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Coluna MSN: Quem tem medo de cotas?

“Temos que defender a verdadeira meritocracia”

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Da Redação

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Ontem (21 de março) foi o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Desde os anos 1970, quando fui criança, acompanhei grandes avanços e alguns recuos nesta pauta tão urgente. Em um ato corajoso, o apresentador Chacrinha denunciava na sua época que as câmeras dos programas de auditório não podiam focar a plateia para não se correr o risco de revelar pessoas negras e pardas, porque queríamos vender a imagem de uma pátria branca. Este branqueamento midiático perdurou por muito tempo e nossas referências, com raras exceções, foram artistas e apresentadores brancos. Hoje, mesmo que de forma tardia, contamos com uma representatividade negra muito bem vinda em alguns de nossos canais de televisão, no cinema e nas propagandas.

Mas talvez a ação mais efetiva que se tenha feito como política pública seja instituir as cotas raciais nas universidades. A UEPG foi pioneira e, depois da última reformulação dos critérios, temos um dos sistemas de ingresso mais progressistas do Brasil. A metade de nossas vagas são para estudantes da escola pública, 10% delas para negros de escola pública e mais 5% para negros de qualquer percurso. Nos amplos debates que fizemos e continuamos fazendo, alguns dados são importantes. O principal deles: em torno de 80% das matrículas do ensino médio no Paraná estão nas escolas públicas. Se o governo investe tanto neste nível, nossas universidades estaduais devem ter entradas específicas. Então, nada mais justo do que garantir que 50% das vagas sejam deste imenso contingente estudantil.

Temos uma dívida histórica com a população negra, que enfim começou a chegar aos cursos mais concorridos. Segundo os dados de 2021, 57% dos brasileiros se autodeclararam negros ou pardos, o que por si só justifica que na UEPG eles tenham 15% de nossas vagas.

As cotas são o único programa realmente meritocrático, pois meritocracia é avaliar os que tiveram as mesmas oportunidades e sofreram a mesma opressão social dentro de seu próprio grupo.

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://pt-br.facebook.com/miguelsanchesneto/; no Twitter: @miguelsanchesnt

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