossi e Oziel Carlos disseram estar vivenciando episódios de insegurança e medo nos últimos dias.
“De sábado para domingo, às 4h da madrugada, tocou meu telefone e eram os vigilantes dizendo que tinham estourado o vidro da minha banca”, relembrou Franrossi, que lamenta a onda de crimes na região e não vê outra saída a não ser comportar em um colchão em um espaço que não ultrapassa os 18 m².
O comerciante disse ter passado o final de semana dentro da banca. A rotina tem sido a mesma: trabalhar até 21h, fechá-la e observar as horas passarem até que o dia amanheça. O medo, diz ele, é a única companhia. No último episódio, a banca de Franrossi não foi arrombada, mas vandalizada.
“A gente precisa pelo menos de um monitoramento aqui. É a nova vida e nosso suor que estão aqui dentro.”
Segundo Oziel Carlos, um colega teve a banca invadida duas vezes nos últimos dois meses. A ideia de dormir no local surge com o objetivo de não estar novamente entre as vítimas. “Infelizmente, a gente paga por segurança, mas ela não passa a noite inteira. Nos sentimos inseguros porque é o nosso bem e vivemos disso. Eu estou morando na banca”, lamentou.
Assaltos
Em março, comerciantes já reclamavam do excesso de assaltos na região central de Curitiba. Naquele mês, criminosos invadiram uma banca na Rua XV de Novembro e deixaram rastros de destruição. Nas imagens registradas por uma câmera de segurança, dois homens aparecem invadindo o local e furtando vários itens.
“Não há nenhuma segurança na nossa Rua XV de Novembro. O Centro de Curitiba está abandonado. Ninguém vem aqui ver como está a região. Se fazemos queixa, os ladrões voltam e nos ameaçam”, protestou o comerciante César Vitaca à época.
José Autenísio, que atua como comerciante na região central há mais de 30 anos, afirmou que todos os dias há pelo menos um arrombamento na área. Os crimes geralmente ocorrem durante a madrugada.
“As autoridades têm que ver essa questão com mais seriedade para termos um respaldo. Temos famílias e funcionários dependendo desses comércios”, protestou ele, que afirmou ter tido seu estabelecimento arrombado pelo menos duas vezes em apenas um mês.