Produção cresce e supera 3 milhões de toneladas no verão
Municípios da regional de Ponta Grossa foram os que mais colheram soja e tiveram a melhor produtividade entre as regionais do Paraná
Publicado: 15/12/2022, 15:34
A região dos Campos Gerais encerrou uma safra de verão histórica no ciclo 2021/22. Na safra que teve a maior quebra na produção de soja dos últimos 15 anos no Paraná, com a menor colheita desse grão no Estado desde o início da década passada, a regional de Ponta Grossa ampliou a produção dos três principais grãos, encerrando o ciclo com 3,11 milhões de toneladas de soja, milho e feijão retirados do campo, somadas a primeira e segunda safra. Na comparação com a safra 2020/21, quando a colheita totalizou 2,97 milhões de toneladas, o crescimento foi de 4,75%. Somente na soja, por exemplo, a região colheu mais do que o dobro do que qualquer outra das 20 regiões do Estado, conforme a divisão do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab).
No Paraná, a quebra na produção de soja foi de 39%, que caiu de 19,82 milhões de toneladas para 12,04 milhões de toneladas, após uma forte seca atingir o Estado no final de 2020, no desenvolvimento do cultivar. Nas regiões mais críticas, por exemplo em Toledo, a queda foi de 79%, ao baixar de 1,58 milhão de toneladas para 327 mil toneladas, ao fechar com uma média de 700 quilos por hectare, quase 80% abaixo do ano anterior (3,25 mil toneladas). Nos Campos Gerais, porém, essa primeira safra foi muito pouco impactada, principalmente por dois fatores, explica o economista do núcleo regional do Deral, Luiz Alberto Vantroba: a janela de plantio mais tardia do grão, que não fez a safra ser diretamente impactada pelas consequências da seca, e a estiagem não ser tão forte como foi em outras partes do estado.
“Quem plantou em setembro na região, como é o caso de quem plantou no Oeste, Norte e Sudoeste, não foi bem, porque a seca pegou a planta na formação de grão. Então quem plantou em novembro na região, se deu melhor – e a maioria planta entre outubro e novembro”, disse Vantroba. Mesmo na região, quem fez o plantio precoce foi impactado pela baixa produção, mas eles representam uma baixa parcela do total de 543,1 mil hectares plantados, em um percentual que, na média, foi sobreposto pelas altas produtividades por parte de quem plantou depois. “Houve muita diferença de produtividade; enquanto alguns colheram bem, outros nem tanto. As cooperativas fecharam acima de 4 mil quilos por hectare”, completou o economista do Deral.
Região lidera na produção de soja
Com isso, a única regional a superar a produção de 1 milhão de toneladas foi a de Ponta Grossa, que abrange 19 municípios, que alcançou um total de 2,04 milhões de toneladas do grão retiradas dos campos. Esse valor correspondeu a 17% de toda a safra paranaense, e foi alcançado após a região registrar o maior rendimento entre as regionais, de 3.769 quilos por hectare, 76% acima da média estadual de 2,1 mil quilos por hectare. Na comparação com a safra de 2020/21, quando o rendimento médio na região foi de 3.792 quilos por hectare, a redução foi de apenas 0,6%.
Além de ser a regional que mais produziu soja na primeira safra, também foi a com maior produção na segunda safra, atingindo 47,2 mil toneladas em 15,5 mil hectares, e totalizando uma colheita de soja de 2,087 milhões de toneladas no ciclo.
Municípios produzem quase 30% do feijão no Paraná
O feijão foi o cultivar com maior redução de produção na primeira safra do ciclo 2021/22. Ainda assim, a regional de Ponta Grossa foi a segunda que mais produziu o grão, tanto na primeira quanto na segunda safra. O rendimento médio na primeira safra foi de 1.411 quilos por hectare, 18% abaixo dos 1.712 da safra anterior, que já não teve um bom resultado. Como a área total plantada já tinha caído de 30,7 mil hectares para 26,8 mil hectares, a produção total foi de 37,8 mil toneladas, 28% abaixo dos 52,6 mil da safra anterior. Contudo, essa produção correspondeu a 19% do total estadual.
Já na segunda safra houve uma recuperação. Além do incremento na área, de 45,5 mil hectares para 50,9 mil hectares, o rendimento ficou próximo ao inicialmente estimado e fechou em uma média de 2.093 quilos por hectare, ou seja, 67% acima dos 1.256 da segunda safra do ciclo anterior. O resultado foi uma colheita total de 106,7 mil toneladas de feijão, quase o dobro das 57 mil toneladas do ano anterior. Somadas as duas safras, o total retirado dos 19 municípios da regional de Ponta Grossa foi de 144,5 mil toneladas, 23% a mais que as 109,7 mil toneladas da safra anterior, correspondendo a 19,13% do total colhido no Paraná, que somou 755 mil toneladas. E se somar a regional de Irati, que produziu 85,7 mil toneladas, as duas regionais correspondem a 30% do total estadual.
Produção de milho cresce 23%
A primeira safra de milho do ciclo 2021/22 nos municípios da região de Ponta Grossa foi superior à da safra anterior. No total, 694,1 mil toneladas foram colhidas nos 19 municípios, valor 15% superior às 605,6 mil toneladas do ciclo anterior. O crescimento, no entanto, não veio do aumento no rendimento da proatividade, mas sim, do aumento na área plantada, que cresceu de 68,4 mil hectares para 81,7 mil hectares (alta de 19%), o que ocasionou na redução no plantio de soja (2,4%) e de feijão (12,7%). Até porque, devido às condições climáticas, o rendimento por hectare caiu de 8,84 mil quilos por hectare para 8,4 mil quilos por hectare, bastante abaixo dos cerca de 11 mil quilos que eram esperados. A regional foi a maior produtora de milho da primeira safra, com 23% do total paranaense.
Já na segunda safra de milho, que é a maior do Estado, a região não tem bastante tradição, pela janela de plantio ser mais restritiva, devido ao clima. Ainda assim, houve um aumento na produção em relação à safra anterior, de 69%, e alcançou 187,1 mil toneladas, totalizando 881,2 mil toneladas nas duas safras. Foi um valor 23% superior ao de 20/21 e o equivalente a 5,4% do total paranaense, que foi de 16,2 milhões de toneladas (sendo 13,2 milhões apenas da segunda safra), em um raro ano em que a produção de milho superou a de soja no Estado.