Região deve colher 3,1 milhões de toneladas na 1ª safra de verão
Clima chuvoso atrasa o desenvolvimento do feijão e do milho, e retarda o plantio da soja nos Campos Gerais
Publicado: 14/10/2022, 18:49
O excesso de chuvas, nas últimas semanas, já traz impactos no plantio e na evolução dos cultivos da safra de verão 2022/2023 na região dos Campos Gerais. O feijão de primeira safra, que deveria estar quase todo plantado, está, no momento, com 80% cultivado. A soja, que tem como janela ideal de plantio na região o prazo de 15 de outubro a 15 de novembro, irá demorar um tempo a mais para ser plantada, pois mais de 80% do trigo sequer foi colhido. E tudo o que foi plantado, inclusive o milho, está com desenvolvimento abaixo do esperado, pela falta de sol, pelas baixas temperaturas e excesso de umidade. Ainda assim, a perspectiva é de que, apenas na primeira safra de verão, sejam colhidos 3,1 milhões de toneladas de grãos nos municípios da região, entre soja, milho e feijão.
Para esta safra, a perspectiva é de que uma área de 548 mil hectares seja ocupada com soja nos municípios dos Campos Gerais, o que corresponde a um aumento de quase 1% na área, na comparação com a safra anterior, quando ocupou 543,1 mil hectares. Com a perspectiva de um incremento no rendimento por hectare, de 3.769 quilos para 4 mil quilos por hectare, o total colhido nos municípios da regional do Deral está estimado em 2,19 milhões de toneladas, ou seja, 7,1% acima do montante de 2,04 milhões de toneladas obtidas na safra 2021/22. Caso venha a ser confirmada, essa produção será a segunda maior da história nos Campos Gerais, atrás apenas da safra 2019/20, quando o total foi de 2,24 milhões de toneladas.
No momento, cerca de 10% da soja está plantada na região, nos municípios ao Norte dos Campos Gerais. São áreas de cultivo precoce, para serem colhidas e terem uma segunda safra de milho – como acontece no Norte e Oeste do Paraná. Neste dia 15 de outubro é quando começa o ‘grosso’ do plantio de soja, por ser quando inicia o período mais propício, mas com o solo molhado e a previsão de chuvas até a próxima quarta-feira, o plantio deve ter intensificado só depois do dia 20. Contudo, para muitos produtores, há a necessidade de colher o trigo e a cevada, que precisam estar 100% secas para serem retirados do campo, para somente depois entrar a soja. “O problema é que pode ser que concentre o plantio, não conseguindo escalonar. As grandes propriedades vão ter que tocar direto, não tendo o intervalo de suspensão de plantio”, explica Luiz Alberto Vantroba, economista do Núcleo Regional do Departamento de Economia Rural (Deral) em Ponta Grossa.
MILHO
O aumento no plantio de soja deve refletir na redução do plantio do milho, de 81,7 mil hectares para 78,5 mil hectares, o que equivale a uma baixa de 3,94%. A produção estimada, porém, diante da perspectiva de rendimento recorde, de 11 mil quilos por hectare, deve crescer de 694 mil toneladas para 863 mil toneladas (alta de 24,45%). Hoje, 97% da área estimada de milho está plantada. “O plantio comercial começa dia 20 de agosto, porque grande parte da área é utilizada depois para plantar feijão depois”, explica Vantroba. “Teve ataques de cigarrinha, mas hoje a praga já está sob controle. O problema é o mesmo da soja e do feijão: o desenvolvimento está menor, se comparado com outros anos, devido aos dias nublados, excesso de umidade e temperatura amena”, completa.
FEIJÃO
Da mesma forma, o plantio previsto de feijão também deve cair, de 26,8 mil hectares para 24,5 mil hectares. Porém, como o rendimento esperado é de 2,3 mil quilos por hectare (alta de 63%), a produção esperada é de 56,3 mil toneladas (contra 37,8 mil toneladas da safra anterior). “O plantio do feijão está atrasado, deveria estar quase concluído, com 95%, mas estamos com 80%. Com as chuvas, os produtores não podem entrar com as máquinas. E o pessoal tem pressa, porque em cima desse feijão, vai a soja de segunda safra”, conclui Vantroba.