Cooperativismo do PR mantém previsão de faturar R$ 200 bi

Apesar da queda nos preços do setor do agronegócio em geral, as cooperativas paranaenses devem alcançar a meta de faturamento de R$ 200 bilhões neste ano de 2023, prevista no Plano Paraná Cooperativo 200 (PRC200). A informação foi confirmada ao Portal aRede e Jornal da Manhã pelo presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, em entrevista concedida durante o Agroleite, na última terça-feira (8). Ricken destaca que 2022 foi um ano excepcional, em que os preços estavam em alta, mas reforça que, neste ano, embora os valores tenham caído, a produção agrícola foi muito alta no Estado.

“Apesar das dificuldades, nós devemos atingir a meta dos R$ 200 bilhões. É obvio que não dá para imaginar que e teríamos um outro ano tão bom quando 2022 em termos de preço. O que tivemos em 2023 foi uma supersafra de quase 50 milhões de ton. Então os preços realmente hoje estão achatados, voltam abaixo da média que atuávamos sempre”, resumiu Ricken à redação do Jornal da Portal aRede. Isso significa que o faturamento das mais de 220 cooperativas que compõem a Ocepar deve crescer mais de 7,5% em relação a 2022, quando o total movimentado alcançou a marca de R$ 186 bilhões – desse valor, R$ 160 bilhões foram originários apenas das cooperativas agroindustriais.

Com base nos preços de balcão em Ponta Grossa, do dia 11 de agosto deste ano, na comparação com 11 de agosto de 2022, muitos produtos tiveram retrações nos preços superiores a 20%, impactando no faturamento das cooperativas agroindustriais. No caso da soja, por exemplo, que é o principal produto da região, a saca de 60 quilos, que era vendida a R$ 175, agora é comercializada por R$ 132, em uma baixa de 24,7%. Mas no caso do milho e do trigo, as retrações chegam na casa dos 40%: o milho baixou de R$ 77 para R$ 45,90; e o trigo de R$ 112 para R$ 66. No caso da pecuária, a arroba do boi em pé caiu de 300 para R$ 235 (queda de 21,6%); ao passo que a vaca em pé teve uma baixa de R$ 270 para R$ 200 (-25,9%). No caso do leite, o preço médio pago aos produtores paranaenses, no início de agosto, estava em R$ 2,68 o litro; ao passo que em agosto de 2022 estava em R$ 3,16, em queda de 15,1%. O preço dos suínos está estável.

OTIMISMO

Apesar de tudo isso, o presidente da Ocepar mantém o otimismo, especialmente diante das demandas apresentadas ao Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que também esteve presente no Agroleite. “Da mesma forma eu acho que ainda teremos resultados positivos. Ainda tem outras questões que preocupam, que levamos para o ministro, como a questão do trigo, a questão da importação do leite que temos que achar uma forma de resgatar o produto nacional”, reforçou.

Baixa nos preços já impacta o setor na região

Mesmo entre as cooperativas agroindustriais da região dos Campos Gerais, a redução nos preços, também influenciada pela queda da cotação do dólar, traz impactos. No primeiro semestre, a Capal registrou uma queda de 5% no faturamento em relação ao mesmo período em 2022 (neste ano, o total chegou a R$ 1,98 bilhão). Adilson Roberto Fuga, presidente executivo da Capal, afirmou que a cooperativa já tinha previsto essa queda de faturamento e resultado. “Com o ajuste no valor de mercado, nós temos sentido isso nos resultados e no faturamento da cooperativa. Vamos fechar esse ano com patamares menores que 2022”, prevê. No caso da Frísia, o faturamento líquido no período alcançou R$ 3,026 bilhões, número um pouco acima (0,20%) dos R$ 3,020 bilhões do igual período do ano passado.