Unicentro de Irati discute território e cultura indígena | aRede
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Unicentro de Irati discute território e cultura indígena

O evento de extensão destaca a necessidade da participação direta dos povos indígenas que, ao longo dos tempos, tiveram suas experiências desvalorizadas e silenciadas

Para a professora Cinthia Lucia Siqueira esse tipo de contato é fundamental para a formação na área de saúde
Para a professora Cinthia Lucia Siqueira esse tipo de contato é fundamental para a formação na área de saúde -

Da Redação

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O Departamento de Fonoaudiologia promoveu, na última sexta-feira (8), uma roda de conversa sobre território, cultura e povos indígenas no Câmpus de Irati da Unicentro. O objetivo do evento foi discutir questões que envolvem as populações a partir da sua própria perspectiva e de estudiosos da área.

Durante o dia, os indígenas Felipe Coelho Iaru Ye Tacariju (do povo Tacariju), Regina Aparecida Kosi dos Santos (da etnia Kaingang) e Alexandre Kuaray de Quadros (da etnia Guarani Mbya), além da antropóloga Taisa Lewitzki, apresentaram às alunas de Fonoaudiologia diversos aspectos da vivência dos povos originários brasileiros.

“O nosso Brasil é formado por indígena. Não haveria demografia brasileira se não tivesse indígena. Então isso é muito importante para nós, transmitir um pouquinho do conhecimento que a gente tem. Eu sou Guarani, ela [Regina] é Kaingang. Duas etnias diferentes, linguagem, cultura diferente. E isso é muito bom para eles terem uma noção que aqui no Paraná também existem indígenas, porque em muitos lugares que a gente vai, muitas pessoas não sabem”, afirma Alexandre Kuaray de Quadros.

Tanto Alexandre quanto Regina Aparecida Kosi dos Santos são mestres em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Para Regina, eventos como esse são importantes para diminuir o preconceito e para possibilitar espaços de intercâmbio no ambiente acadêmico. “Desde que eu entrei na universidade, eu já vim com o intuito de ensinar os conhecimentos da comunidade indígena. Não somente aprender aquilo que o não indígena tem pra passar pra nós. Para nós, vir aqui já é algo muito importante, porque estamos repassando o nosso conhecimento para eles, para saberem um pouquinho somente, talvez um por cento, como é a cultura indígena, como é essa diferença [entre as etnias], porque no nosso país existem muitas. É isso que a gente quer que o não indígena saiba, que existem essas diferenças, mas que, em meio a essas diferenças, nós temos que ter o respeito uns pelos outros”, ressalta.

Uma das organizadoras da atividade, a professora Francieli de Ramos explica que o evento de extensão nasce das disciplinas de Saúde Coletiva em Fonoaudiologia, e destaca a necessidade da participação direta dos povos indígenas que, ao longo dos tempos, tiveram suas experiências desvalorizadas e silenciadas. “Porque é muito diferente eu, branca, falar de toda essa história, que muitas vezes não está nos livros. Então, poder ouvir a narrativa deles faz uma diferença enorme para os alunos, que vão poder experienciar todas essas discussões”, enfatiza.

Para a professora Cinthia Lucia Siqueira, outra organizadora da roda de conversa, esse tipo de contato é fundamental para a formação na área de saúde. “O quanto que conhecer essas realidades, essas diferenças, essas diversidades, esses outros modos de ser e estar no mundo, ampliam a possibilidade delas [acadêmicas] de também entrar em contato com o outro, de também poder escutar de outro lugar, de também poder entender que há outros modos de fazer saúde e de se constituir. Pensando nos povos indígenas, se a gente não ouve o que para eles é ser cuidado, como é que a gente entra em contato com essas comunidades?”, pontua a docente.

Das assessorias

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