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Região projeta maior colheita de trigo dos últimos nove anos

Com 10% do cultivar já colhido na região, clima favorece e rendimento médio por hectare para a safra de inverno está estimado em 3.980 quilos, o maior valor já registrado na série histórica

Colheita já foi iniciada nos municípios mais ao norte da regional de Ponta Grossa do Deral
Colheita já foi iniciada nos municípios mais ao norte da regional de Ponta Grossa do Deral -

Fernando Rogala

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A região dos Campos Gerais deverá ter a sua maior safra de trigo dos últimos nove anos. De acordo com o boletim da projeção de safra, elaborado mensalmente pelo Departamento de Economia Rural (Deral), divulgado nesta quinta-feira (28) pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, os 19 municípios pertencentes ao núcleo regional de Ponta Grossa do Deral deverão produzir um total de 642,7 mil toneladas nesta safra 2023. É o maior volume produzido desde a safra de 2014, quando foram retirados dos campos da região um total de 677,5 mil toneladas de trigo.

Esse valor deve ser obtido diante de uma projeção de rendimento recorde por hectare. Com os avanços dos cultivos até o presente momento, com a colheita já iniciada, conforme a avaliação dos técnicos e especialistas do Deral, a produção média está na casa de 3.980 quilos por hectare. Até o momento, desde o início da série histórica do Deral, de 2007, o melhor rendimento obtido foi o da safra de 2016, quando alcançou 3.965 quilos por hectare – no ano passado, o rendimento atingiu 3.283 kg/ha. Em relação à produção total, o valor deste ano é 13% superior ao extraído em 2022, quando o montante alcançou 570,3 mil toneladas.

O economista do núcleo regional do Deral em Ponta Grossa, Luiz Alberto Vantroba, explica que a colheita já foi iniciada nos municípios mais ao norte do núcleo, nos municípios de Ventania, Arapoti e Tibagi, além de Piraí do Sul. O status da colheita está em cerca de 10%, ou seja, cerca de 16 mil hectares já foram colhidos. “E o rendimento obtido nessas áreas está dentro da margem de erro, em torno de 3,8 mil a 4,2 mil quilos por hectare”, informou. A colheita nos municípios mais ao sul deve se intensificar dentro de dez dias, se estendendo até o dia 15 de novembro.

Até o momento, informa o especialista, o clima está favorável, o que está contribuindo para que esse rendimento recorde seja alcançado. “Até agora, o trigo está sendo beneficiado pelo clima, com pouca chuva, e a umidade está dentro dos padrões. A qualidade está superando as expectativas: uma amostra feita por uma cooperativa, de 10 mil toneladas colhidas, o PH está acima de 78, o que significa uma qualidade boa”, informa Vantroba. Neste caso, o trigo é destinado principalmente para a panificação.

PREÇOS

A safra recorde dos últimos anos contrasta com a grande retração nos preços do grão neste ano. No balcão, nesta quinta-feira (28), o preço pago pela saca de 60 quilos é de R$ 50. Há exatamente um ano, no dia 28 de setembro de 2022, esse valor era de R$ 91, com uma máxima de R$ 92 – o que significa uma redução de 45%. Contudo, a produção mais alta e a qualidade melhor deve compensar o preço mais baixo. “Vão ganhar na qualidade, porque o preço é melhor – no ano passado deu muito problema de baixo padrão, com PH 72, 73; então até hoje alguns produtores tem trigo armazenado. Quanto pior a qualidade, o preço é proporcional, então se pegar qualidade boa, vai pegar preço melhor”, conclui.

Cevada também tem safra recorde

Outra colheita recorde na região é a da cevada. Nesta safra de inverno 2023, foram plantados 31,5 mil hectares com a matéria-prima para a produção cervejeira, valor que cresceu 8% sobre os 29,2 mil hectares da safra anterior. Com um rendimento médio de 4,2 mil quilos por hectare (valor 16% superior ao de 2022), a produção projetada é de 132,5 mil toneladas. “A colheita já começou e estamos com cerca de 15% colhidos, com o rendimento na casa dos 4 mil quilos por hectare, com qualidade boa. De uma mostra de 20 mil toneladas, 15 mil foi classificada no tipo 1, que é destinado para malte”, explicou Vantroba. “E com a maltaria, a tendência é crescer”, completa o especialista, explicando que a perspectiva é de aumentar 30 mil hectares plantados nos próximos anos, somando as áreas da região com as das regionais de Irati e Curitiba.

Estimativa estadual tem retração

Em âmbito estadual, comparativamente à previsão de agosto, o trigo perdeu cerca de 10% do potencial, baixando de 4,5 milhões de toneladas para 4,16 milhões, ainda assim recorde para a cultura no Estado. “Já pode ser caracterizado como perda, mas pode reduzir ainda mais”, afirma o agrônomo Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, a principal razão é a brusone, uma doença da lavoura. A colheita atinge cerca de 60% dos 1,4 milhão de hectares. 

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