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Combate ao crack esbarra em falta de verba federal

Fechado no auge da crise financeira, hipermercado vira abrigo para usuários de crack e preocupa comerciantes

Usuários de crack migram do Mercado Municipal para o antigo Big
Usuários de crack migram do Mercado Municipal para o antigo Big -

Stiven de Souza

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Comerciantes da região central de Ponta Grossa estão inseguros com o uso de drogas, principalmente do crack, em imóveis abandonados da cidade. A abertura de novos ‘mocós’ bem no Centro da cidade foi evidenciada na última semana, quando o Corpo de Bombeiros precisou apagar incêndios em dois imóveis, ambos próximos à Praça Duque de Caxias. 

Nos dois casos, as suspeitas é que o fogo tenha sido causado por usuários de drogas que frequentam os locais. A situação que mais preocupa é a do antigo Hipermercado Big, fechado no auge da crise econômica nacional em 2015. Apesar do fechamento da loja, com a demissão de mais de 200 funcionários, a multinacional Wallmart manteve o prédio na cidade com o propósito de fazer um armazém. 

No entanto, empresários e moradores das proximidades relatam que o prédio está totalmente abandonado e que, com o início das obras no antigo Mercado Municipal, usuários de drogas migraram para o imóvel. Na tarde desta quinta-feira (23), a reportagem do Jornal da Manhã e portal aRede conversou com alguns dos comerciantes. “Agora mesmo, mais de dez pessoas entraram lá para consumir drogas”, contou o funcionário de um posto que preferiu não se identificar. 

A equipe do JM e aRede foi verificar a situação e, logo na entrada do antigo mercado, foi abordada por um dos suspeitos. Sob ameaça, o fotógrafo foi impedido de fotografar o cenário. Mas os próprios usuários confirmaram o abandono do lugar, que está abarrotado de lixo. 

O problema não é isolado e se repete em imóveis comerciais abandonados por causa da crise econômica. Para enfrentar a proliferação dos mocós, a Prefeitura de Ponta Grossa tem atuado tanto na repressão, através da Secretaria Municipal de Cidadania e Segurança Pública (SMCSP), quanto nas tentativas de tratamento de dependentes químicos pela Assistência Social. Mas nas duas frentes de trabalho, o município enfrenta o mesmo obstáculo: a falta de recursos. 

Em 2014, Ponta Grossa teve projetos aprovados no programa da Ministério da Justiça ‘Crack, É Possível Vencer’. No ano seguinte, a União chegou a repassar à Prefeitura R$ 1,5 milhão em equipamentos como a base de monitoramento móvel, duas viaturas, duas motos, 50 pistolas de choque, entre outros. Mas esta foi a última transferência. “Além desses aparelhos, o convênio previa a entrega de 20 câmeras de monitoramento. Entretanto, embora a SMCSP tenha cumprido com todas as solicitações do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Segurança Pública junto ao programa, o material ainda não foi enviado pelo Governo Federal”, informou a Prefeitura.

A reportagem do JM e do portal aRede fez contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça para saber sobre o andamento do programa, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta. 

Mais de 4 mil passam pelo CAPS

A Secretaria Municipal de Assistência Social de Ponta Grossa também possui projetos com verbas travadas no Governo Federal. Atualmente, os dependentes químicos são atendidos em horário comercial em uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), no bairro Órfãos. De acordo com a secretaria, só neste ano, 4.337 pacientes passaram pelo CAPS e, no mês de outubro, foram 228 acompanhamentos. Para dar conta da demanda, a Prefeitura projeta a construção de um CAPS 24 horas na região de Uvaranas, que teve as obras iniciadas, além da instalação de unidades de acolhimentos de mulheres e crianças. “No entanto , os projetos foram encaminhados ao Governo Federal, mas até o momento não recebemos o recurso, que é o incentivo financeiro para a implantação do serviço. Os projetos estão para análise, enquanto isso estamos fazendo a construção do prédio”, afirma a coordenadora do CAPS-AD, Ana Paula Ohata. 

Imóveis ociosos e sem conservação podem ser demolidos

Os proprietários de imóveis abandonados em Ponta Grossa podem ser multados ou ter o imóvel demolido pela Prefeitura. Segundo o Departamento de Urbanismo do município, a população deve denunciar os casos para que as providências possam ser tomadas. Após a denúncia, o município inicia um processo de vistoria que pode resultar na interdição ou mesmo a demolição. Prevista em lei, a medida vale tanto para imóveis usados para fins ilícitos quanto para casas em má conservação. “Após o relato, que pode ser feito tanto através de Protocolo na Praça de Atendimento ou pelo sistema 156, fiscais da Secretaria de Planejamento vão até o local para averiguar a situação”, explica o departamento. Caso seja verificada a situação de abandono, o proprietário é notificado para regularizar a situação e, se isso não for feito, fica passível de multa, interdição ou demolição. A reportagem do Jornal da Manhã tentou contato com o Wallmart, que seria responsável pelo prédio do antigo Big, mas não obteve sucesso.

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