Sinepe dá orientações sobre a implementação do novo Ensino Médio
Mudanças começam em 2025 e devem impactar na redução da evasão e na melhoria da formação dos estudantes, mas demandam treinamento e atenção
Publicado: 28/01/2025, 15:40
A partir do início do próximo ano, fica obrigatória a implementação completa do novo ensino médio nas escolas públicas e particulares do país. Entre as mudanças, estão previstas a ampliação da carga horária e uma flexibilização do currículo, com o objetivo de formar cidadãos prontos para os desafios do futuro. Mas como as escolas podem aproveitar e promover essas mudanças da melhor maneira?
Para o professor Jacir José Venturi, ex-presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) e conselheiro da instituição, há necessidade de sensibilização e preparação total por parte das escolas para que as medidas atinjam o resultado desejado.
“Precisamos de muito treinamento em todo o ecossistema da escola, além de alguma reconfiguração física dos espaços e do material didático”, acredita. “E não se pode esquecer da uma intensa vigilância do Ministério da Educação (MEC) e das Secretarias Estaduais de Educação”, completa.
Do contrário, alerta o especialista, corre-se o risco de que seja um “dejá-vu do antigo ensino médio, com componentes curriculares desmotivantes e extemporâneos”, comenta. As alterações propostas pelo Governo Federal visam ainda reduzir a evasão dos estudantes que, segundo o último Censo Escolar, chega a 5,9% no ensino médio — etapa da educação básica com a maior taxa de abandono. A implementação deve começar no ano que vem para alunos da primeira série. Em 2026, as regras começarão a valer para a segunda série e, em 2027, para a terceira.
FORMATO - A carga horária dos estudantes vai passar a ser de, pelo menos, três mil horas distribuídas entre os três anos do ensino médio. Deste número, 2,4 mil horas serão destinadas às disciplinas tradicionais, contra as 1,8 mil do modelo antigo. As demais 600 horas serão livres para que os alunos escolham como seus itinerários formativos: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Linguagens.
Venturi classifica a ampliação da carga horária como um grande avanço, uma vez que anteriormente havia baixos resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e altas taxas de evasão. “Ademais, houve aprendizado insuficiente e péssimo desempenho em todos os comparativos internacionais”, opina.
Entre os conteúdos curriculares obrigatórios, ficam Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Artes, Educação Física, Biologia, Física, Química, Filosofia, Geografia, História e Sociologia. Bem como o ensino de Língua Inglesa. Na rede pública, cada unidade de ensino precisará ter, pelo menos, dois itinerários formativos. Já os colégios particulares terão liberdade para formatar os itinerários.
No ensino técnico e profissional, a carga horária mínima será de 2,1 mil horas para a formação geral básica e 900 horas destinadas ao itinerário com ênfase no ensino de uma profissão. Se necessário, a reforma permitirá que até 300 horas das disciplinas tradicionais possam ser aproveitadas para o ensino profissionalizante.
EVASÃO ESCOLAR - Hoje, de acordo com o conselheiro do Sinepe/PR, a Formação Técnica e Profissional é um dos maiores gargalos da educação brasileira. “Diplomamos um contingente de técnicos muito inferior às nossas necessidades e em comparação à média dos países desenvolvidos”, salienta.
Os cursos técnicos, lembra Venturi, têm o mérito de reduzir a evasão e a reprovação, especialmente quando as ofertas de vagas são condizentes com as demandas regionais por profissionais. “Eles são uma mola propulsora que dá tração à aplicação prática dos conhecimentos teóricos ministrados, além de oportunizar a monetização em virtude do ingresso no mercado de trabalho”, justifica.
Com informações da Assessoria de imprensa.