Coluna MSN: Ajude a salvar os yanomami

Por: Miguel Sanches Neto

A situação de abandono dos Yanomami despertou todo tipo de remorso entre os seres humanos que ainda têm alguma humanidade. Gostaríamos de ter feito algo por eles. Queremos fazer algo por eles! E eles merecem toda a nossa atenção e o nosso respeito. Mas fazer o quê? Doações? Denúncias nas redes sociais?  - duas ações válidas. Pensei mesmo, no torvelinho das emoções, em visitar Roraima, durante minhas curtas férias, para ajudar de alguma forma efetiva no resgate.

Depois pensei que, para preservar a Amazônia e seus povos originários, nós que estamos tão longe dela, precisamos olhar ao nosso redor com mais cuidado. Se quero salvar a selva amazônica, começo a cuidar das árvores do meu bairro ou a plantar espécies nativas em alguma área que me pertença ou que esteja sob os meus cuidados. Se quero retardar o aquecimento global, faço escolhas mais corretas de energia. Se sofro com o descaso humanitário que historicamente dizimou os povos indígenas, trato de forma acolhedora todas as minorias. 

O alvo distante de nossas comoções têm que produzir um efeito sobre algo que está ao nosso alcance. Pois só podemos modificar o planeta ou a política se produzirmos em nós mesmos alguma alteração de postura. Este efeito em pequena escala é que pode produzir uma guinada em todas as questões de sobrevivência no e do planeta. Como, por exemplo, colocar os indígenas no centro da cidadania brasileira, no centro de nossas atenções.

No vestibular de 2023 da Universidade Estadual de Ponta Grossa, foi indicada, pela primeira vez, a leitura de uma obra de autoria indígena, os poemas de Marcia Wayna Kambeba, da etnia Omágua/Kambeba, que compõem o seu livro Ay Kakyri Tama: Eu Moro na Cidade. Os pesquisadores de nossa Universidade demonstram assim um compromisso com todos os povos originários, em um exemplo desta militância silenciosa e pragmática. Estamos também ajudando a salvar os Yanomami.