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Coluna MSN: Guardar livros

“Você tem um lugar para livros em sua casa?”

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Da Redação

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1.

Venho de uma família sem livros e acidentalmente comecei a ler de forma sistemática, em 1980, quando entrei para o Colégio Agrícola, como interno. Mas só pude comprar livros quando, a partir de 1983, passei a trabalhar na roça. Os meus primeiros exemplares foram pagos com o dinheiro ganho como trabalhador avulso nas lavouras.

2.

Nunca contei os livros de minha biblioteca, que já sofreu muitas baixas quando me mudei para apartamentos pequenos. E, periodicamente, doo para projetos de leituras títulos que não estão no meu campo de interesse. 

Contabilizo minha biblioteca por prateleiras - hoje tenho 128 prateleiras, que estão organizadas por uma técnica transversal. Só há dois núcleos em minha biblioteca. Livros de autores da língua portuguesa e livros de autores dos demais idiomas. Estão ordenados pela primeira letra do sobrenome, sem critérios rígidos e com algumas ironias. Por exemplo: BORGES, Jorge Luis está ao lado de BUKOWSKI, Charles.

3.

Toda biblioteca é uma ruína. Os livros que faltam em minha biblioteca talvez sejam mais importantes do que os que a compõem.

4.

Quando minha biblioteca está desorganizada é porque estou com depressão. Recentemente, ela passou por uma longa desordem depressiva. Neste período, eu mal conseguia tomar nota nos meus diários. Depois que organizei as prateleiras, voltou a vontade de escrever.  

5.

E escrevo mesmo enquanto leio. Os livros lidos têm anotações a lápis e trazem a data em que concluí o percurso. São verdadeiras fichas, prontos para eu escrever sobre eles se for necessário.

6.

Com as novas tecnologias de lives e transmissões a partir das residências, a biblioteca pessoal está ganhando alguma visibilidade, mesmo quando são fundos falsos. Talvez estas formas de comunicação tenham influenciado mais na decoração das casas. Vejo bibliotecas às costas de alguns comentaristas de televisão que são meramente decorativas, com títulos combinando com cartazes e objetos. 

7.

A verdadeira biblioteca é interior e tem que se deixar ver naquilo que dizemos ou escrevemos.

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://pt-br.facebook.com/miguelsanchesneto/; no Twitter: @miguelsanchesnt

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