Estudo prepara ações para potencializar produtos da região
Sebrae/PR vai auxiliar na elaboração de um plano de ação e atuação para posicionar produtos com IG E, como o mel de Ortigueira e a cracóvia de Prudentópolis
Publicado: 11/06/2024, 15:24
Com o objetivo de entender o cenário para os alimentos de origem Paraná, que são aqueles que possuem características únicas, seja pela qualidade, história ou métodos de produção, o Sebrae/PR está elaborando um estudo visando aumentar a comercialização de produtos como a cracóvia e o mel de Prudentópolis, que estão em busca do registro de Indicação Geográfica (IG), e o mel de Ortigueira, que já obteve o registro de IG, na modalidade Denominação de Origem (DO).
O trabalho já envolveu etapa de testes às cegas com consumidores e com pontos de venda nas cidades de Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo. Na fase atual, conforme explica a consultora do Sebrae/PR, Mariana Santana Scheibel, os produtos foram levados ao conhecimento de chefs de cozinha e influenciadores gastronômicos para a coleta de informações, colaboração e aplicação em pratos.
“As informações obtidas, por meio de metodologia específica, farão parte da versão final do estudo, que será apresentado aos produtores até o final de agosto de 2024, e permitirá orientar o plano de ação e atuação no mercado com maior efetividade, agregando mais valor aos produtos”, explica a consultora.
Um dos participantes foi o cozinheiro e jornalista gastronômico, Sérgio Medeiros, que elaborou um ragu, um patê e um sanduíche, utilizando a cracóvia de Prudentópolis. Segundo ele, que já deu aulas de charcutaria, a cracóvia é um produto interessante para a utilização em pratos, por ser levemente defumada e por se tratar de um embutido magro.
“Minha ideia, enquanto chef e produtor de conteúdo gastronômico, é fazer a ponte entre os chefs de cozinha e produtores, para que esses produtos sejam utilizados na alta gastronomia, por exemplo, pois há muito espaço, ajudando, desta forma, a potencializar a identidade gastronômica do Paraná”, comenta.
Para o empresário e apicultor Henrique Márcio Kutz, de Ortigueira, o estudo é fundamental para entender o mercado e para que o mel seja mais valorizado. Atualmente, Kutz vende seu produto no atacado apenas para uma empresa, que revende nos mercados interno e externo.
Produtora de cracóvia há 30 anos, em Prudentópolis, Teresinha Dobrovolski Antonio tem uma produção semanal de aproximadamente 120 quilos de cracóvia e atende a diversos estabelecimentos comerciais do município e a restaurantes que beiram rodovias. Para ela, o produto de tornou a “menina dos olhos” e se destaca pelo sabor diferenciado.
“Entrei nesse projeto de busca pela IG sempre com a esperança que daria certo. Acredito que o registro vai ajudar a valorizar o produto e chamar mais atenção para a nossa cidade, que é conhecida pelos atrativos turísticos naturais. Saber que a Cracóvia pode ser utilizada de diferentes formas na gastronomia é um ponto positivo, pois mais pessoas vão conhecer e, consequentemente, comprar”, avalia.
O empresário Jairo Corrent, de Prudentópolis, cidade que já foi conhecida como a capital paranaense do mel na década de 1980 e hoje é a terceira maior produtora do Estado e a primeira em número de colmeias e produção de mel de abelhas nativas, sem ferrão, afirma que o produto ainda é pouco conhecido para o público em geral, mas que há um mercado amplo para ser explorado. “O mel da abelha é um produto que tem um valor agregado maior. O trabalho de divulgar nosso mel para chefs e influenciadores gastronômicos, é importante para tornar a cidade e o produto conhecido e valorizado”, considera.
PRODUTOS DA REGIÃO - A cracóvia de Prudentópolis, na região centro do Estado, teve seu pedido de reconhecimento para Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), depositado em setembro de 2023, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O produto típico da cidade é um embutido de carne de porco nobre defumada, que teve a receita criada por um morador local, Dionizio Opuchkevitch, na década de 1960.
O mel de Prudentópolis, no centro do Estado, teve seu pedido de reconhecimento com a Indicação Geográfica (IG), na modalidade de Indicação de Procedência (IP), protocolado em agosto de 2023. A cidade produz cerca de 400 toneladas do produto por ano.
Ortigueira, na região dos Campos Gerais, por sua vez, obteve o registro de IG, na espécie de Denominação de Origem (DO), conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 1º de setembro de 2015, e conta com uma unidade de beneficiamento de mel para iniciar as atividades de processamento.
PRODUTOS COM IG NO PARANÁ - Atualmente, no Paraná, são 14 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate de São Matheus, do sul do Paraná; camomila de Mandirituba; e uvas finas de Marialva. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, mas que envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.
Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: broas de centeio de Curitiba; mel de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do Sudoeste do Paraná; cracóvia de Prudentópolis; carne de onça de Curitiba; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; e ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu.
Com informações da Assessoria de imprensa.