'Sugar baby' diz que não se casaria com um pobre
Natural de Salvador, na Bahia, Julia Dias contou ao g1 que teve uma infância marcada por dificuldades financeiras, fato que fez a coach enxergar o amor de forma diferente; ela é noiva de sugar daddy sul-coreano que conheceu pela internet
Publicado: 01/12/2023, 09:58
Julia Dias, de 30 anos, não tem pudor em falar que só quer se relacionar com homens ricos. "Quando eu era mais nova, observava as amigas da minha mãe reclamando de aluguel atrasado ou que não tinham dinheiro para algo. Para mim, o problema dessas mulheres era a falta de dinheiro. Foi algo bem enfatizado na minha vida. Eu sabia que as minhas maiores oportunidades de crescimento seria estudar e trabalhar, que é o que todo mundo acredita que funciona, ou me relacionar com um homem rico, que é o que realmente funciona."
"Eu não posso me relacionar com um homem pobre. Eu vou acabar com a minha vida se eu me relacionar com um cara que não tem dinheiro".
A coach de relacionamentos é de Salvador, na Bahia, e conta que uma das suas principais motivações para entrar no mundo sugar foi ter tido dificuldades financeiras na infância. Ela conheceu seu primeiro daddy aos 19 anos.
"Estava andando no shopping, antes de ir para a faculdade, quando vi um homem sentado na praça de alimentação. Passei por ele, trocamos olhares e começamos a conversar. Ele era australiano e tinha 53 anos na época. Ele me falou que queria uma sugar baby. Nunca tinha ouvido o termo na vida, isso em 2013. Ele ia ficar em Salvador por uns meses e depois voltaria para a Austrália."
"Eu já me interessava por homens mais velhos e queria um homem que fosse provedor, então isso foi um divisor de águas para mim. Foi com ele que eu entrei nas lojas que sonhava em entrar", completa.
"Imagina você fazer uma viagem romântica na fila da classe econômica, comendo uma marmitinha horrível, em um voo lotado. Não dá. Chegar no lugar e ainda ter que dividir o quarto em um hostel com um monte de gente, passando pelas melhores vitrines do mundo sem ter condições de comprar nada. Quem quer essa vida?"
Apesar de reforçar que quer um homem rico, para Julia um sugar daddy é também um mentor. "Ele me fez perceber que, se eu quisesse realmente mudar a minha vida como um todo, teria que ouvir uma pessoa que já venceu na vida para me guiar. Estava encantada com aquele homem, que era o mais próximo dos príncipes que eu via fazendo coisas por princesas." Os dois tiveram um relacionamento por 8 meses.
Relacionamento sugar é exploração sexual? - Para Isabela de Castro, presidente da Comissão Permanente da Mulher e advogada da OAB-SP, não é o caso.
"Dei uma olhada em todos os sites de relacionamento sugar, não cheguei a me cadastrar, mas eles sempre deixam tudo muito explícito. Não podemos falar de exploração sexual, ali fica bem claro que cada um é livre para fazer o que quiser com o seu corpo. Nesse sentido, os relacionamentos pessoais dizem respeito ao casal", explica.
"O que foi combinado entre eles, fica entre eles. O que acho importante é pontuar como vamos encarar juridicamente esses relacionamentos. Se, por acaso, encerrar o relacionamento, como as partes vão seguir, se existe um contrato sobre o direito que cada um tem, sobre aquilo que eles compartilham e como vai ser dividido."
"Mesmo se você for falar em questão de prostituição, a prostituição em si não é crime no Brasil. É legal. Então, se a pessoa quiser vender o seu corpo ou qualquer outra questão relacionada a isso, ela está livre para fazê-lo. E outra coisa: em qualquer outro aplicativo de relacionamento existe isso, não somente no universo sugar", completa Isabela.
Informações: g1