Mourão faz pronunciamento e bolsonaristas se revoltam
Mourão fez críticas as “lideranças” que, por meio do “silêncio” e do “protagonismo inoportuno e deletério”, contribuíram para um “clima de caos”. Bolsonariastas conservadores viram discurso como uma crítica velada a Jair Bolsonaro e protagonizaram cenas de violência
Publicado: 01/01/2023, 08:28
Em pronunciamento em rede de rádio e TV na noite deste sábado (31/12), o então presidente em exercício do Brasil e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos), fez críticas as “lideranças” que, por meio do “silêncio” e do “protagonismo inoportuno e deletério”, contribuíram para um “clima de caos”.
“Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e desagregação social e, de forma irresponsável, deixaram com que as Forças Armadas, de todos os brasileiros, pagassem a conta, para alguns por inação e por outros por fomentar um pretenso golpe”, disse o general da reserva em rede nacional.
Segundo o vice-presidente, a democracia brasileira foi “vilipendiada e sabotada por representantes dos três Poderes da República pouco identificados com o desafio da promoção do bem comum”. Ele creditou a isso a “falta de confiança, de parcelas significativas da sociedade, nas principais instituições públicas”.
No pronunciamento, Mourão também defendeu o governo do qual fez parte e falou sobre a importância da alternância de poder, mas disse que haverá oposição ao governo que entra. “Trabalhamos e entregaremos ao próximo governo um país equilibrado, livre de práticas sistemáticas de corrupção, em ascensão econômica e com as contas públicas equilibradas, projetando o Brasil como uma das economias mais prósperas e com resultados mais significativos pós-pandemia, no concerto das nações”, disse ele.
Sobre o governo Lula, também sem citar o presidente que será empossado neste domingo (1º/1), Mourão disse que “a alternância do poder em uma democracia é saudável e deve ser preservada. Aos eleitos, cumpre o dever de dar continuidade aos projetos iniciados e direcionar seus esforços para que, à luz de suas propostas, o país tenha assegurada uma democracia pujante e plural, em um ambiente seguro e socialmente justo”.
“Aos que farão oposição ao governo que entra”, continuou Mourão, “cumprirá a missão de opor-se a desmandos, desvios de conduta e a toda e qualquer tentativa de abandono do perfil democrático e plural, duramente conquistado por todos os cidadãos. Buscando-se a redução das desigualdades por meio da educação isenta e eficaz, criando oportunidades iguais a todos os brasileiros”.
Revoltados com Mourão, bolsonaristas tentam invadir casas de generais
Bolsonaristas que estavam no Quartel-General do Exército de Brasília neste sábado (31/12) protagonizaram mais cenas de violência após o discurso do general Mourão. O discurso foi interpretado por conservadores que insistem em um golpe militar como uma crítica velada a Jair Bolsonaro (PL). Segundo eles, o pronunciamento ainda simbolizou uma “desistência”, já que Mourão chegou a chamar a alternância de poder de “saudável”. Em reação à fala, os bolsonaristas que acompanharam a fala saíram do ponto de concentração no QG e foram em bando para casas de generais, naquela área militar.
A tropa de choque do Exército precisou ser acionada. Em vídeos compartilhados nas redes, manifestantes se dividiram entre quem apoiava e quem hostilizava membros das Forças Armadas no local.
Em outra gravação, os bolsonaristas reclamam da atuação dos militares. “Nós não somos ladrões, não!”, disse uma mulher. O grupo ainda provoca os homens do quartel gritando em coro “atira”. Um outro bolsonarista ainda diz que os militares estão fazendo “serviço de bandido”.
Ao Metrópoles a Polícia Militar do DF falou que não foi acionada para a ocorrência. O Exército não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.
Clima tenso
Mais cedo, a manifestação bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército de Brasília tomou ares de clima de guerra. O bando chegou a partir para a agressão física contra um homem apontado por eles como “infiltrado”.
Apoiadores de Jair Bolsonaro ostentavam pedaços de paus, bandeiras com mastros de ferro e punhos cerrados enquanto andavam pela área do QG. No carro de som, discursos de violência. “Se ele [Lula] tentar subir a rampa, eu mato ele! Ele e o ‘Xandão’.
As informações são do Metropoles