Em Gaza, faltam sacos para cadáveres e 1 milhão saíram de casa
Informações são de agência da ONU voltada para palestinos. Civis na Faixa de Gaza sofrem após ataque do grupo extremista Hamas
Publicado: 16/10/2023, 07:24
O comissário-geral Philippe Lazzarini, da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), afirmou em comunicado à imprensa que o órgão da ONU já não dá conta de prestar ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Nas palavras dele, a região está “estrangulada”.
“Gaza está sendo estrangulada e parece que o mundo neste momento perdeu a sua humanidade”, apelou Lazzarini, enquanto informava a falta de água e eletricidade na região. “Em breve, acredito, com isso também não haverá comida nem remédios”, continuou.
A Faixa de Gaza tem sido bombardeada por Israel desde que o grupo extremista Hamas promoveu ataques em território israelense, matando milhares de pessoas. Foi o maior massacre contra judeus e israelenses nos últimos 50 anos.
De acordo com Lazzarini, nos últimos oito dias não entrou água, trigo ou combustível no território de Gaza, pelo menos oficialmente. “A minha equipe, que se mudou para Rafah [passagem entre Gaza e o Egito e que permanece fechada por causa de bombardeios] para sustentar as operações na sequência do ultimato israelita, trabalha no mesmo edifício que milhares de pessoas deslocadas desesperadas que racionam também a sua comida e água”, contou.
O oficial afirmou que a Unrwa perdeu 14 funcionários, entre professores, engenheiros, guardas e psicólogos, um engenheiro e um ginecologista. E que os atuais trabalhadores da agência, cerca de 13 mil, estão fora de casa e foram para o sul da Faixa de Gaza. “Na verdade, uma catástrofe humanitária sem precedentes está a desenrolar-se sob os nossos olhos”, disse ele.
“Milhares de pessoas foram mortas, incluindo crianças e mulheres. Gaza está prestes a ficar sem sacos para cadáveres“, apontou Lazzarini. “Pelo menos 1 milhão de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas só numa semana. Um rio de pessoas continua a fluir para o sul. Nenhum lugar é seguro em Gaza”, continuou.
O pedido de Lazzarini é que Israel autorize a entrada de ajuda humanitária para os civis da Faixa de Gaza. “As guerras, todas as guerras, mesmo esta guerra, têm leis”, de acordo com o comissário. “Portanto, antes que seja tarde demais, o cerco deve ser levantado e as agências humanitárias devem ser capazes de trazer com segurança suprimentos essenciais, como combustível, água, alimentos e medicamentos. E precisamos disso agora”, concluiu.
De Gaza, Hamas segue atacando Israel
As Forças de Defesa de Israel seguem atrás de líderes e integrantes do Hamas, grupo extremista que promoveu um massacre contra israelenses. “Vários comandantes sêniores do Hamas e da Jihad Islâmica Palesta e grandes porções dos seus quartéis-generais, infraestruturas terroristas, aparelhos de inteligência e símbolos do seu governo foram mortos ou destruídos”, apontou o jornal The Jerusalem Post.
O problema é que o Hamas segue disparando foguetes em direção a Israel, diariamente.
De acordo com análise do The Jerusalem, o Hamas pode só ter usado um terço do seu arsenal de foguetes. Ou seja, os ataques tendem a continuar a longo prazo.
O jornal lembra que, em 2014, o Hamas disparou foguetes contra Israel durante 50 dias. “O uso concentrado e intencional dos seus foguetes desde 7 de outubro mostra que está muito mais avançado em foguetes agora do que naquela época. Tudo isto significa que o Hamas também não está nem perto do colapso”, entende o site.
Sem cessar-fogo ou abertura de Rafah
Apesar da esperança de abertura da passagem de Rafah e do cessar-fogo temporário entre Israel e o grupo extremista Hamas, ambos os lados negam tais informações. A abertura de Rafah, que liga o Egito a Gaza, poderia ser usada tanto para que alimentos e materiais de primeira necessidade entrassem em território palestino quanto para que civis saíssem do cenário de guerra.
Um acordo estaria sendo acertado para essa abertura, por parte do governo egípcio, com um cessar-fogo. A passagem em si, como é controlada pelo Egito, em tese sempre estaria aberta, mas os bombardeios aéreos fazem com que a saída esteja inoperante pelo lado de Gaza.